Fiquei grávida durante a pandemia... e agora?!
Se a pandemia no novo coronavírus gera diversos sentimentos – como ansiedade e dúvidas – em toda a população, imagina para as futuras mamães, que se descobriram grávidas durante esse período e precisam garantir a própria saúde e também a do bebê.
Entre as diversas dúvidas que as gestantes enfrentam, está a alimentação: Como se alimentar bem? O que devo comer para ter um bebê saudável? E durante a amamentação, quais alimentos são recomendados?
“Não existe alimento, nutriente ou vitamina que sejam milagrosos que previnam ou curem a COVID-19, mas é possível (e necessário) fortalecer o sistema imunológico para que o corpo consiga se defender da melhor forma possível”, reforça Thais Frizzi, supervisora de Nutrição da Rede D’Or São Luiz.
Durante a gestação, a futura mamãe deve se conscientizar de que a alimentação balanceada traz inúmeros benefícios, inclusive para o bebê, além de ajudar a evitar o ganho exagerado de peso que pode evoluir para obesidade e até diabetes. A alimentação deve ser rica em cereais integrais, verduras, legumes, frutas, leite e derivados. Também são recomendados peixes e carne magra, como peru e frango, porém evitando frituras e alimentos congelados ou processados. E até complementar com alguma vitamina, mas sob rigoroso acompanhamento médico.
Na segurança do lar, mas com responsabilidade alimentar.
A pandemia, de certa forma, mudou a rotina e o dinamismo do dia a dia, e com o isolamento e quarentena, muitas pessoas foram obrigadas a passar mais tempo em casa. Por um lado, isso foi fundamental para a proteção contra o coronavírus; mas por outro, gerou alguns maus hábitos alimentares nada recomendáveis às pessoas, principalmente para gestantes e lactantes.
A necessidade de permanecer em casa e evitar idas constantes a mercados, por exemplo, transformou alimentos industrializados em uma opção atraente pelo forte apelo sabor-variedade-praticidade, e pela facilidade de estocá-los comparados aos produtos naturais. Embutidos como linguiças, presuntos, salsichas, peito de peru e frango entre outros são uma tentação, mas devem ser evitados pelo podem proporcionar à gestante, bem como para as pessoas em geral, como contribuir para o aumento de peso e colesterol, comprometimento a médio e longo prazo do sistema cardiovascular, diabetes, influenciar na mucosa intestinal e outros malefícios.
“Consuma alimentos in natura (como frutas, verduras, legumes, ovos e carnes); evite os alimentos ultraprocessados e consuma pelo menos três porções de fruta por dia, sendo uma delas rica em vitamina C, que traz inúmeros benefícios ao sistema imunológico. Ex.: kiwi, acerola, limão, maracujá, laranja e tangerina. E lembre-se de adicionar também os vegetais como abóbora, brócolis, pimentão que são ótimas fontes dessa vitamina”, indica Thais.
Igualmente irresistíveis, outros produtos industrializados trazem em sua formulação poderosos flavorizantes, corantes, edulcorantes, emulsificantes e outros recursos químicos que devem ser riscados do cardápio em uma gestação e na fase de amamentação.
Para a gestante, puérperas e lactantes recomenda-se as três refeições diárias (café da manhã, almoço e jantar), e pequenos lanches nos intervalos, mas não esquecendo a relação quantidade-qualidade do que se come, dando preferência aos alimentos naturais e mais saudáveis, ricos em ferro para evitar ocorrência de anemia, em cálcio – tão necessário para a formação óssea do bebê, e ácido fólico que entre alguns benefícios, ajuda a reduzir riscos de má-formação no tubo neural. E jamais esquecer daquela que está no topo entres os mais importantes alimentos – a água, numa quantidade mínima de 2,5 litros diariamente.
Outras dicas de alimentação saudável indicadas pela profissional são:
- Inclua também as oleaginosas como as amêndoas, pistache, castanha de caju, nozes, avelã, macadâmia, para aumento dos níveis de selênio para fortalecimento dos cabelos, unhas, melhor aspecto de sua pele e imunidade;
- Consuma gorduras poli-insaturadas ômegas 3, gordura presente em peixes como atum e sardinha e em cereais integrais como linhaça e chia, que ajudam no controle do processo inflamatório, tendo uma característica mais anti-inflamatória;
- Utilize quantidades pequenas de sal, gordura e açúcar nos preparos caseiros;
- Prefira as versões integrais de arroz, massas e pães. Eles são ricos em fibras, vitaminas, sais minerais e antioxidantes e têm menos gorduras saturadas.
Ainda na segurança do lar, atenção para o Apetite Emocional.
O isolamento domiciliar provoca várias mudanças nas rotinas das pessoas. Para a mulher em fase gestacional, de resguardo ou lactante, o cotidiano pode gerar reações emocionais que levam a verdadeiras pegadinhas alimentares que podem colocar em risco toda uma programação alimentar. É importante saber a diferença entre fome e vontade de comer.
O impulso de comer mesmo quando não há fome, ao qual chamamos Apetite Emocional, muito provocado pela quarentena permanente imposta pela pandemia, estimula beliscar constantemente uma coisinha aqui e ali, principalmente doces e petiscos. Este impulso é compreensível, mas é preciso reconhecer quando esse apetite é de origem emocional. Um desejo de comer uma coisa qualquer, principalmente quando não há muito tempo desde a última refeição. Esta sensação de falta de saciedade leva a visitas constantes à despensa e geladeira, que apesar de prazerosas, devem ser evitadas. No momento do impulso de querer comer, é importante se perguntar se fome realmente existe. Lembrar que estes impulsos podem gerar obesidade, levar ao diabetes entre outros males. E acima de tudo, não esquecer que o momento exige controle e alimentação saudável, pois além da gestante e da mamãe, a saúde do bebê também será beneficiada.
A especialista da Rede D’Or São Luiz reforça ainda a importância de organizar a rotina e preparar as próprias, além de aproveitar o momento para descobrir novas formas de consumo saudável “Uma banana assada ou tâmaras podem ser ótimas substituições para aqueles momentos que temos vontade de devorar uma caixa de bombons”, indica.
A pandemia está longe de acabar, e proteção e prevenção são as únicas alternativas para garantir uma boa saúde. Para gestantes, puérperas e lactantes, garantir bons hábitos alimentares, associados a atividades físicas e ocupacionais, se apresentam como ótimas formas de atravessar este período difícil, além de também garantir saúde para bebês e crianças.
Por fim, Thais indica o acompanhamento com um Nutricionista durante seu pré-natal.
Caso sair de casa não seja recomendado, fale com o seu médico e veja a possibilidade de uma teleconsulta. Em alguns casos é tão eficiente quanto uma visita ao consultório.