O tabagismo atrapalha as possibilidades tanto da mulher quanto do homem, de engravidar. Segundo Emerson Barchi Cordts, Ginecologista e Obstetra do Hospital e Maternidade São Luiz Itaim e Diretor Clínico do Instituto Ideia Fértil, da Faculdade de Medicina do ABC, o cigarro interfere no processo gestacional. “O tabagismo aumenta as chances de problemas obstétricos, de intercorrências durante a gestação, de prematuridade, de diminuição do peso da criança ao nascer, de doenças placentárias e do feto ter problemas ao nascer”, explica.
Além disso, a mãe que fuma aumenta a possibilidade do feto ter problemas relacionados ao consumo indireto desse tabaco, por exemplo: risco maior de desenvolvimento de câncer, de doenças alérgicas e de doenças pulmonares.
Ao analisar as causas da infertilidade como um todo, Emerson revela que o tabagismo está presente como um dos fatores em 14% dos casais que têm dificuldade de engravidar. “Quando nós vamos avaliar, por exemplo, as mulheres que fumam, elas têm praticamente 30% a mais de risco de abortamento espontâneo que mulheres que não fumam, fora as intercorrências em relação ao feto”, adiciona o ginecologista.
A respeito das mulheres que precisam fazer tratamento de fertilização in vitro (FIV), para as tabagistas, segundo Emerson, existe necessidade de um uso maior de medicamentos indutores da ovulação. “A medicação e toda a parte laboratorial envolvida no tratamento de fertilização in vitro correspondem ao principal gasto do casal em um ciclo de FIV”, pontua. Além disso, estudos mostram que mulheres tabagistas precisam fazer o dobro de tentativas de fertilização in vitro do que mulheres não tabagistas.
O cigarro afeta diretamente a fertilidade da mulher de várias formas. Emerson explica que o tabaco e a nicotina diminuem a motilidade da trompa uterina, órgão que possui estruturas chamadas fímbrias, que fazem a captação do óvulo. “O óvulo e o embrião não têm locomoção, por isso o movimento peristáltico das trombas é responsável por captar o óvulo e depois transportar o embrião até o útero”, reforça. A mulher que é fumante tem uma diminuição desse peristaltismo, dessa motilidade tubária, então ela tem maior dificuldade de captação do óvulo no ovário e isso aumenta a taxa de infertilidade.
O tabagismo, segundo o ginecologista, também promove um envelhecimento ovariano mais acentuado. “A mulher brasileira normalmente entra na menopausa por volta dos 48 anos, mas a mulher fumante entra na menopausa aos 45, 46 anos, devido ao envelhecimento acelerado dos seus óvulos”, reforça.
Outro ponto importante é que a nicotina e outros componentes do cigarro causam dano ao DNA, tanto no óvulo, quanto no espermatozoide. “Isso pode comprometer a qualidade genética desse gameta, e aumenta a probabilidade de formação de embriões geneticamente alterados e isso eleva a taxa de infertilidade”, explica Emerson.
Além do tabagismo aumentar a possibilidade de impotência masculina, porque suas substâncias nocivas afetam os vasos sanguíneos, aumentam a formação de placas nas artérias e dificultam a circulação do sangue para o pênis, Emerson explica que essa não é a única preocupação.
No homem, a nicotina também altera a motilidade, mas, nesse caso, dos espermatozoides. “O espermatozoide tem e precisa ter bastante movimento porque quando é lançado dentro do ambiente vaginal, ele precisa ter motilidade para ascender para dentro do útero e chegar até a trompa uterina onde será feita a fertilização”, explica Emerson. Qualquer situação que diminua a motilidade do espermatozoide é um fator de infertilidade para o homem.
Outro ponto importante é que fumar aumenta a chance de infecções no aparelho reprodutor masculino. Como podemos perceber, existem riscos inerentes ao tabagismo tanto para a mulher e para o homem, quanto para o próprio processo de reprodução assistida como um todo, portanto, não fume!