O Brasil é a terceira nação do mundo com mais casos da doença em crianças e adolescentes. De acordo com o Atlas do Diabetes, da Federação Internacional da Diabetes (organização que congrega associações especializadas na doença em 168 países), cerca de 98,2 mil crianças e adolescentes com menos de 15 anos são diagnosticados com diabetes tipo 1 a cada ano no país. Entre pessoas com idades de 20 a 79 anos, são mais de 16,8 milhões de casos, o que representa aproximadamente 7% da população brasileira.
Quando diagnosticado na infância, o diabetes pode assustar pais e familiares. No entanto, é importante ressaltar que é possível conviver com a doença e ter qualidade de vida, participando de todas as atividades.
Preparamos esta matéria para você ter acesso a todas as informações que precisa sobre o diabetes e como ele pode afetar.
O que é diabetes tipo 1 e tipo 2?
O pâncreas produz a insulina, responsável por controlar a quantidade de glicose no sangue após a alimentação. Sem o controle da glicose, o excesso de açúcar no sangue é altamente tóxico para o nosso corpo. No diabetes tipo 1 – uma doença autoimune -, o próprio corpo produz anticorpos que atacam as células do pâncreas. Quando restam poucas células produtoras de insulina, o açúcar começa a se acumular no sangue. A maioria dos casos de diabetes tipo 1 surge na infância e na adolescência, normalmente em famílias que não têm histórico conhecido da doença. Trata-se de uma doença crônica ainda sem cura.
Já no diabetes tipo 2, há uma resistência à ação da insulina. Ocorre quando o corpo não consegue absorver adequadamente a insulina produzida ou não a produz em quantidade suficiente para metabolizar o açúcar no sangue. A maioria dos casos surge na fase adulta e tem relação com fatores genéticos e estilo de vida.
Sintomas e diagnóstico
Muitos pais descobrem a doença nos filhos quando acontece a primeira crise, com sintomas como desmaio, visão embaçada e/ou confusão mental ocasionando uma internação repentina na UTI. Não é um cenário fácil de enfrentar, e, após o susto, o mais importante é que a criança se desenvolva e se adapte convivendo com a doença. Lembre-se: A qualidade de vida e o desenvolvimento da criança é o mais importante.
Os principais sintomas do diabetes na infância são:
Sede excessiva;
Vontade de urinar com frequência;
Perda de peso;
Cansaço;
Visão embaçada;
Infecções frequentes.
Obs.: esses sintomas podem ou não aparecer em pessoas com diabetes tipo 2.
O diagnóstico do diabetes na infância é feito com base nos sintomas e em exames laboratoriais. O tratamento é realizado com insulina, que deve ser administrada pelo próprio paciente ou por um responsável. O objetivo é manter os níveis de glicose no sangue dentro dos parâmetros normais.
Qual o nível normal de glicemia?
Glicemia de jejum (8 horas sem comer): entre 70 a 99 mg/dL – normal
Glicemia pós-refeições: até 140 mg/dL (intervalo de duas horas) – normal
Se os valores estiverem fora desses parâmetros, procure um médico pediatra ou endocrinologista.
Como lidar com o diabetes na infância?
Do nascimento aos 2 anos
Até completar 2 anos, é normal que o crescimento físico do bebê seja acelerado. Nas consultas regulares ao médico pediatra, esse crescimento é acompanhado, juntamente com o controle de peso. Se houver alguma alteração no desenvolvimento físico da criança, é o médico que investigará a causa e, a partir de exames laboratoriais, o diabetes pode ser diagnosticado.
Dos 2 aos 5 anos
Nessa fase, o crescimento físico é menos acelerado que o anterior e a criança começa a ter o controle de quando urinar e evacuar.
Quando as taxas de glicemia estão altas, a criança começa a urinar com muito mais frequência. Se o pequeno estiver fazendo xixi na cama com regularidade, isso pode ser um sintoma de diabetes. Além disso, desânimo, cansaço, sonolência, irritabilidade ou agitação são outros fatores para ficar atento e procurar um médico.
Dicas importantes
Ensine a criança sobre a doença. É importante que a criança entenda o que é o diabetes, como ele afeta o seu corpo e como deve ser tratado.
Ajude a criança a seguir o plano de tratamento. O plano de tratamento deve ser seguido rigorosamente para que a criança mantenha os níveis de glicose no sangue sob controle. Ela deve participar das medidas de glicemia realizadas pelos seus pais.
Esteja preparado para emergências. Se a criança tiver hipoglicemia (queda nos níveis de glicose no sangue), é importante saber como agir. Para evitar isso, é fundamental aumentar o número de refeições em um intervalo menor de tempo.
Ofereça apoio emocional à criança. É importante oferecer apoio emocional à criança e ajudá-la a lidar com as emoções que podem surgir com a doença.
Não repreender a criança caso ela urine na cama. Se persistir, converse com o médico para ajustar o tratamento.
Por fim, é importante seguir rotinas com horários estabelecidos para a aplicação de insulina, realização de testes e ingestão de refeições, e orientar a criança para que ela seja independente.