Apesar de a doença não impossibilitar a gestação, ela pode tornar o processo de concepção mais difícil e demorado. Isso porque a adenomiose causa diversos problemas que prejudicam a fertilidade da mulher.
Conversamos com a ginecologista do centro médico de especialidades, com ênfase em cirurgia minimamente invasiva e endometriose, Dra. Claudia Lima Rocha, para entender um pouco mais sobre o que é a adenomiose, quais são as causas e maneiras de tratar a doença.
Dessa maneira, mulheres que têm adenomiose e planejam engravidar não precisam abandonar o sonho de se tornarem mães!
O que é Adenomiose e quais são as principais causas?
O útero é formado basicamente por 3 camadas: uma película que o recobre do lado de fora (serosa), pela camada muscular (miométrio) e outra camada interna – aquela que espessa ao longo do ciclo menstrual e descama na menstruação (endométrio).
Com algumas semelhanças, a adenomiose é similar à endometriose; a grande diferença entre as duas doenças é que o fragmento do tecido endometrial se encontra no miométrio e provoca sangramentos periódicos que podem levar à infertilidade.
As causas da doença ainda são discutidas por médicos do mundo todo. Enquanto alguns acreditam que a adenomiose é uma doença congênita, outros sugerem ser uma patologia adquirida, provocada por lesões no útero.
Além disso, existem alguns fatores de risco associados à doença. Entre os principais estão a idade – sendo a prevalência entre 40 e 50 anos, as gestações ou os abortos anteriores e a cirurgia uterina prévia
Qual a relação entre a Adenomiose e infertilidade?
A relação entre a Adenomiose e a infertilidade ainda não é muito clara, mas, de acordo com a médica, os principais fatores apontados são:
– Hipercontratilidade uterina: acaba prejudicando o transporte do espermatozoide no trato genital;
– Resistência das células à progesterona, com alteração da receptividade endometrial;
– Ambiente endometrial inflamatório crônico: pode ser a causa subjacente da infertilidade relacionada à adenomiose, pois torna a cavidade hostil aos embriões
Como tratar a Adenomiose e a infertilidade?
Adenomiose e infertilidade ainda são um desafio na prática médica, uma vez que não temos protocolos definidos ou medicações específicas, mas é importante entender que cada caso é diferente do outro e que o tratamento é sempre individualizado.
Podemos dividir em tratamentos clínicos e tratamentos cirúrgicos. No primeiro caso, utilizam-se, muitas vezes, medicações para melhorar os sintomas, como os anti-inflamatórios, os progestagênios (por um período determinado, já que eles também são anticoncepcionais) ou as medicações que induzem a menopausa por um período de tempo (análogos de GnRh).
Já o tratamento cirúrgico preservador de fertilidade, é restrito a pouquíssimos casos mais graves, normalmente aqueles com falha de medicamento e, frequentemente, falha de tratamento de reprodução assistida.
As únicas formas 100% eficazes de curar a doença são a retirada total do útero ou a chegada da menopausa.
O que a mulher que tem Adenomiose e quer engravidar pode fazer?
Nas pacientes que possuem adenomiose, o risco de acontecer um aborto nos primeiros três meses de gestação e a chance de o parto ser prematuro é maior.
O ideal é que, caso surjam sintomas sugestivos de adenomiose ou diagnóstico já estabelecido, a mulher procure o ginecologista para avaliar a apresentação e extensão da doença por meio de exames de imagem. E, a partir do resultado, ele possa verificar a necessidade de algum tratamento específico.
É importante lembrar que a adenomiose pode ter associação com a endometriose em até 80% dos casos, por isso, a realização do exame de imagem é etapa fundamental para pacientes que querem engravidar.
A doença também tem um grande fator inflamatório e, por isso, é fundamental que as pacientes priorizem hábitos que contribuam para controle de inflamação do organismo – isso inclui, boa higiene do sono e controle do estresse.