O especialista recomenda consultas e exames frequentes para monitorar o bem-estar de todos até o parto. Afinal, as mudanças no organismo da mulher são ainda maiores do que em uma gravidez de apenas um bebê. Veja os esclarecimentos do Dr. Julio para as dúvidas mais comuns a respeito de gestação múltipla.
Desconfortos na gravidez de gêmeos são mais frequentes, como enjoo e inchaço?
Como a produção hormonal é maior, sintomas de náusea e vômito são comuns. O inchaço ocorre porque o útero cresce mais do que na gravidez única.
Há mais riscos em uma gravidez de gêmeos?
Sim. Diversas alterações são mais prevalentes na gravidez de gêmeos quando comparadas à gravidez de um único bebê. Há maior risco de problemas como aborto, parto prematuro, pré-eclâmpsia (distúrbio da pressão arterial), diabetes gestacional (aumento da glicose no sangue) e de nascimento de bebês com baixo peso.
Quais cuidados diferem da gravidez de apenas um bebê?
Os cuidados durante o pré-natal devem ser reforçados. Indica-se um número maior de consultas e de exames de ultrassonografia.
Uma etapa muito importante é o diagnóstico precoce da gravidez de gêmeos confirmada pelo ultrassom. Este exame deve ser realizado antes de 12 semanas. Ele pode confirmar a idade gestacional e o número de bebês (gêmeos, trigêmeos, quadrigêmeos etc.). Porém, o mais importante da ultrassonografia inicial é esclarecer se existem uma ou duas placentas.
Qual a diferença entre uma gravidez gemelar com a mesma placenta e diferentes?
Quando a mulher tem duas placentas, chamamos de gravidez dicoriônica. Ela apresenta menores riscos em comparação a uma gestação de apenas uma placenta, que recebe o nome de monocoriônica.
Nas gestações de uma placenta, idealmente as consultas e exames de ultrassom devem ser feitos a partir de 16 semanas e em seguida a cada duas semanas, até o parto. Um bom acompanhamento pré-natal é realizado por equipe multiprofissional formada por obstetra, ultrassonografista, nutricionista, fisioterapeuta e psicólogo para melhor resultado nos períodos da gestação, parto e puerpério.
Existem patologias que podem acometer gêmeos idênticos que compartilham a mesma placenta, como a Síndrome da transfusão feto-fetal, quando um bebê não se desenvolve bem e tem pouco líquido amniótico (oligoâmnio), enquanto o outro se desenvolve mais e dispõe de excesso de líquido amniótico (polidrâmnio).
O acompanhamento médico adequado é fundamental para evitar intercorrências, orientar e proporcionar tranquilidade às famílias.
A gestante pode praticar atividades físicas quando espera mais de um bebê?
Se no acompanhamento pré-natal os exames estiverem normais, sim. Um dos indicadores que define a possibilidade de praticar exercícios físicos é a medida do colo do útero avaliada pela ultrassonografia transvaginal com 20 semanas de gestação.
O bom senso deve prevalecer e o diálogo com o obstetra é importante para orientar as atividades físicas pertinentes durante o período gestacional.
Quanto tempo pode durar uma gestação múltipla?
O momento do parto é diferente da gravidez única, que pode chegar até 40 ou 41 semanas. Na gravidez de gêmeos com duas placentas (dicoriônicas), o momento do parto se dá com 38 semanas. Já na gestação com uma única placenta (monocoriônica) que não apresente complicações durante o pré-natal, o parto acontece entre a 36a e 37a semana.
É possível ter parto normal em gravidez de gêmeos?
Sim. Quando os dois bebês estão com a cabeça para baixo (apresentação cefálica) é possível fazer o parto normal. No entanto, se o bebê localizado mais embaixo estiver sentado, o parto deve ser uma cesariana. Quando o bebê mais embaixo está em apresentação cefálica e o bebê mais alto sentado, é uma situação mais difícil, porém existe a possibilidade do parto normal. Este parto precisa ser realizado por obstetra experiente, capaz de realizar manobras para a retirada do bebê que está sentado.