O câncer de pele é o tipo de tumor mais frequente no Brasil, correspondendo a cerca de 33% de todos os diagnósticos oncológicos no país. Segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), entre 2023 e 2025 serão registrados anualmente 9 mil novos casos de melanoma e mais de 220 mil casos de câncer de pele não melanoma.
Embora o câncer de pele seja tratável, com chances de cura de até 90% quando tratado em estágios iniciais, ele ainda causa grande impacto na saúde pública. Entre 2009 e 2019, foram registradas quase 400 mil internações relacionadas à doença, sendo mais frequentes em homens e pessoas de pele clara. No entanto, os números reais podem ser ainda maiores devido à subnotificação, especialmente em regiões com acesso limitado a serviços especializados.
O câncer não melanoma, embora mais frequente, possui uma taxa de letalidade baixa, principalmente quando diagnosticado de forma precoce. Em contrapartida, o melanoma, tipo de tumor menos comum, é mais agressivo e letal se não for tratado a tempo. Quanto mais cedo a doença for identificada, maiores são as chances de um tratamento eficaz e cura.
Quando se fala em câncer, a prevenção sempre é o melhor caminho, mas isso se torna ainda mais evidente no caso do câncer de pele devido à facilidade de tomar medidas preventivas para evitar o surgimento da doença.
A exposição excessiva ao sol é a principal causa evitável do câncer de pele. Providências como o uso diário de protetor solar, roupas que protejam contra a radiação ultravioleta e chapéus de abas largas são atitudes simples e que dependem exclusivamente do indivíduo. Evitar a exposição ao sol nos horários de pico (entre 10h e 16h) e realizar autoexames regulares pode reduzir significativamente o risco da doença.
Se é tão simples, por que o câncer de pele é o tipo mais constante no Brasil?
O Brasil é um país tropical, onde a exposição à radiação ultravioleta (UV) é alta durante todo o ano. Os brasileiros estão expostos ao sol regularmente, seja devido ao clima, seja às atividades diárias ao ar livre realizadas sem a devida proteção. Essa falta de consciência preventiva é o que faz toda a diferença. Embora o uso de protetor solar e outros métodos de proteção seja amplamente recomendado, há uma percepção equivocada de que eles só são necessários em momentos específicos, como na praia ou na piscina. Isso leva a uma proteção inadequada no dia a dia.
Outro fator relevante que contribui para o aumento da incidência da doença é a valorização estética da pele bronzeada, cultura ainda muito forte no Brasil. Esse comportamento incentiva exposições prolongadas ao sol, sem proteção adequada, aumentando o risco de danos cumulativos à pele e, consequentemente, o desenvolvimento de câncer. É importante ressaltar que não existe um bronzeado saudável obtido pela exposição desprotegida aos raios UV.
Segundo a Skin Cancer Foundation, o uso de câmeras de bronzeamento artificial aumenta significantemente as chances de desenvolver melanoma, especialmente em pessoas que começam a usá-las quando jovens.
Soma-se a isso o desconhecimento da população sobre os sinais iniciais do câncer de pele e o impacto da exposição solar cumulativa desde a infância. Essa falta de informação é um desafio para implementar hábitos de proteção consistentes.
O fortalecimento de uma cultura de educação preventiva em relação à saúde da pele pode, sim, impactar positivamente na redução da incidência da doença no longo prazo. Reverter esse quadro exige esforços contínuos de conscientização, como a campanha Dezembro Laranja, além de políticas de saúde acessíveis em regiões com acesso limitado a cuidados médicos especializados.
A criação de uma rotina de conhecimento do próprio corpo e cuidados com a pele deve ser incentivada desde a infância. O brasileiro, em geral, associa o uso de protetor solar a momentos de lazer, mas a prevenção deve ser uma prática diária, independentemente da estação do ano. A conscientização para identificar sinais suspeitos, como manchas que coçam ou pintas que mudam de forma, é fundamental para o diagnóstico precoce.
Além disso, a visita ao dermatologista pelo menos uma vez ao ano é recomendada, ainda mais para pessoas com fatores de risco, como histórico familiar de câncer de pele, exposição solar prolongada ou uso frequente de câmaras de bronzeamento artificial.
O Dezembro Laranja é um convite para refletir sobre o cuidado com a saúde da pele e adotar medidas que podem salvar vidas. A prevenção e o diagnóstico precoce são os maiores aliados em relação ao câncer de pele, e incentivar a conscientização é um passo importante para mudar esse cenário no Brasil e no mundo.