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Câncer: por que o risco de desenvolver a doença aumenta com a idade?

O aumento do risco de desenvolver câncer com a idade é um fenômeno multifatorial que envolve tanto aspectos biológicos quanto comportamentais. A compreensão desses fatores é essencial para estratégias eficazes de prevenção e detecção precoce.

O câncer é uma das principais causas de morte em todo o mundo, e sua incidência aumenta significativamente com o avanço da idade. Dados epidemiológicos indicam que mais da metade dos novos casos da doença são diagnosticados em pessoas com 65 anos ou mais. Esse fenômeno levanta questões importantes sobre os mecanismos biológicos e ambientais que contribuem para o aumento do risco de câncer ao longo do envelhecimento.

Fatores biológicos relacionados ao envelhecimento

Com o passar do tempo, as células do organismo acumulam mutações genéticas que podem levar à formação de tumores malignos. Esse processo pode ser impulsionado por fatores endógenos, como erros na replicação do DNA, e exógenos, incluindo exposição à radiação ultravioleta, poluentes ambientais e substâncias carcinogênicas presentes em alimentos e no tabago. Nos Estados Unidos, por exemplo, a idade média de diagnóstico do câncer é de aproximadamente 66 anos.

Os mecanismos biológicos que explicam esse aumento são:

Acúmulo de lesões no DNA

Com o envelhecimento, a exposição cumulativa a agentes mutagênicos e os processos metabólicos internos aumentam a taxa de danos no DNA. Essas lesões são resultados de exposições ambientais ou processos metabólicos normais.

Diminuição da eficácia do sistema imunológico

O sistema imunológico desempenha um papel fundamental na detecção e destruição de células cancerígenas. No entanto, com a idade, a resposta imunológica se torna menos eficiente, favorecendo o desenvolvimento de tumores. Esse fenômeno está associado à redução da atividade das células T e da capacidade de vigilância imunológica contra transformações malignas.

Alterações nos mecanismos de reparação celular

Os mecanismos de reparo do DNA, essenciais para corrigir danos genéticos, tornam-se menos eficazes com o tempo. Isso leva ao acúmulo de alterações genéticas que podem resultar na ativação de oncogenes ou na inativação de genes supressores de tumor, contribuindo para a carcinogênese.

Fatores externos e estilo de vida

Embora o envelhecimento biológico desempenhe um papel central no aumento do risco de câncer, fatores ambientais, estilo de vida e comportamentais também exercem grande influência. A exposição prolongada a agentes cancerígenos ao longo da vida contribui para o aumento da incidência da doença.

Tabagismo

O cigarro é um dos principais fatores de risco evitáveis para o desenvolvimento de câncer, sendo responsável por cerca de 30% das mortes por câncer no mundo. O risco se acumula ao longo dos anos de exposição ao tabaco, afetando principalmente pulmão, bexiga, laringe e esôfago.

Alimentação

Dietas ricas em carnes processadas, gorduras saturadas e pobres em fibras, frutas e vegetais estão associadas ao aumento do risco de diversos tipos de câncer, incluindo colorretal e gastrointestinal. A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica carnes processadas como carcinogênicas para humanos.

Sedentarismo

A falta de atividade física e o excesso de peso corporal estão diretamente relacionados a um risco elevado de desenvolver câncer de mama, colorretal, pâncreas e próstata. O sedentarismo contribui para a inflamação crônica e alterações hormonais que podem favorecer a carcinogênese.

Dados estatísticos

De acordo com a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), aproximadamente 56% dos casos de câncer no mundo ocorrem em pessoas idosas, e cerca de 70% das mortes por câncer acometem indivíduos acima dos 60 anos. O aumento da expectativa de vida e a melhoria nos diagnósticos também contribuem para essa tendência.

Embora o envelhecimento seja um fator de risco inevitável, a adoção de um estilo de vida saudável pode reduzir significativamente as chances de desenvolver a doença. Algumas estratégias preventivas incluem:

  • Manter uma alimentação balanceada, rica em frutas, vegetais, grãos integrais e gorduras saudáveis.
  • Praticar atividades físicas regularmente, reduzindo o risco de obesidade e melhora do metabolismo.
  • Evitar o consumo excessivo de álcool, pois o etanol é um fator de risco estabelecido para vários tipos de câncer.
  • Abster-se do tabagismo, reduzindo significativamente o risco de diversos tipos de câncer.
  • Realizar exames de rastreamento conforme a faixa etária e histórico familiar, permitindo a detecção precoce e aumentando as chances de tratamento bem-sucedido.

O aumento da incidência de câncer com o envelhecimento é resultado da interação entre fatores biológicos e ambientais. O acúmulo de danos ao DNA, a redução da eficácia do sistema imunológico e os impactos cumulativos do estilo de vida contribuem para essa tendência. No entanto, medidas preventivas e hábitos saudáveis são essenciais para reduzir os riscos e melhorar a qualidade de vida da população idosa.

Revisão médica:

Dra. Fernanda Frozoni Antonacio

Oncologista Clínica

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