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Neuroblastoma: saiba o que é, sintomas, diagnóstico e tratamento

O neuroblastoma é uma condição que exige diagnóstico precoce e tratamento adequado para melhorar as chances de recuperação. Com uma abordagem multidisciplinar envolvendo pediatras, oncologistas e cirurgiões, é possível oferecer um plano terapêutico eficaz que atenda às necessidades específicas de cada paciente.

O neuroblastoma é um tumor maligno originado a partir de células do sistema nervoso simpático, predominantemente afetando crianças menores de 5 anos. Este é o tumor sólido extracraniano (fora do cérebro) mais comum na infância e representa aproximadamente 8% a 10% de todas as neoplasias infantis.

Sua origem está associada às células precursoras do sistema nervoso autônomo, conhecidas como neuroblastos, que falham em se diferenciar normalmente durante o desenvolvimento embrionário.

O que é neuroblastoma?

O neuroblastoma se desenvolve a partir dos neuroblastos, células imaturas do tecido nervoso, que normalmente amadurecem e formam partes do sistema nervoso simpático. A maioria dos casos se origina nas glândulas adrenais, localizadas acima dos rins, mas também pode surgir em gânglios simpáticos ao longo da coluna vertebral, envolvendo regiões como abdômen, tórax, pelve e pescoço.

Dependendo do estágio da doença, o neuroblastoma pode se apresentar como um tumor localizado ou metastático, espalhando-se para linfonodos, ossos, fígado e medula óssea.

Sintomas do neuroblastoma

Os sintomas do neuroblastoma variam de acordo com a localização do tumor e a extensão da doença. Alguns sinais comuns incluem:

  • massa abdominal palpável;
  • dor abdominal persistente;
  • aumento do volume abdominal;
  • dificuldade para respirar (se o tumor afetar o tórax);
  • tosse crônica;
  • dor óssea (indicando disseminação para os ossos);
  • fadiga, irritabilidade e palidez (devido à anemia secundária);
  • sudorese e hipertensão arterial (devido à produção excessiva de catecolaminas pelo tumor);
  • síndrome de Horner (queda da pálpebra, miose e anidrose, se o tumor afetar os gânglios simpáticos cervicais);
  • movimentos oculares anormais e ataxia (associados à síndrome opsoclono-mioclono, que pode ocorrer em casos raros de neuroblastoma paraneoplásico).

Diagnóstico do neuroblastoma

O diagnóstico do neuroblastoma envolve exames clínicos, laboratoriais e de imagem para determinar a presença do tumor, sua extensão e características biológicas. Os principais métodos diagnósticos incluem:

Exames de imagem

  • Ultrassonografia: útil para a avaliação inicial de massas abdominais.
  • Tomografia computadorizada (TC) e ressonância magnética (RM): fornecem imagens detalhadas para avaliar o tamanho do tumor e sua relação com estruturas vizinhas.
  • Cintilografia com metaiodobenzilguanidina (MIBG): identifica metástases, pois o neuroblastoma frequentemente capta este radiofármaco.
  • Tomografia por emissão de pósitrons (PET-CT): pode ser utilizada em casos em que o tumor não captura MIBG.

Exames laboratoriais

  • Dosagem de catecolaminas urinárias: identifica metabólitos como o ácido vanilmandélico (VMA) e ácido homovanílico (HVA), que estão elevados em cerca de 90% dos casos de neuroblastoma.
  • Exames de sangue: podem incluir hemograma, função hepática e renal, e marcadores tumorais.

Biópsia e exames genéticos

  • Biópsia tumoral: confirma o diagnóstico maligno e permite análise histopatológica.
  • Análise genética e molecular: avalia alterações como a amplificação do gene MYCN, que está associada a um pior prognóstico.

Como tratar o neuroblastoma?

O tratamento do neuroblastoma é individualizado, dependendo da idade da criança, localização, estágio da doença e fatores genéticos associados ao tumor. As principais abordagens terapêuticas incluem:

Cirurgia

A cirurgia é indicada para tumores localizados, quando a remoção completa é viável sem riscos excessivos para estruturas vitais.

Quimioterapia

Utilizada para reduzir o tamanho do tumor antes da cirurgia ou para tratar casos avançados. O regime quimioterápico pode incluir agentes como ciclofosfamida, doxorrubicina, vincristina e etoposídeo.

Radioterapia

A radioterapia é indicada para casos de neuroblastoma de alto risco, especialmente após a cirurgia ou para controle de metástases.

Transplante de medula óssea

Em casos de alto risco, pode ser necessário um transplante autólogo de células-tronco hematopoéticas após quimioterapia intensiva para erradicar células tumorais remanescentes.

Terapias-alvo e imunoterapia

  • Inibidores de ALK: indicados para tumores com mutações no gene ALK.
  • Anticorpos monoclonais anti-GD2 (como o dinutuximabe): aumentam a resposta imune contra as células do neuroblastoma.
  • Retinoides: usados na fase de manutenção para reduzir o risco de recidiva.

O neuroblastoma é uma doença complexa que exige um diagnóstico precoce e um plano terapêutico multidisciplinar. É crucial o envolvimento de pediatras, oncologistas e cirurgiões para otimizar os resultados e melhorar a sobrevida das crianças afetadas. Pais que observarem sintomas persistentes devem buscar avaliação médica imediata para garantir um manejo adequado da doença.

Revisão médica:

Dra. Fernanda Frozoni Antonacio

Oncologista Clínica

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