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Os retrovirais podem causar câncer?

A terapia antirretroviral, embora essencial no manejo do HIV, deve ser monitorada de perto para identificar e mitigar quaisquer riscos potenciais associados ao desenvolvimento de câncer.

A relação entre o HIV e o câncer é um tema de grande relevância para a saúde pública, considerando a prevalência do vírus e suas implicações para a saúde dos indivíduos afetados. Embora o HIV não cause câncer diretamente, sua presença no organismo compromete o sistema imunológico, aumentando o risco de desenvolvimento de certos tipos de neoplasias.

Antirretrovirais podem causar câncer?

A terapia antirretroviral (TAR) revolucionou o manejo do HIV, aumentando significativamente a expectativa e a qualidade de vida dos pacientes. Estudos epidemiológicos indicam que a exposição prolongada à TAR não está associada a um aumento geral no risco de câncer. Pelo contrário, ao controlar a replicação viral e restaurar a imunidade, a TAR reduz a incidência de cânceres definidores de AIDS, como o sarcoma de Kaposi e os linfomas não-Hodgkin.

Contudo, a maior longevidade dos pacientes vivendo com HIV sob TAR resulta em um aumento na incidência de cânceres não relacionados à AIDS, como câncer de pulmão e de fígado, influenciados por fatores de risco adicionais, como tabagismo e coinfecção pelo vírus da hepatite B ou C.

A monitorização clínica rigorosa e o rastreamento preventivo são fundamentais para reduzir a incidência e a morbimortalidade associadas ao câncer em pessoas vivendo com HIV. Dessa forma, os benefícios da terapia antirretroviral superam amplamente os eventuais riscos relacionados ao desenvolvimento de neoplasias, reforçando sua importância como pilar central no tratamento do HIV.

HIV causa câncer?

O vírus da imunodeficiência humana (HIV) não é um agente oncogênico direto, ou seja, não induz transformação celular maligna de maneira autônoma. No entanto, a imunossupressão causada pelo HIV reduz a capacidade do organismo de combater infecções e controlar a proliferação de células anormais, facilitando o desenvolvimento de cânceres relacionados a infecções virais oncogênicas.

Pacientes com HIV têm maior susceptibilidade a infecções persistentes por vírus como o papilomavírus humano (HPV), o herpesvírus humano 8 (HHV-8) e o vírus Epstein-Barr (EBV), todos associados ao desenvolvimento de cânceres específicos. Como resultado, a incidência de determinados tipos de câncer é maior em pessoas vivendo com HIV em comparação à população geral.

Quais são os tipos de câncer associados ao HIV?

Os cânceres mais comuns em pessoas vivendo com HIV incluem:

Sarcoma de Kaposi

Associado à infecção pelo HHV-8, o sarcoma de Kaposi é um dos tumores mais prevalentes em indivíduos imunossuprimidos, sendo mais comum entre homens que fazem sexo com homens (HSH) e pessoas com AIDS.

Linfoma não-Hodgkin

Mais agressivo em pacientes HIV positivos, o linfoma não-Hodgkin é frequentemente associado ao vírus Epstein-Barr (EBV) e afeta principalmente gânglios linfáticos e o sistema nervoso central.

Câncer cervical

Mulheres vivendo com HIV têm maior risco de desenvolver câncer cervical devido à infecção persistente pelo HPV, especialmente pelos subtipos oncogênicos 16 e 18.

Câncer anal e orofaríngeo

Tanto o câncer anal como o orofaríngeo estão fortemente associados ao HPV e são mais frequentes em indivíduos imunossuprimidos, incluindo aqueles vivendo com HIV.

De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), estima-se que cerca de 50% das pessoas vivendo com HIV receberão um diagnóstico de câncer ao longo da vida, refletindo o impacto da imunossupressão prolongada e da presença de coinfecções virais oncogênicas.

Revisão médica:

Dra. Fernanda Frozoni Antonacio

Oncologista Clínica

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