Entenda o câncer ocular e a importância do diagnóstico precoce

Embora o melanoma ocular seja menos frequente do que o melanoma cutâneo, suas consequências podem ser graves se não for diagnosticado e tratado precocemente. A realização de exames oftalmológicos regulares é crucial, especialmente para indivíduos com histórico de melanoma cutâneo ou fatores de risco genéticos. Essa prática aumenta significativamente as chances de identificar a doença em estágios iniciais, onde o tratamento é mais eficaz.

O que é o melanoma ocular?

O melanoma ocular é um tipo de câncer que se origina nas células pigmentadas do olho, particularmente na úvea, que compreende a íris, o corpo ciliar e a coroide. Este câncer pode afetar qualquer parte do globo ocular, mas é mais comumente encontrado na coroide, localizada na parte posterior do olho, entre a retina e a esclera (a parte branca do olho).

Apesar de compartilhar algumas características com o melanoma cutâneo, o melanoma ocular apresenta comportamentos biológicos distintos. A exposição ao sol é um fator de risco comum entre ambos, no entanto, o melanoma ocular pode se desenvolver mesmo na ausência de exposição solar significativa.

Sinais e sintomas do melanoma ocular

Nos estágios iniciais, o melanoma ocular geralmente não apresenta sintomas evidentes, sendo frequentemente descoberto durante exames de rotina com o oftalmologista. Quando os sintomas se manifestam, podem incluir:

  • Visão turva ou perda de visão: Pode ocorrer devido à pressão do tumor sobre estruturas oculares.
  • Sensação de flashes de luz: Resulta da irritação da retina.
  • Manchas escuras na íris ou na conjuntiva: Indicativas de crescimento anômalo de células pigmentadas.
  • Alterações no tamanho ou forma da pupila: Podem indicar comprometimento das funções oculares normais.
  • Dor ou desconforto no olho: Geralmente associado a casos mais avançados.

Esses sintomas podem ser confundidos com condições oculares comuns, como catarata ou descolamento de retina. Portanto, consultas regulares ao oftalmologista são essenciais para a detecção precoce.

Diagnóstico precoce do melanoma ocular

A detecção precoce do melanoma ocular é crucial para um tratamento bem-sucedido. O diagnóstico inicia-se com um exame de fundo de olho, no qual o oftalmologista pode identificar anomalias estruturais. Se houver suspeita de melanoma ocular, exames complementares são solicitados, como:

  • Ultrassom ocular: Este exame não invasivo avalia a espessura e o tamanho do tumor, fornecendo informações cruciais sobre sua extensão e localização. A ultrassonografia ocular é especialmente útil para identificar tumores que não são visíveis durante o exame físico.
  • Angiografia fluorescente: Neste procedimento, um corante fluorescente é injetado na corrente sanguínea, permitindo que o oftalmologista mapeie os vasos sanguíneos da retina e da coroide. Essa técnica ajuda na detecção de anomalias vasculares associadas ao tumor, bem como na avaliação da circulação ocular.
  • Tomografia de Coerência Óptica (OCT): A OCT é uma técnica de imagem que oferece imagens de alta resolução da retina e da coroide. Ela permite uma visualização precisa do tumor e suas características, facilitando a avaliação da extensão e a identificação de possíveis complicações. A OCT é particularmente valiosa para monitorar mudanças ao longo do tempo, ajudando a guiar o tratamento.
  • Biópsia: A biópsia não é uma prática comum para o diagnóstico de melanoma ocular, principalmente devido à localização do tumor dentro do olho. Em muitos casos, o diagnóstico é feito por meio de exames de imagem e exames oftalmológicos detalhados, como ultrassom ocular, angiografia fluorescente e tomografia de coerência óptica (OCT).No entanto, em casos específicos em que a confirmação do diagnóstico é necessária e outras opções não são suficientes, uma biópsia pode ser realizada. Nesse contexto, a biópsia pode ser feita de maneira cuidadosa para evitar complicações. Contudo, essa abordagem é menos comum e mais frequentemente, o diagnóstico é confirmado por meio de métodos de imagem e avaliação clínica.

Quais são as diferenças entre melanoma ocular e cutâneo?

Embora ambos os tipos de melanoma se originem em células produtoras de melanina, existem diferenças significativas entre o melanoma ocular e o melanoma cutâneo. O melanoma ocular se desenvolve dentro do olho, afetando estruturas como a íris, corpo ciliar e coroide, enquanto o melanoma cutâneo se forma na pele. Devido à sua localização interna, o melanoma ocular é mais difícil de detectar precocemente, pois frequentemente não apresenta sintomas visíveis nas fases iniciais.

A radiação ultravioleta (UV) é um dos principais fatores de risco para o melanoma cutâneo, com sua relação com a incidência da doença sendo bem estabelecida. No entanto, a conexão entre a exposição ao sol e o desenvolvimento do melanoma ocular é menos clara. Embora a radiação UV possa desempenhar um papel, o melanoma ocular pode ocorrer mesmo na ausência de exposição direta à luz solar.

Além disso, enquanto ambos os tipos de melanoma têm potencial para metastatizar, o melanoma ocular apresenta uma maior propensão a se espalhar para o fígado, o que pode complicar o tratamento e o prognóstico. Essa diferença no padrão de metastatização destaca a importância de abordagens específicas para o diagnóstico e tratamento de cada tipo de melanoma.

Quais são as opções de tratamento?

O tratamento do melanoma ocular varia conforme o tamanho, localização e estágio do tumor, além da saúde geral do paciente. As opções incluem:

Radioterapia: Esta é uma das abordagens mais utilizadas e eficazes no tratamento do melanoma ocular. A braquiterapia, que consiste na colocação de uma pequena placa radioativa diretamente sobre o tumor, destaca-se como uma opção particularmente eficaz, pois permite que a radiação focalize as células cancerosas enquanto preserva os tecidos saudáveis circundantes.

Cirurgia: A remoção cirúrgica do tumor é frequentemente a primeira escolha terapêutica. Em casos mais avançados, onde o melanoma é grande ou causa complicações significativas, pode ser necessária a enucleação, que é a remoção total do olho. Essa decisão é tomada com base na avaliação cuidadosa da extensão da doença.

Terapia a laser: Em situações selecionadas, a terapia a laser pode ser utilizada para destruir células cancerosas. Essa técnica é especialmente eficaz em tumores menores e bem localizados, proporcionando uma opção menos invasiva que pode preservar a visão em casos adequados.

Essas opções de tratamento devem ser discutidas com um especialista em oncologia ocular, que pode personalizar a abordagem com base nas necessidades específicas de cada paciente.

Prevenção e acompanhamento

Embora o melanoma ocular seja raro, a prevenção e a detecção precoce são essenciais. A realização de exames oftalmológicos regulares é vital, especialmente para aqueles com histórico de melanoma cutâneo ou fatores de risco genéticos, aumentando as chances de identificar a doença em estágios iniciais.

Além disso, o uso de óculos de sol com proteção UV pode ajudar a reduzir os danos aos olhos causados pela exposição solar, um fator potencial na formação de melanomas oculares. O acompanhamento regular com um oftalmologista é fundamental para monitorar a saúde ocular e detectar precocemente qualquer anomalia.

Revisão médica:

Dra. Fernanda Frozoni Antonacio

Oncologista Clínica

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