Entenda o câncer de intestino delgado e seus fatores de risco

Embora seja uma condição rara, o câncer de intestino delgado representa um desafio significativo devido à sua natureza frequentemente assintomática, que muitas vezes resulta em diagnósticos apenas em estágios avançados.

Este tipo de tumor afeta uma parte menos conhecida do sistema digestivo, apresentando características distintas em relação ao câncer de cólon, que é mais prevalente. Compreender as diferenças entre esses dois tipos de câncer, os fatores de risco associados e os métodos de diagnóstico é essencial para aumentar as chances de detecção precoce e garantir um tratamento eficaz.

Diferenças entre câncer de intestino delgado e câncer de cólon

O intestino delgado desempenha um papel crucial no sistema gastrointestinal, sendo responsável pela maior parte da digestão e absorção de nutrientes. Ele é composto por três seções: duodeno, jejuno e íleo. Por outro lado, o intestino grosso, ou cólon, é responsável pela absorção de água e formação das fezes. Embora ambos façam parte do sistema digestivo, o câncer que se desenvolve em cada um apresenta diferenças significativas:

  • Incidência: O câncer de cólon é muito mais comum, representando uma das formas mais frequentes de câncer em todo o mundo, enquanto o câncer de intestino delgado responde por menos de 5% dos casos no trato gastrointestinal.
  • Localização e Tipos Celulares: O câncer de intestino delgado pode surgir em várias regiões desse órgão, com os tipos mais comuns incluindo adenocarcinoma (no duodeno), tumor carcinoide, linfoma e sarcoma. O câncer de cólon, em contraste, é tipicamente um adenocarcinoma que afeta as células glandulares do revestimento intestinal.
  • Sintomas: Os sintomas do câncer de intestino delgado tendem a ser vagos e inespecíficos, como dor abdominal, náusea, perda de peso inexplicada e anemia. Em contrapartida, o câncer de cólon pode apresentar sinais mais evidentes, como sangramento nas fezes, alterações nos hábitos intestinais e sensação de evacuação incompleta.

Fatores de risco para o câncer de intestino delgado

Vários fatores de risco estão associados ao desenvolvimento do câncer de intestino delgado:

  • Doenças Inflamatórias Intestinais: Condições como a doença de Crohn e a síndrome do intestino irritável aumentam o risco de câncer intestinal, especialmente em pacientes que convivem com essas doenças a longo prazo.
  • Síndromes Genéticas: Indivíduos com síndromes hereditárias, como a polipose adenomatosa familiar (PAF) e a síndrome de Lynch, apresentam um risco elevado de desenvolver câncer tanto no intestino delgado quanto no cólon.
  • Histórico Familiar: Ter familiares que foram diagnosticados com câncer de intestino delgado ou tumores colorretais pode aumentar o risco de um indivíduo desenvolver essas condições.
  • Tabagismo e Dieta: O consumo de tabaco, associado a uma dieta rica em gorduras e carnes processadas, pode elevar o risco de câncer gastrointestinal, incluindo o câncer de intestino delgado.
  • Idade e Gênero: O câncer de intestino delgado é mais frequente em homens e em pessoas com mais de 60 anos.

Diagnóstico do câncer de intestino delgado

A identificação precoce do câncer de intestino delgado pode ser desafiadora, devido aos seus sintomas inespecíficos e à localização menos acessível do órgão. Frequentemente, a raridade do câncer faz com que ele não seja a primeira hipótese dos médicos ao investigar sintomas abdominais.

As principais abordagens diagnósticas incluem:

  • Endoscopia Digestiva Alta: Utilizada para examinar o duodeno, a primeira parte do intestino delgado, pode detectar tumores ou anomalias nessa região.
  • Enteroscopia com Cápsula Endoscópica: Este método envolve a ingestão de uma cápsula equipada com uma câmera, que percorre o intestino delgado e captura imagens ao longo de todo o seu trajeto. É especialmente útil para áreas inacessíveis por endoscopia convencional.
  • Tomografia Computadorizada (TC) e Ressonância Magnética (RM): Exames de imagem que proporcionam uma visão detalhada do intestino delgado, permitindo a identificação de tumores e outras anomalias.
  • Biópsia: Se um tumor for detectado, a biópsia é crucial para determinar o tipo de câncer e planejar o tratamento adequado.

Tratamento e perspectivas

O tratamento do câncer de intestino delgado é multifacetado e depende de diversos fatores, incluindo o tipo específico de tumor, sua localização, o estágio da doença e a saúde geral do paciente. A abordagem mais eficaz é geralmente a remoção cirúrgica do tumor, especialmente quando o câncer é diagnosticado em estágios iniciais, pois isso oferece a melhor chance de cura.

Nos casos em que a doença está mais avançada, pode ser necessário realizar a ressecção de uma parte do intestino delgado, o que pode impactar a função intestinal, mas é fundamental para controlar a progressão do câncer.

Além da cirurgia, a quimioterapia e a radioterapia desempenham papéis importantes no tratamento de casos avançados ou metastáticos. Esses tratamentos são frequentemente utilizados para reduzir a massa tumoral e controlar os sintomas, além de serem indicados para tipos específicos de câncer de intestino delgado, como linfomas e sarcomas, que podem responder de maneira diferente às terapias.

A combinação de cirurgia, a quimioterapia e a radioterapia podem variar de acordo com a situação individual de cada paciente, e o acompanhamento regular com uma equipe multidisciplinar é essencial para otimizar as perspectivas de tratamento e a qualidade de vida.

Importância do Diagnóstico Precoce

O câncer de intestino delgado pode ser assintomático nos estágios iniciais, mas, quando detectado precocemente, as chances de sucesso no tratamento aumentam significativamente. Por isso, é essencial que pessoas com fatores de risco ou sintomas persistentes busquem atendimento médico para uma avaliação completa.

A conscientização sobre essa doença é crucial para que mais diagnósticos sejam realizados em estágios curáveis, proporcionando melhores perspectivas de vida aos pacientes.

Revisão médica:

Dra. Fernanda Frozoni Antonacio

Oncologista Clínica

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