Portocath: o que é, para que serve, benefícios, como é colocado e cuidados

O Portocath é um dispositivo de acesso venoso central amplamente utilizado na realização de quimioterapia, pois facilita a administração de medicamentos quimioterápicos diretamente na veia, além de soro ou outros medicamentos.

Entre os principais benefícios do Portocath estão a comodidade, segurança e conforto que proporciona aos pacientes em tratamento oncológico. Ele evita punções venosas repetidas e o risco de extravasamento de quimioterápicos na pele, tornando o tratamento mais seguro e menos invasivo.

A instalação do Portocath, também conhecido como cateter totalmente implantável de longa permanência ou Port-a-Cath, é feita por um cirurgião vascular ou radiologista intervencionista, em ambiente hospitalar, sob anestesia local, com ou sem sedação.

Na oncologia, o Portocath tem como principal função facilitar a aplicação da quimioterapia por meio de um cateter implantado na veia jugular, com acesso localizado sob a pele, na região do peito. Entenda como é feita a quimioterapia.

Além disso, pode ser utilizado para:

• Aplicação de soro e outros medicamentos;
• Transfusões de sangue e hemoderivados;
• Coleta de sangue para exames laboratoriais.

Os principais benefícios do uso do Portocath durante a quimioterapia incluem:

• Menor risco de infecção devido ao acesso central;
• Conforto e comodidade para aplicações de medicamentos;
• Redução do número de punções venosas;
• Diminuição do risco de extravasamento de quimioterápicos vesicantes, como doxorrubicina, vincristina e paclitaxel;
• Prevenção de inflamação na veia devido ao uso de medicamentos irritantes;
• Maior liberdade e mobilidade para atividades diárias.

Adicionalmente, ele permite a administração de quimioterápicos em casa, como ocorre com infusores elastoméricos ou bombas de infusão portátil conectadas ao dispositivo.

A indicação para a colocação do Portocath deve ser feita pelo oncologista, enquanto o procedimento em si é realizado por um radiologista intervencionista ou cirurgião vascular.

Para a colocação do Portocath, recomenda-se:

1. Exames de sangue: Devem ser realizados de 2 a 3 dias antes do procedimento ou conforme orientação médica.
2. Informar o uso de anticoagulantes: Medicamentos como ácido acetilsalicílico, clopidogrel ou heparina podem precisar ser suspensos para reduzir o risco de sangramentos.
3. Jejum: É necessário jejum absoluto na noite anterior, devido à aplicação de anestesia local e/ou sedação.

A instalação do Portocath é realizada no hospital, por um cirurgião vascular ou radiologista intervencionista, e dura cerca de 30 a 60 minutos. O procedimento segue os seguintes passos:

1. Punção de uma veia no braço para administração de soro, sedação ou anestesia;
2. Aplicação de anestesia local;
3. Assepsia da região do tórax;
4. Incisão na pele do pescoço para acesso à veia jugular, subclávia ou veia cava superior;
5. Inserção do cateter na veia;
6. Criação de uma “bolsa” subcutânea no tórax para alojar o reservatório do Portocath;
7. Realização de um raio X para confirmar o posicionamento correto;
8. Teste do funcionamento do cateter com soro fisiológico e heparina;
9. Sutura das incisões e curativo.

Após o procedimento, o paciente pode retornar para casa no mesmo dia, após um período de observação.

Pode-se ficar com o Portocath pelo tempo que for necessário para o tratamento oncológico, por semanas, meses ou até anos. Confira os principais tipos de tratamento oncológico.

Nos primeiros 1 a 2 dias, é comum sentir dor ou desconforto no local das incisões, que podem ser aliviados com analgésicos prescritos pelo médico. Pequenos sangramentos ou hematomas também são esperados. Se indicado pelo médico, o Portocath pode ser utilizado para quimioterapia já no mesmo dia da colocação.

Após a colocação do Portocath alguns cuidados são importantes, como:

• Evitar pressionar as regiões com cortes ou usar sutiãs apertados sobre os cortes, por 1 a 2 dias;
• Evitar carregar pesos ou fazer exercícios extenuantes, por pelo menos 1 semana;
• Remover o curativo dos cortes, cerca de 2 dias após o procedimento, ou conforme orientado pelo médico;
• Cobrir com gaze estéril e micropore, caso ainda tenha sangue no local dos cortes;
• Evitar usar banheira, sauna ou nadar por pelo menos 1 semana;
• Tomar os remédios, conforme recomendado pelo médico.

Além disso, cerca de 10 a 15 dias após a colocação do Portocath, deve-se voltar ao médico para retirar os pontos.

O Portocath é formado por duas partes, que são o cateter que fica dentro da veia e o reservatório ou lúmen, que fica sob a pele do tórax, que pode ter formato redondo, oval ou triangular. Esse lúmen ou reservatório pode ter um ponto apenas de acesso para aplicar a quimioterapia, chamado Portocath de lúmen único, ou dois pontos de acesso, chamado Portocath de lúmen duplo. O tipo de Portocath a ser colocado, deve ser indicado pelo médico, de acordo com as necessidades do paciente em jornada oncológica.

A aplicação da quimioterapia pelo Portocath é feita pelo enfermeiro, no hospital.

Para aplicar a quimioterapia pelo Portocath, o enfermeiro deve:

1. Fazer a assepsia da pele no tórax, na região do reservatório do Portocath;
2. Fazer a punção do Portocath, através do seu reservatório, com uma agulha de Portocath, que é específica para isso;
3. Aplicar cerca de 10 mL de soro fisiológico estéril para avaliar se o cateter está funcionando perfeitamente e se não existem obstruções;
4. Colocar um curativo estéril sobre a pele;
5. Aplicar o soro com remédios para a pré-quimioterapia, para evitar náuseas, vômitos ou reações alérgicas;
6. Aplicar a quimioterapia pelo Portocath, através da agulha.

Ao final da quimioterapia, é aplicada uma solução de soro fisiológico com heparina ou apenas soro fisiológico para “limpar” o reservatório do Portocath. Veja também outras dúvidas sobre a quimioterapia.

A limpeza do cateter deve ser feita a cada 4 a 6 semanas, quando o Portocath não é utilizado. Essa “limpeza” é feita pela enfermagem que faz o acompanhamento do paciente em jornada oncológica, com salinização ou heparinização do cateter, evitando obstrução por coágulos.

As principais complicações da colocação do Portocath são infecção no local dos cortes, sangramentos, hemorragias, alergia ao anestésico ou pneumotórax. Além disso, também existe o risco do cateter estar mal posicionado, se deslocar ou ficar obstruído por coágulos.

É importante ir ao hospital se surgir:

• Febre, acima de 38ºC;
• Calafrios;
• Dor, inchaço, vermelhidão, secreção ou pus no local dos cortes na pele;
• Sangramento ou hemorragia intensa no local dos cortes;
• Dor no peito súbita;
• Falta de ar ou dificuldade para respirar.
• Inchaço no pescoço ou rosto.

A instalação não é recomendada para pacientes que optem por não utilizá-lo ou apresentem condições de coagulação que aumentem o risco do procedimento. Nestes casos, a avaliação médica deve ser personalizada.