Hematologia: o que é, qual câncer trata e principais tratamentos

A hematologia é a área da medicina especializada em diagnosticar, tratar e monitorar doenças que afetam a medula óssea, sangue e sistema linfático, como leucemias, linfomas ou mieloma múltiplo. Veja quais os tipos de câncer no sangue são tratados pelo onco-hematologista e principais tratamentos

O que é hematologia?

A hematologia é uma área da medicina especializada no estudo, diagnóstico, tratamento e monitoramento de doenças que afetam o sangue, a medula óssea e o sistema linfático. Essa especialidade abrange tanto condições benignas quanto malignas. Quando se trata de câncer no sangue, o cuidado é conduzido pelo onco-hematologista, um profissional com treinamento adicional em tumores hematológicos.

Os principais tipos de câncer no sangue incluem leucemias, linfomas, mieloma múltiplo, síndromes mielodisplásicas e policitemia vera, entre outros.

O tratamento dessas doenças varia conforme o tipo e estágio do câncer e pode envolver quimioterapia, radioterapia, imunoterapia ou transplante de medula óssea.

Quais os tipos de câncer no sangue o onco-hematologista trata?

Os principais tipos de câncer no sangue que são tratados pelo onco-hematologista são:

  • Leucemia mielóide aguda (LMA) ou crônica (LMC);
  • Leucemia linfóide aguda (LMA) ou crônica (LMC);
  • Linfoma de Hodgkin e linfoma não Hodgkin;
  • Linfoma de Burkitt;
  • Linfoma de células do manto (LCM);
  • Linfoma de células T do adulto (ATLL);
  • Mieloma múltiplo;
  • Síndromes mielodisplásicas;
  • Mielofibrose;
  • Policitemia vera.

O tratamento do câncer no sangue é individualizado, levando em conta o tipo de tumor, seu estágio e o estado geral de saúde do paciente. O onco-hematologista é o profissional indicado para planejar e supervisionar o tratamento.

O câncer aparece no exame de sangue?

O câncer hematológico pode ser suspeitado quando o exame de sangue, como o hemograma, apresenta alterações significativas, tais como:

  • Quantidade alterada de glóbulos brancos (leucócitos), glóbulos vermelhos (hemácias) ou plaquetas;
  • Presença de células jovens (blastos) que indicam alterações na medula óssea, responsável pela produção das células sanguíneas.

No entanto, o diagnóstico definitivo não é feito apenas com exames de sangue. É necessário realizar outros exames, como mielograma, biópsia de medula óssea ou linfonodos, além de exames de imagem, análise dos sintomas e avaliação clínica detalhada.

Veja os principais exames para o câncer hematológico.

Quais são os sintomas de câncer no sangue?

Os principais sintomas de câncer no sangue são:

  • Fadiga ou cansaço excessivo;
  • Febre persistente ou calafrios;
  • Suor noturno;
  • Sangramentos ou hematomas fáceis, não relacionados a trauma;
  • Perda de peso sem motivo aparente;
  • Dor nos ossos ou articulações.

Outros sinais incluem infecções frequentes, aumento do baço ou fígado e linfonodos aumentados, geralmente na virilha, axilas, pescoço ou clavícula. É importante estar atento aos sintomas e procurar avaliação médica, especialmente em casos persistentes ou progressivos. Veja também como identificar os sintomas de leucemia aguda e leucemia crônica.

Infecção no sangue pode virar câncer?

Não. Infecções no sangue, conhecidas como sepse, não se transformam em câncer no sangue. O câncer no sangue surge devido a alterações genéticas (mutação no DNA) das células da medula óssea, levando à multiplicação descontrolada dessas células. Já a sepse é uma condição inflamatória grave causada pela disseminação de microrganismos na corrente sanguínea.

Quando consultar o médico?

Deve-se procurar um hematologista ou onco-hematologista ao observar sintomas sugestivos de câncer no sangue, especialmente se persistirem por semanas. Além disso, alterações em exames laboratoriais também podem indicar a necessidade de avaliação especializada.

Quais os tratamentos para o câncer no sangue?

O tratamento do câncer hematológico é adaptado ao tipo de tumor, estágio da doença e condições clínicas do paciente. As opções incluem:

  1. Quimioterapia

A quimioterapia é um dos principais tratamentos para linfomas, leucemias, mieloma múltiplo ou síndromes mielodisplásicas, sendo feito com remédios quimioterápicos que provocam a morte das células tumorais. Esse tipo de tratamento geralmente é feito com uma associação de quimioterápicos, como ciclofosfamida, vincristina, doxorrubicina, daunorrubicina, metotrexato, citarabina ou hidroxiureia, bendamustina, azacitidina ou decitabina, por exemplo. O tipo de quimioterapia deve ser indicado pelo onco-hematologista, podendo ser feita ser combinada com outros remédios, como corticosteroides, ou associado a terapias complementares, dependendo do caso. Entenda como é feita a quimioterapia.

  1. Radioterapia

Indicada principalmente para linfomas, a radioterapia utiliza radiação para destruir células tumorais localizadas nos linfonodos ou outros tecidos. Esse tipo de tratamento pode ser feito junto com outros tratamentos, como quimioterapia, terapia alvo ou imunoterapia, por exemplo. Veja como é feito o tratamento do linfoma de Hodgkin e linfoma não Hodgkin.

  1. Imunoterapia

A imunoterapia é um tipo de tratamento para linfomas, leucemias ou mieloma múltiplo, com o objetivo de estimular o sistema imunológico a reconhecer e combater as células tumorais.

Os principais imunoterápicos que podem ser indicados são:

  • Anticorpos monoclonais, como rituximabe, blinatumomabe, obinutuzumabe;
  • Inibidores de check-point, como nivolumabe ou pembrolizumabe;
  • Inibidores da JAK, como o ruxolitinibe.

Esse tipo de tratamento pode ser feito associado à quimioterapia e/ou radioterapia, por exemplo, de acordo com o tipo de neoplasia hematológica e estágio do tumor. Veja também os principais efeitos colaterais da imunoterapia.

  1. Transplante de medula óssea

O transplante de medula óssea pode ser indicado para o tratamento de leucemias, linfomas e mieloma múltiplo, por exemplo. Esse tipo de tratamento pode ser feito utilizando a medula óssea da própria pessoa, chamado transplante de medula óssea autólogo, ou com a medula óssea de um doador, conhecido como transplante de medula óssea alogênico. Entenda como é feito o transplante de medula óssea.

  1. CAR-T-cell

O tratamento com CAR-T-cell é um tipo de terapia gênica indicada para leucemia linfoide aguda, mieloma múltiplo ou alguns tipos de linfoma resistentes a outros tratamentos. Esse tipo de tratamento utiliza linfócitos T modificados geneticamente para combater células tumorais.

  1. Terapia suporte

Focada em aliviar os sintomas do câncer ou os efeitos colaterais do tratamento, como dor, náuseas ou infecções, garantindo melhor qualidade de vida ao paciente.

  1. Cuidados paliativos

Incluem suporte emocional, nutricional e manejo dos sintomas em todas as fases da doença, promovendo conforto ao paciente e à sua família.

Quais os cuidados durante o tratamento?

Alguns cuidados são importantes durante a o tratamento do câncer hematológico, como:

  • Manter o corpo hidratado, bebendo pelo menos 2 litros de água por dia;
  • Tomar os remédios corretamente, conforme orientado pelo médico;
  • Lavar as mãos frequentemente, com água e sabonete neutro, principalmente antes e após ir ao banheiro, comer, cozinhar ou tocar animais;
  • Evitar tocar em superfícies e levar as mãos sujas aos olhos, boca ou nariz;
  • Higienizar bem os alimentos, como verduras, legumes e frutas, e evitar comer alimentos mal passados ou crus;
  • Evitar o contato com pessoas que estejam com gripes, resfriados ou outros tipos de infecção;
  • Evitar permanecer em ambientes fechados ou com muitas pessoas e com pouca circulação de ar;
  • Não fumar e evitar ingerir bebidas alcoólicas.

Quais os efeitos colaterais do tratamento?

Os principais efeitos colaterais da do tratamento do câncer hematológico são náuseas, vômitos, perda do apetite, alteração do paladar, cansaço, queda de cabelo ou alterações cardíacas, por exemplo. Além disso, também podem surgir anemia ou infecções devido a baixa imunidade provocada principalmente pela quimioterapia. Vale ressaltar que os efeitos colaterais do tratamento de tumores hematológicos variam de acordo com o tipo de tratamento que está sendo realizado e a resposta individual de cada paciente.

Revisão médica:

Dra. Fernanda Frozoni Antonacio

Oncologista Clínica

Compartilhe este artigo