O que é câncer de apêndice, quais são os fatores de risco e como tratar?

O câncer de apêndice é uma neoplasia rara, originada no apêndice, um pequeno órgão localizado no intestino grosso.

Essa condição representa menos de 1% dos cânceres gastrointestinais, e a forma mais comum é o adenocarcinoma, que representa cerca de 60% dos casos. O câncer de apêndice também inclui outros subtipos, como o carcinoma mucinoso e o tumor neuroendócrino, cada um com características e comportamentos específicos.

O que é o câncer de apêndice?

O câncer de apêndice ocorre quando células anormais começam a crescer de forma descontrolada no apêndice. Esse crescimento anormal pode originar tumores com diferentes características histológicas, como:

  • Carcinoma mucinoso: caracterizado pela produção de muco, que pode se acumular na cavidade abdominal e causar uma condição conhecida como pseudomixoma peritoneal.
  • Adenocarcinoma: uma das formas mais agressivas, com propensão a invadir tecidos vizinhos.
  • Tumor neuroendócrino: uma variante geralmente menos agressiva, com um comportamento distinto e um prognóstico mais favorável em comparação a outros tipos de câncer de apêndice.

Por ser raro, o câncer de apêndice é frequentemente detectado incidentalmente durante cirurgias de apendicite ou em exames de imagem para outras condições abdominais. Essa descoberta incidental é comum devido à ausência de sintomas específicos nas fases iniciais da doença.

Fatores de Risco para o Câncer de Apêndice

Embora os fatores de risco do câncer de apêndice ainda não sejam completamente compreendidos, alguns aspectos podem influenciar o surgimento da doença, tais como:

  • Idade: o câncer de apêndice é mais comum em adultos entre 40 e 60 anos.
  • Gênero: estudos sugerem que as mulheres podem apresentar uma leve predominância na incidência do câncer de apêndice, embora as razões para isso não sejam claras.
  • Condições hereditárias: algumas síndromes genéticas, como a síndrome de Lynch, aumentam o risco de diversos tipos de câncer, incluindo o de apêndice.

Sintomas do Câncer de Apêndice

Os sintomas do câncer de apêndice variam amplamente e são, muitas vezes, confundidos com outras doenças gastrointestinais, como a apendicite. Os sinais mais comuns incluem:

  • Dor abdominal persistente: geralmente na região inferior direita, semelhante à dor de apendicite.
  • Distensão abdominal: especialmente nos casos de pseudomixoma peritoneal, causada pelo acúmulo de muco na cavidade abdominal.
  • Alterações no hábito intestinal: sintomas como diarreia, constipação e dificuldade para evacuar.
  • Perda de peso inexplicável e fadiga: sinais comuns de cânceres mais avançados.
  • Náuseas e vômitos: ocorrem em casos de obstrução intestinal.

Esses sintomas, quando persistentes, requerem avaliação médica para descartar ou diagnosticar precocemente o câncer de apêndice.

Como diagnosticar o câncer de apêndice?

O câncer de apêndice não possui sintomas evidentes em seus estágios iniciais. Muitas vezes, ele é descoberto acidentalmente durante uma cirurgia de apendicectomia ou outros procedimentos abdominais.

Por isso, é importante realizar exames preventivos para o rastreio da doença.

Tomografia computadorizada (TC): exame de imagem que detecta tumores no apêndice ou sinais de disseminação para o peritônio (membrana que recobre a cavidade abdominal).

Ressonância magnética (RM): usada para identificar o tamanho e a localização do tumor, bem como a possível invasão de outros órgãos.

Exames de sangue: realizados para avaliar marcadores tumorais específicos que ajudam no diagnóstico e monitoramento do câncer.

Biópsia: é necessária para confirmar o tipo específico de câncer presente no apêndice.

Qual é o tratamento do câncer de apêndice?

O tratamento do câncer de apêndice é definido com base no tipo de tumor, estágio da doença e presença de metástases. As principais abordagens incluem:

  • Apendicectomia: remoção do apêndice, recomendada para casos iniciais.
  • Hemicolectomia: cirurgia que remove parte do cólon adjacente, indicada quando o câncer se espalha para estruturas próximas.
  • Quimioterapia: aplicada nos estágios avançados, especialmente quando há envolvimento de linfonodos ou disseminação peritoneal. A quimioterapia intraperitoneal aquecida (HIPEC) pode ser combinada com cirurgia para tratar casos de pseudomixoma peritoneal, oferecendo melhor controle da doença.
  • Cirurgia Citorredutora com HIPEC: uma abordagem intensiva indicada para casos com disseminação peritoneal, onde o tumor é removido e, em seguida, o paciente recebe uma infusão de quimioterapia aquecida diretamente no abdômen, visando eliminar células tumorais residuais.

Qual é o prognóstico e a prevenção para o câncer de apêndice?

O prognóstico para o câncer de apêndice varia conforme o tipo e estágio do tumor no momento do diagnóstico. Tumores neuroendócrinos geralmente apresentam uma evolução mais favorável, enquanto o adenocarcinoma pode ser mais agressivo. A taxa de sobrevida é influenciada pela resposta ao tratamento e pela detecção precoce.

Não há diretrizes específicas para a prevenção do câncer de apêndice devido à sua raridade e ao desconhecimento de fatores de risco claros. No entanto, exames de imagem feitos por outras razões, como ultrassonografias e tomografias, podem eventualmente identificar tumores no apêndice, aumentando as chances de detecção precoce.

Em resumo, embora o câncer de apêndice seja raro e muitas vezes silencioso, é importante estar atento a sintomas persistentes e realizar exames abdominais de rotina. A detecção precoce e um plano de tratamento adequado com especialistas em oncologia e cirurgia abdominal podem melhorar o prognóstico e a qualidade de vida dos pacientes diagnosticados com essa condição.

Revisão médica:

Dra. Fernanda Frozoni Antonacio

Oncologista Clínica

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