O tempo de gestação ideal para que o bebê humano desenvolva membros, órgãos e tecidos adequadamente, desde a concepção até o momento do nascimento, é de 38 a 42 semanas. No entanto, no mundo, por ano, cerca de 15 milhões de bebês nascem prematuros. Esse número, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), equivale a 10% do total de nascimentos anualmente.
Além de ser algo relativamente comum, é um problema que, além de poder ocasionar alguma defasagem no desenvolvimento do bebê, afeta os cofres públicos. Em média, um bebê prematuro, segundo a ONG Prematuridade.com permanece internado por 51 dias.
No Brasil, segundo a Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/Fiocruz), a taxa de prematuridade é de 11,5% e, segundo levantamento do Centro Paulista de Economia da Saúde da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), bebês prematuros custam aos cofres públicos cerca de 8 bilhões de reais todos os anos, em uma estimativa conservadora, já que o estudo considerou o custo da prematuridade por dia em cada recém-nascido.
O que é caracterizado como parto prematuro?
O parto prematuro é aquele que ocorre antes de 37 semanas completas de gravidez. “Felizmente 70%, 75% dos prematuros são prematuros tardios (ou leve) que, claro, também geram custo, exigem tratamento, mas são menos dramáticos do que aqueles que nascem antes de 34 semanas”, afirma Eduardo de Souza, coordenador médico da maternidade do Hospital São Luiz – Unidade Anália Franco. A classificação segundo a idade gestacional pela ONG Prematuride.com pode ser vista na imagem abaixo.
Os bebês que nascem antes de 34 semanas têm a internação neonatal recomendada, já que o recém-nascido ainda não tem condições de saúde para ir para casa.
Qual a incidência do parto prematuro nas mulheres?
Como já foi dito, no mundo, cerca de 15 milhões de bebês nascem prematuros. A taxa dentre todos os nascimentos é de cerca de 15%. No Brasil essa taxa varia entre 5% e 15%, sendo 11,5% segundo a UNIFESP. “No Brasil, todo ano, nascem cerca de 300.000 conceptos prematuros”, completa Eduardo de Souza.
Quais são as possíveis causas do parto prematuro?
As causas da prematuridade, às vezes, são muito difíceis de serem detectadas. “O prematuro pode vir do trabalho de parto prematuro espontâneo ou da chamada prematuridade terapêutica, aquela que o médico indica”, explica Eduardo.
A principal causa é o trabalho de parto prematuro, em que o bebê simplesmente vem mais cedo. No entanto, o parto prematuro espontâneo está muito ligado ao processo de inflamação ou infecção. “Qualquer infecção materna pode determinar o parto prematuro, como a própria infecção urinária, uma inflamação das membranas, chamada de corioamnionite, entre outras”, pontua Eduardo. Outro problema que pode ocasionar o trabalho de parto prematuro é o chamado colo curto, condição em que o colo do útero fica curto e facilita o trabalho de parto.
A prematuridade terapêutica geralmente é indicada pelo médico quando a gestante, apresenta algum tipo de patologia, como, por exemplo, hipertensão e diabetes. Além disso, gestantes anêmicas, desnutridas, que fumam, que bebem, que usam drogas e/ou que possuem nível socioeconômico cultural adverso podem apresentar prematuridade. “Uma boa estratégia para tentar prevenir a prematuridade é a realização da ultrassonografia morfológica rotineira entre 20 e 24 semanas de gestação”, completa Eduardo.
A COVID-19 pode ser precursora do parto prematuro?
“Não podemos dizer que a COVID tem a ver com prematuridade. O vírus aumentou a prematuridade terapêutica”, afirma o médico do da Maternidade do Hospital São Luiz. No entanto, pacientes com a infecção por coronavírus, que serão entubadas, podem ter a recomendação médica do parto prematuro terapêutico.
Bebês que nascem prematuramente são saudáveis?
“Não, ele tem que nascer com mais de 37 semanas”, reforça Eduardo. Segundo o médico, antes disso, o bebê ainda não terminou de se desenvolver e pode conter órgãos prematuros, como o cérebro, pulmão, rim, fígado e o sistema imunológico. Dependendo do grau de imaturidade, o recém-nascido precisará de tratamento, geralmente na UTI neonatal, para diminuir ao máximo a possibilidade de sequelas. Esse é o grande problema da prematuridade, o principal é a prevenção para evitar as sequelas nos recém-nascidos. “Essas sequelas, dependendo da extensão e da gravidade, podem trazer repercussão na idade infantil e até na idade adulta”, conclui Eduardo de Souza.