Em casos mais graves, a hemólise (destruição das hemácias) pode provocar problemas, como a congestão hepática e hidropisia fetal (acúmulo de líquidos em várias partes do corpo do bebê ainda durante a gestação), associados à insuficiência cardíaca.
Atualmente, é bem difícil um recém-nascido sofrer com essa anemia no século XXI. A Dra. Katia Kosorus nos conta como a evolução da medicina teve um papel fundamental.
“Felizmente, há algumas décadas, está disponível a imunoglobulina anti-D para ser aplicada após situações de risco para sensibilização de uma mulher com Rh negativo, sendo elas: após um aborto ou sangramento durante a gestação, procedimentos invasivos na gestação (amniocentese), sangramentos durante a gestação, último trimestre da gestação e até três dias após o parto se o bebê tiver Rh positivo. Assim, uma mulher Rh negativo não será sensibilizada por hemácias Rh positivo, impedindo de ter um bebê com eritroblastose no futuro”.
O que causa a eritroblastose fetal?
Na maioria dos casos, ela ocorre devido a uma incompatibilidade entre o fator Rh da mãe e de seu filho. Nas células sanguíneas, existe uma enorme variedade de antígenos capazes de produzir uma resposta imunológica, devido a presença dos antígenos nas hemácias e anticorpos no plasma, sendo responsáveis por reações de aglutinação.
No sistema ABO de grupos sanguíneos, temos a ocorrência natural de anticorpos. Já quando falamos no sistema Rh, uma pessoa deve ser exposta ao antígeno Rh para que seu corpo passe a produzir anticorpos. Pessoas com Rh negativo não possuem o antígeno D, ao contrário de pessoas com Rh positivo.
No caso da eritroblastose fetal, o problema surge quando a mãe Rh negativo, previamente exposta, tem uma gestação de um filho Rh positivo. A mãe pode ser sensibilizada ao antígeno D por uma gestação prévia de um filho Rh positivo ou por exposição a hemoderivados. Ao receber o estímulo antigênico, a mãe passa a produzir um anticorpo anti-D.
De acordo com a Dra. Katia Kosorus, aplicar a imunoglobulina anti-D é muito importante para não agravar o problema em uma mãe com Rh negativo: “A mãe Rh negativo que tiver sido sensibilizada não corre risco de vida, porém se ela ficar grávida e este feto for Rh positivo, este poderá ter anemia dentro de seu útero e evoluir para óbito”.
Ainda é importante frisar que se um casal for Rh positivo e Rh negativo, eles devem fazer exames, como diz a Dra. Kosorus: “Se a mulher for Rh negativo, é importante saber se ela possui anticorpos anti-D, solicitando exame chamado Pesquisa de Anticorpos Irregulares. Se o cônjuge for Rh positivo, ela poderá gestar um feto Rh positivo e se ela já tiver sido sensibilizada (Pesquisa de Anticorpo Irregular positivo para anti-D). Caso o homem seja Rh negativo, isso não gerará problemas quanto à eritroblastose fetal”.
Como é feito o diagnóstico de eritroblastose fetal?
É de estrita importância que a eritroblastose fetal seja feita precocemente, para assim, evitar complicações para o bebê. É preciso que a mulher tenha um acompanhamento adequado do pré-natal. Um dos exames feitos é o teste de Coombs, o qual avalia a presença de anticorpos. O tipo sanguíneo do feto pode ser definido por meio da amniocentese.
Além disso, a ultrassonografia acaba auxiliando na detecção de alterações no bebê em desenvolvimento, bem como o acúmulo de líquidos em diferentes partes do corpo do feto.
Sinais e sintomas da eritroblastose fetal
Uma das principais causas observadas é a anemia intensa. A criança também pode apresentar icterícia, que se manifesta com a pele e mucosas amareladas em virtude do acúmulo de bilirrubina, sendo um resultado da degradação da hemoglobina. Em casos mais graves da doença, a criança pode apresentar inchaço generalizado, hidropsia fetal, ascite, hepatomegalia e esplenomegalia.
Como é feita a prevenção e o tratamento?
Como é feita a prevenção e o tratamento?
A Dra. Katia Kosorus nos contou sobre a importância da aplicação da imunoglobulina nas mulheres de Rh negativo, mas também apontou uma série de prevenções nos seguintes cenários:
- após aborto;
- após gestação ectópica;
- após sangramento na gestação;
- após procedimento invasivo na gestação;
- às 28 semanas de gestação (período a partir do qual ocorrem micro-hemorragias);
- no pós-parto, idealmente em até três dias, se o bebê for Rh positivo.
O tratamento da eritroblastose fetal demanda equipe de Medicina Fetal especializada que acompanhará o nível de anemia fetal pelo estudo dopplervelocimétrico da artéria cerebral média e por meio deste exame ultrassonográfico, indicará transfusão sanguínea ainda intrauterina. Ou mesmo, antecipação do parto.