Ao nascer, por meio de parto normal ou cesariana, o contato do bebê com a pele da mãe, próximo ao peito ou ao abdômen, promove benefícios fisiológicos e emocionais.
“A hora de ouro é mágica porque mantém o calor do recém-nascido; mãe e bebê se descobrem e reforçam os vínculos; os níveis de ocitocina continuam a subir e ocorre uma descarga de prolactina, o que favorece a amamentação”, explica Ana Liliam Bonato Rossi Barreto, Supervisora de Enfermagem do Centro Obstétrico do Hospital e Maternidade São Luiz Itaim, em São Paulo (SP). Ocitocina e prolactina são dois hormônios fundamentais que funcionam como estímulo à amamentação.
Conforta e induz ao aleitamento
De fato, quando o bebê deixa a barriga materna, ele passa por uma mudança repentina de temperatura. A proximidade com a mãe ajuda na termorregulação e na adaptação fora do útero.
“Além do reconfortante calor no corpo, a sensação de estar perto do tão conhecido barulho do coração da mãe traz segurança e acalma o recém-nascido, proporcionando estabilização de parâmetros como batimentos cardíacos”, diz a enfermeira obstetra.
O misto de estímulos do novo ambiente com o aconchego da mãe faz com que muitos bebês procurem o seio e comecem a sugá-lo espontaneamente. É uma oportunidade para estrear no processo de aleitamento. “A Organização Mundial de Saúde recomenda que a amamentação seja iniciada na primeira hora de vida, pois se associa a maior duração da amamentação, melhor interação mãe-bebê e menor risco de hemorragia materna”, explica Ana Liliam.
A redução de riscos de hemorragia após o parto se dá porque o aleitamento aumenta os níveis de ocitocina, substância que atua tanto para auxiliar a liberação de leite quanto para favorecer a contração uterina.
Reforça o sistema imunológico
O aleitamento na primeira hora de vida significa uma proteção a mais para o bebê. Está relacionado a uma redução de 22% do risco de mortalidade neonatal.
A continuidade da amamentação, por sua vez, contribui para fortalecer o sistema imunológico da criança. “Na Hora de Ouro e no prosseguimento da amamentação, damos ao bebê um legado para a vida toda; uma base de resistência contra doenças”, acrescenta Ana Liliam.
A supervisora de enfermagem do Centro Obstétrico da Rede D’Or São Luiz lembra, no entanto, que a Sociedade Brasileira de Pediatria não recomenda a Hora de Ouro para recém-nascidos com menos de 34 semanas ou hemodinamicamente instáveis, como por exemplo, aqueles que necessitam de suporte ventilatório.