A doença do novo coronavírus afeta, principalmente, o sistema respiratório. A COVID-19 é uma doença transmitida de pessoa para pessoa por meio das secreções respiratórias, como tosse e espirro. O vírus fica nas gotículas de saliva e é contraído, na maioria das vezes, em lugares fechados ou com contato próximo entre pessoas.
Por ser tão contagiosa, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou em março de 2020 uma pandemia de coronavírus. A doença apresenta maior gravidade e mortalidade em idosos e portadores de doenças crônicas; no entanto podem haver casos graves em qualquer idade.
A doença começa com um mal-estar parecido com gripe ou virose, e os principais sintomas são tosse, febre, anosmia (perda de olfato e paladar), calafrio, dores no corpo, falta de ar, náuseas e diarreias. No entanto, os sintomas dependem da gravidade da doença e variam de pessoa para pessoa. Grávidas, especialmente no terceiro trimestre, são consideradas grupo de risco para complicações.
Grávidas, bebês e crianças correm mais risco com o coronavírus?
“Sim, gestantes, principalmente as do 3º trimestre, são consideradas grupo de risco para evolução desfavorável da COVID-19, muito provavelmente porque o organismo materno sofre modificações ao longo dos 3 trimestres da gestação com alterações imunológicas, cardiovasculares e do sistema de coagulação do sangue”, afirma Fernanda Spadotto Baptista, médica obstetra do Hospital São Luiz Itaim da Rede D’Or São Luiz. Segundo a médica, as alterações no organismo materno têm seu pico máximo no 3º trimestre e podem tornar a gestante mais suscetível a infecções e suas consequências.
Uma pesquisa do médico francês Ramy Rahmé, da Universidade de Paris, reuniu vários estudos para formar um gráfico. A pesquisa informa que 30% dos infectados não apresenta sintomas, 55% apresenta sintomas moderados, 10% apresenta sintomas graves e 5% apresenta sintomas críticos. A taxa de mortalidade de quem apresenta sintomas graves é 15%, enquanto a de quem apresenta sintomas críticos é 50%.
“São grupo de risco para formas críticas, pacientes obesos, asmáticos ou com algum problema pulmonar, cardiopatias, imunodeprimidos e idosos, principalmente. Se a grávida ainda apresentar uma dessas comorbidades, ela aumenta significativamente o seu risco de evoluir desfavoravelmente.”, pontua Fernanda.
Bebês e crianças não fazem parte do grupo de risco, salvo exceção, é claro. A evolução da doença nos mais jovens geralmente é benigna e assintomática.
O coronavírus prejudica o bebê dentro da barriga?
“Até aqui a literatura e a nossa experiência com casos acompanhados no Brasil, mostra que a chance de malformações é praticamente inexistente.”, afirma Fernanda Spadotto. Segundo ela, a taxa de transmissão intra útero, no parto e na amamentação existem mas são extremamente baixas. Além disso, depende de uma maior carga viral materna, ou seja, aquelas gestantes com quadros mais graves. Mesmo assim, não chegam a ser um problema. “Os bebês que nascem nessa condição, de se contaminarem dentro do útero, normalmente têm uma evolução extremamente benigna.”, completa.
Existem relatos de literatura com número de casos ainda insuficientes para uma conclusão definitiva, que as gestantes que tenham contraído o vírus na metade da gestação podem cursar com restrição do crescimento fetal. Em relação à amamentação, a nutriz não deve interromper a amamentação se contrair o coronavírus, mas deve ter cuidados de higiene para fazê-la.
Quais são os maiores riscos da COVID-19 para a gravidez?
“O principal risco, sem sombra de dúvida, para uma gestante que contrair a COVID-19, é da má evolução clínica materna, com evolução para uma forma crítica da doença.”, afirma Fernanda. Gestantes com sintomas críticos podem sofrer duas consequências: partos prematuros (ou por sofrimento fetal diante a doença crítica ou por piora clínica materna importante), ou, no desfecho mais grave, evolução para um caso de morte materna.
As vacinas de coronavírus são seguras para grávidas?
Em relação às vacinas, as duas foram liberadas para o uso emergencial aqui no Brasil (CoronaVac e Oxford/AstraZeneca). A vacina chinesa utiliza o mesmo método da vacina da gripe, que já foi testada e é utilizada em gestantes com abrangência. No entanto, a vacina da Sinovac, em específico, ainda não foi testada em gestantes.
No entanto, devido ao aumento de casos e mortes por Covid, o Ministério da Saúde publicou uma nota técnica recomendando a vacinação de gestantes, puérperas e lactantes. “ Na segunda onda, a morte materna por Covid aumentou e por isso a nota técnica recomenda a vacinação de profissionais da saúde gestantes e outras gestantes do grupo de risco”, aponta Fernanda.
Apesar da falta de evidências, a urgência do posicionamento pelo Ministério da Saúde nesse assunto surge da necessidade mundial de combater a pandemia do coronavírus e, principalmente, no caso de gestantes, devido ao maior risco de complicações que elas e seus bebês enfrentam quando infectados pelo vírus.
Estudos também sugerem que pode haver benefícios adicionais da vacinação na gravidez. Um estudo publicado na revista JAMA Pediatrics demonstrou que mulheres que foram infectadas por Covid-19 transferem anticorpos protetores para os seus bebês de forma eficiente.
Quem amamenta pode tomar vacina contra a COVID-19?
“A paciente que está amamentando tem muito mais chance de transmitir o vírus de maneira aerossol para o bebê que está amamentando do que pelo leite”, afirma Fernanda.
Por isso, é necessário dobrar o cuidado a partir da manifestação do primeiro sintoma até o fim do 15º dia (intervalo de transmissão). Alguns cuidados incluem: amamentar de máscara, trocar de máscara a cada duas horas, lavar muito bem as mãos antes de amamentar, fazer a higiene dos seios antes de amamentar, tomar banho e prender os cabelos.
Estudos recentes também sugeriram que pode haver benefícios adicionais na gravidez. Um estudo publicado na revista JAMA Pediatrics demonstrou que mulheres que foram infectadas por Covid-19 transferem anticorpos protetores para os seus bebês de forma eficiente.