Durante a gravidez, são vivenciadas diversas fases, desde o medo de algo “desconhecido” (se for de primeira viagem) até a ansiedade pela chegada daquela nova vida. Há algumas ferramentas que podem tornar esse momento mais tranquilo e, quem sabe, até mais leve.
Uma delas é o chamado plano de parto que, basicamente, é elaborado durante a gravidez entre o casal (ou a pessoa que está grávida) e a equipe médica que acompanha a gestante. Esse documento garante que todas as vontades dessa pessoa sejam respeitadas antes, durante e depois do parto.
De acordo com Erica Layre, supervisora de enfermagem da Maternidade do Hospital Brasil, da Rede D’Or São Luiz, o principal objetivo do plano de parto é estreitar a comunicação entre a equipe e a família.
“O foco da equipe está em compreender quais são as expectativas do casal e/ou família para este momento tão único que é o nascimento do bebê. Só assim poderemos fazer a diferença de forma singular e especial, respeitando suas individualidades e particularidades”, explica.
Apesar de não ser um documento obrigatório, o plano de parto é uma forma de planejar melhor esse momento e, aos poucos, ir se preparando para a hora do parto. A ferramenta, inclusive, é recomendada pelo Ministério da Saúde e pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
“O plano de parto é um direito dessa mulher e deve ser respeitado pelas instituições. Também é uma oportunidade para o casal ou para a gestante e o acompanhante se prepararem para o que vai acontecer no trabalho de parto. Com isso, incluir o que é de mais importante”, esclarece a supervisora de enfermagem.
Como elaborar um plano de parto?
Não existe um modelo exato que deve ser seguido. O documento pode ser em formato de lista (para facilitar) ou de um texto corrido. Também pode ser escrito em próprio punho ou de forma digital. Algumas maternidades, inclusive, possuem modelos já prontos nos quais a gestante pode fazer um check em suas preferências – caso da Maternidade do Hospital Brasil.
Nesse documento, é possível escolher diversas opções, inclusive como será o trabalho de parto. Veja alguns exemplos:
● presença de um acompanhante da minha escolha;
● sem tricotomia (raspagem dos pelos pubianos) e enema (lavagem intestinal);
● liberdade para caminhar e escolher a posição que quero ficar.
No parto, é possível escolher posição e até as luzes do ambiente; veja alguns exemplos:
● escolher a posição mais confortável e eficiente para a expulsão;
● gostaria de um ambiente especialmente calmo nessa hora;
● que o bebê seja colocado imediatamente em contato pele a pele, com liberdade para amamentar se as condições forem favoráveis.
Mais exemplos no “após o parto”:
● aguardar a expulsão espontânea da placenta, sem manobras, tração ou massagens;
● quero ter o bebê comigo o tempo todo enquanto eu estiver na sala de parto;
● liberação para o apartamento o quanto antes, com o bebê, se as minhas condições forem favoráveis.
Há também como incluir os cuidados com o recém-nascido; confira alguns exemplos:
● quero fazer a amamentação sob livre demanda;
● não oferecer água glicosada, bicos ou qualquer outra coisa ao bebê, sem orientação médica;
● alojamento conjunto o tempo todo. Pedirei para levar o bebê caso necessite de ajuda.
Além dessas opções, a gestante pode incluir escolhas sobre o tipo de parto que deseja. Caso a opção seja “natural”, ela deve colocar suas preferências “caso a cesária seja necessária”, por exemplo:
● esperar o início do trabalho de parto antes de efetuar a cesárea;
● manter a presença do acompanhante de escolha na sala de parto;
● anestesia: peridural/raquidiana, sem sedação em momento algum;
● na hora do nascimento gostaria que o campo fosse abaixado para que eu possa vê-lo nascer;
● gostaria que as luzes e ruídos fossem reduzidos e o ar-condicionado desligado.
Acima, são apenas alguns exemplos do que pode constar no documento, mas a gestante consegue incluir o que ela quiser. Se, em algum momento, houver risco de vida, a equipe médica deve tomar a decisão mais adequada para o momento.
“Importante citar que o plano de parto será seguido e toda mudança do que foi solicitado pela gestante, principalmente caso apresente riscos para paciente ou para o bebê, deve ser discutida antes com a gestante”, explica Layre.
Esse documento pode ser levado no dia do parto e, assim, será anexado ao prontuário da paciente. Em alguns locais, também é possível encaminhar por e-mail à unidade onde vai ocorrer o parto. “Todos os profissionais envolvidos no parto devem ler o plano para conseguir entender a melhor forma de atender a paciente”, diz a enfermeira.
Caso essa gestante não possua o documento, as escolhas devem ser respeitadas da mesma forma – em qualquer situação. “Mas é importante que a gestante saiba que tem esse instrumento que garante tudo aquilo que ela planejou e é realmente importante para ela durante o nascimento do bebê. É um direito dela e da família”.