O que é HPV, quais os sintomas e para que serve a vacina?

Entenda a relação do câncer de colo do útero e o vírus HPV, a importância da vacina e outros métodos de prevenção

O HPV (Papilomavírus Humano) é uma infecção viral comum que pode atingir a pele e as mucosas do corpo humano, tanto dos homens quanto das mulheres.

Existem mais de 200 tipos de HPV, dos quais cerca de 40 podem infectar a região genital. A infecção pelo HPV é uma das doenças sexualmente transmissíveis mais frequentes e pode ter consequências graves, incluindo o câncer de colo do útero. Os tipos de alto risco mais comuns que causam câncer de colo do útero são o HPV-16 e o HPV-18.

HPV é câncer?

O HPV é um vírus que se transmite por contato sexual, mas também por contato direto com a pele infectada. A maioria das infecções é assintomática e resolve-se espontaneamente, mas alguns tipos de HPV podem persistir e levar a outros problemas de saúde, como câncer de colo do útero.

A infecção persistente por tipos de HPV de alto risco, como o HPV-16 e o HPV-18, é a principal causa do câncer de colo do útero, sendo responsável por cerca de 70% dos casos deste tipo de câncer. Esses vírus, quando em contato persistente com as células do colo do útero, podem ocasionar alterações no organismo que, caso não tratadas adequadamente, podem evoluir para câncer invasivo ao longo de vários anos.

Quais as medidas de prevenção para o HPV?

O câncer de colo do útero é o quarto tipo de câncer mais comum entre as mulheres em todo o mundo, mas é altamente prevenível com a vacinação contra o HPV, a realização de exames de rastreamento, como o Papanicolau, e a prática sexual segura:

Exames preventivos

  • O papanicolau é fundamental para detectar precocemente lesões pré-cancerígenas no colo do útero causadas pelo HPV, possibilitando o tratamento adequado e prevenindo o desenvolvimento de câncer.
  • Mulheres entre 25 e 64 anos devem, inicialmente, realizar o exame anualmente. Após dois exames seguidos (com um intervalo de um ano) apresentando resultado normal, o preventivo pode passar a ser feito a cada três anos.

Práticas sexuais seguras

O uso de preservativo em todas as relações sexuais (penetrativas e não penetrativas) é fundamental para reduzir o risco de transmissão do HPV. A prática protege contra o contato com a pele e mucosa genital, onde o vírus está presente.

Limitar o número de parceiros sexuais também pode diminuir o risco de infecção.

Fortalecer o sistema imunológico

Adotar hábitos saudáveis, como uma alimentação balanceada, prática regular de atividades físicas, sono de qualidade e controle do estresse, contribui para fortalecer o sistema imunológico e auxiliar na prevenção de infecções, inclusive pelo HPV.

Para que serve a vacina do HPV?

A vacinação é a medida mais eficaz para prevenir infecções pelos tipos de HPV de alto risco para câncer. A vacina é segura e tem mostrado ser altamente eficaz na prevenção das infecções por HPV e das doenças associadas a ele.

Quem está apto para a vacinação?

A vacina contra o HPV é recomendada para meninas e mulheres de 9 a 26 anos de idade,  segundo o Ministério da Saúde. A imunização deve acontecer, preferencialmente, entre 9 e 14 anos, quando é mais eficaz. Em alguns casos, a vacinação pode ser recomendada para pessoas de até 45 anos, após avaliação médica.

No caso dos meninos, a vacinação também é indicada na faixa etária de 9 a 14 anos. O HPV entre os homens é cada vez mais comum, como mostra um estudo da Universidade de São Paulo (USP), em que os casos de câncer de orofaringe relacionados ao vírus HPV têm aumentado nas últimas décadas entre a população masculina. Só na cidade de São Paulo, a incidência da doença dobrou entre 1997 e 2013.

O Ministério da Saúde recomenda a vacinação de meninos e meninas antes do início da sua vida sexual.

Outros tipos de câncer que podem ser prevenidos pela vacina

Além do câncer de colo do útero, a vacina contra o HPV pode prevenir outros tipos de câncer associados ao vírus, incluindo:

Câncer de vulva e vagina

Câncer de canal anal: afeta tanto homens quanto mulheres e também está relacionado ao HPV.

Câncer de pênis: embora menos comum, pode ser prevenido pela vacinação contra o HPV.

Câncer de orofaringe (garganta): afeta a base da língua e as amígdalas, e a incidência está aumentando, especialmente entre homens.

Tenho mais de 30 anos, posso tomar a vacina contra HPV?

A vacinação contra o HPV para pessoas acima dos 26 anos também pode ser indicada, após uma avaliação médica individual.

Essa avaliação levará em conta alguns fatores, como o risco de novas infecções por HPV e o histórico sexual, pessoal e familiar.

Benefícios da vacinação em idade adulta

  • Prevenir infecções futuras: mesmo que a pessoa já tenha sido exposta a um tipo de HPV, a vacina pode protegê-la contra outros tipos de HPV que ela ainda não contraiu.
  • Reduzir o risco de câncer: a vacinação pode diminuir a probabilidade de desenvolver cânceres relacionados ao HPV, como câncer de colo do útero, vulva, vagina, ânus, pênis e orofaringe. O câncer de colo do útero é uma doença grave e pode ser uma ameaça à vida.

Considerações

A Organização Mundial da Saúde (OMS) traçou uma meta para erradicar ou reduzir consideravelmente o câncer de colo do útero do mundo. Para isso, todos os países devem ter, até 2030, 90% das meninas até 15 anos totalmente vacinadas contra o HPV; 70% das mulheres rastreadas com um teste de alta performance aos 35 anos e, novamente, aos 45 anos; e 90% das mulheres diagnosticadas em tratamento. A imunização dos meninos também é fundamental neste contexto e contribui para reduzir os índices de transmissão do vírus.

Um estudo publicado em 2019 na revista The Lancet, com uma revisão de pesquisas com 60 milhões de indivíduos em 14 países, mostrou, após a vacinação, uma redução de 83% nos casos de HPV 16 e 18, considerados de alto risco para desenvolvimento do câncer.

Vale destacar que a taxa de soroconversão em pessoas vacinadas é maior que 90% e a produção de anticorpos é mantida por mais de 10 anos.

Educar a população sobre a importância da vacinação contra HPV e os exames de rastreamento pode reduzir significativamente a incidência de câncer de colo do útero no Brasil, e a conscientização é essencial para promover a prevenção e o tratamento precoce.

Revisão médica:

Dra. Fernanda Frozoni Antonacio

Oncologista Clínica

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