Fevereiro Laranja: a importância do diagnóstico precoce da leucemia no Brasil

Leucemia.

A leucemia é um tipo de câncer que afeta os tecidos formadores de sangue, incluindo a medula óssea e o sistema linfático, resultando na produção anormal de leucócitos (glóbulos brancos), hemácias (glóbulos vermelhos) e plaquetas.

Trata-se de uma doença desafiadora e os resultados do tratamento dependem do diagnóstico precoce, da identificação dos subtipos genéticos (que definem o tratamento em alguns casos) e uma ótima infraestrutura hospitalar. No Brasil, a doença representa um desafio significativo para a saúde pública, especialmente devido às dificuldades no diagnóstico precoce e acesso aos centros especializados.

Compreender o cenário atual da leucemia no país, as dificuldades enfrentadas para o diagnóstico precoce e as soluções para esses desafios é fundamental para melhorar a detecção e o tratamento da doença.

De acordo com estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o Brasil deve registrar cerca de 11.540 novos casos de leucemia entre 2023 e 2025, o que representa uma taxa de 5,33 novos casos para cada 100 mil habitantes. A leucemia é considerada o 10º tipo de câncer mais frequente no país, afetando tanto adultos quanto crianças. Entre os tipos mais comuns estão a leucemia linfoblástica aguda (LLA), que afeta principalmente crianças, e a leucemia mieloide crônica (LMC), mais comum em adultos.

Os principais sinais que podem indicar a necessidade de uma melhor investigação são: febre persistente, fadiga extrema, infecções frequentes, presença de gânglios aumentados, perda de peso inexplicável e facilidade para apresentar hematomas ou sangramentos (principalmente no nariz e na gengiva). Essa falta de especificidade nos sintomas contribui para que muitos pacientes busquem atendimento médico apenas em estágios mais avançados da doença.

Outro aspecto relevante é que os exames necessários para um diagnóstico preciso nem sempre estão disponíveis em todas as unidades de saúde. O acesso limitado a exames laboratoriais e à consulta com especialistas em hematologia atrasa ainda mais o processo de diagnóstico. Como resultado, diminuem as chances de um tratamento mais eficaz e personalizado.

Para enfrentar esses desafios e melhorar as taxas de diagnóstico precoce da leucemia no Brasil, algumas estratégias podem ser implementadas:

Educação e conscientização: campanhas educativas são fundamentais para informar a população sobre os sinais e sintomas da leucemia. A Oncologia D’Or, por exemplo, promove ações durante o Fevereiro Laranja para aumentar a conscientização sobre a doença e incentivar os pacientes a procurarem atendimento médico ao notar qualquer sintoma suspeito.

Acesso a exames: é fundamental garantir que todos os pacientes tenham acesso a exames laboratoriais adequados. Na grande maioria dos casos, as leucemias são doenças genéticas adquiridas, ou seja não são hereditárias (não passam dos pais para os filhos), e a identificação dessas alterações é muito importante. Existem medicamentos que atuam nas proteínas codificadas por essas alterações e melhoram o resultado da quimioterapia ou mesmo, em alguns casos, podem ser usados sem ela. Além disso, essas anormalidades estão associadas a chance de resposta ao tratamento quimioterápico e são usadas para ajudar na definição de qual paciente precisa ou não de um transplante de medula óssea (pacientes com doenças com menor chance de responder à quimioterapia se beneficiam mais do transplante). Isso pode ser alcançado por meio do fortalecimento da rede pública de saúde e parcerias com instituições privadas para ampliar o acesso aos testes necessários.

Capacitação profissional: treinamentos para profissionais de saúde sobre como identificar os sinais precoces da leucemia auxiliam na detecção mais rápida da doença. Médicos gerais e enfermeiros devem ser capacitados para reconhecer os sintomas e encaminhar os pacientes adequadamente. Além disso, como o tratamento da doença pode ter complicações graves e específicas, é importante que a equipe seja experiente e saiba reconhecê-las e maneja-las rapidamente.

Apoio psicológico: o suporte emocional é vital para pacientes diagnosticados com câncer. Programas que oferecem apoio psicológico ajudam os pacientes a lidarem melhor com o diagnóstico, a terem maior resiliência e a lidarem melhor com o tratamento.

Telemedicina: a utilização de tecnologias digitais facilita o acesso à consulta com especialistas, ainda mais em áreas remotas onde médicos hematologistas não estão disponíveis. A telemedicina proporciona uma triagem inicial e encaminhamentos rápidos para exames.

A leucemia é um desafio significativo na saúde pública brasileira, mas com esforços conjuntos entre instituições de saúde, profissionais médicos e a população, é possível melhorar as taxas de diagnóstico precoce e aumentar as chances de sucesso no tratamento. O Fevereiro Laranja é uma oportunidade para refletirmos sobre a importância do reconhecimento dos sinais do corpo e buscarmos informações que possam salvar vidas.

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