A creatina age armazenando e liberando energia durante atividades de alta intensidade e curta duração, como exercícios explosivos. Entenda sua ação no coração
Publicado em:
A creatina desempenha um papel vital na produção de energia para o corpo. Ela é um composto naturalmente presente em nosso organismo, produzida principalmente pelo fígado, rins e pâncreas a partir de três aminoácidos: arginina, glicina e metionina. Além da produção interna, podemos obtê-la por meio de alimentos como carne vermelha, peixe e frango; e suplementos.
A presença natural da creatina em nosso organismo possui uma importância fisiológica e seu papel é essencial na regulação energética, contribuindo para diversas funções metabólicas e atividades físicas.
Quando incorporada de forma suplementar, a creatina pode proporcionar diversos ganhos para o corpo, especialmente em atividades físicas que demandam força e explosividade, como é o caso da musculação.
Entre os atletas, a creatina é uma substância que tem ganhado bastante espaço. Ela é conhecida principalmente por seus benefícios no desempenho físico, mas e quanto ao coração, ela é prejudicial para esse órgão vital? Continue lendo e saiba quais os efeitos da creatina no coração.
“Para entender como a creatina atua, pense nos seus músculos como máquinas eficientes durante um treino. A energia para isso vem de uma molécula chamada adenosina trifosfato ou ATP”, explica a Dra. Luciana Simões, membro da rotina da Unidade Cardiointensiva no Hospital Niterói D’Or.
Ao realizar esforços físicos, um dos componentes essenciais do ATP é utilizado, resultando na transformação deste em adenosina difosfato, ou ADP. A creatina armazenada nos músculos desempenha um papel fundamental ao atuar como um reabastecimento rápido desse “combustível”, revitalizando o ATP e assegurando a pronta disponibilidade de energia para os músculos. Esse processo contribui para manter a vitalidade e prontidão energética dos músculos durante atividades físicas intensas.
A creatina age armazenando e liberando energia durante atividades de alta intensidade e curta duração, como exercícios explosivos. Além de sua função energética, a creatina tem sido objeto de estudos devido aos seus potenciais benefícios no desempenho físico, especialmente em atividades que exigem explosão muscular.
A cardiologista explica que essa reciclagem, além de manter os músculos abastecidos, também melhora o desempenho geral. “Ao aumentar a disponibilidade de creatina, você está basicamente expandindo a reserva de energia prontamente disponível em seu corpo. Isso não apenas pode melhorar seu desempenho nos exercícios, mas também proporcionar a força extra que você procura.”
LEIA TAMBÉM: Quais são as atividades físicas mais indicadas para o cardiopata?
Considerando essas vantagens, algumas pessoas escolhem incluir o suplemento de creatina em sua rotina. Esse suplemento consiste em uma forma concentrada dessa substância, comumente disponível em formato de pó ou cápsulas. Dra. Luciana que também é pós-graduada em Nutrologia destaca que a incorporação da creatina à dieta é recomendada sob a supervisão de um profissional qualificado.
A adoção do uso da creatina como suplemento tem sido vinculada a diversos benefícios para o rendimento físico. Contudo, de acordo com a Dra. Luciana Simões, ainda existem discussões em curso sobre sua segurança em longo prazo, especialmente no que se refere à saúde cardiovascular. “Algumas pesquisas indicam um possível aumento no risco de arritmias cardíacas, enquanto outras não encontram evidências significativas”, aponta a cardiologista.
Ainda de acordo com a Dra. Luciana, a creatina é um dos suplementos mais estudados e as evidências atuais sugerem que, em geral, é seguro para ser prescrito. “Diversos grupos, incluindo idosos e pessoas com condições médicas adicionais, podem colher vantagens dessa suplementação. O segredo está no conhecimento do profissional em avaliar esses benefícios individuais e prescrever de forma correta para cada paciente”, atesta.
Sobre as restrições de uso da suplementação da creatina, Dra. Luciana afirma que até o momento não há diretrizes claras sobre possíveis efeitos significativos da creatina no coração ou sobre possíveis toxicidades associadas. “Vale a pena destacar que pessoas com hipertensão, por exemplo, podem usar creatina em doses recomendadas”, destaca.
Sabendo-se que a creatina pode potencializar a força muscular, uma linha de estudos recentes tem sido dedicada a examinar se esse suplemento pode aprimorar a capacidade de bombeamento do coração, especialmente em situações de insuficiência cardíaca. Em paralelo, outras pesquisas estão direcionadas à análise dos efeitos da creatina na redução da inflamação e do estresse oxidativo, dois elementos cruciais associados às doenças cardíacas. “Contudo, é importante destacar que, até o momento, esses estudos não apresentaram conclusões definitivas”, complementa a médica.
Mesmo com o interesse em possíveis benefícios da creatina, ainda é necessário realizar mais pesquisas para entender exatamente o papel e os efeitos da creatina nessas áreas específicas da saúde cardiovascular.
“Não é recomendado fazer a suplementação de creatina sem a supervisão de um profissional de saúde qualificado”, destaca.
É essencial buscar a orientação de um profissional de saúde antes de iniciar qualquer suplementação, seguindo o uso conforme recomendado com doses seguras e realizando monitoramento periódico da saúde cardíaca durante o uso. “Respeitar estritamente as instruções de uso é fundamental, evitando o consumo excessivo do suplemento”, afirma.
Além disso, a médica aponta que é muito importante não considerar a creatina como um substituto de uma alimentação equilibrada e saudável. “Essa precaução é fundamental para garantir que a utilização da creatina seja benéfica e segura para o indivíduo”, conclui.
Você faz uso ou pretende incluir a utilização da creatina na sua rotina? Consulte um de nossos especialistas. Agende sua consulta.
LEIA TAMBÉM:Riscos da automedicação para o coração