O transplante cardíaco é um procedimento que envolve a substituição do coração doente por um coração saudável. Entenda quem está apto a receber e a doar
Publicado em:
O transplante cardíaco é um procedimento médico complexo e muito importante para pacientes com doenças cardíacas graves. A cirurgia envolve a substituição do coração doente por um saudável de um doador falecido compatível.
Como a doação de órgãos ainda é um assunto bastante delicado na sociedade, o Dia Nacional da Doação de Órgãos, celebrado em 27 de setembro, visa promover a conscientização sobre a importância desse ato e incentivar os indivíduos a dialogarem com seus entes queridos sobre esse tema, pois, no caso de doador falecido, quem autoriza a doação é a família.
De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil é o segundo maior transplantador de órgãos do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.
O Brasil possui ainda o mais amplo programa público de transplante de órgãos, tecidos e células do mundo. O Sistema Único de Saúde (SUS) é responsável pelo financiamento de cerca de 88% dos transplantes realizados no país, coordenados pelo Sistema Nacional de Transplantes.
Em 2021 foram realizados mais de 23 mil transplantes de órgãos no Brasil, dos quais 334 foram coração, de acordo com dados do Ministério da Saúde.
Neste artigo, abordaremos tudo o que você precisa saber sobre os aspectos essenciais do transplante cardíaco, desde o processo até os cuidados pós-operatórios e o estilo de vida após a cirurgia.
O processo do transplante cardíaco é rigorosamente regulado por leis e normas. Ele começa com a avaliação médica detalhada do paciente “receptor”, que está doente, seguida pela sua colocação na lista de espera de doadores. Quando um coração compatível é encontrado, o órgão novo é captado e trazido para a cirurgia do paciente, com cuidados meticulosos para garantir a compatibilidade e minimizar os riscos de rejeição.
O transplante cardíaco é indicado ao paciente que possui alguma cardiopatia avançada, como insuficiência cardíaca, arritmia ou doença arterial coronariana, doenças nas quais o coração já não consegue exercer sua função como bomba propulsora de sangue para o resto do corpo e quando já não há mais opções de tratamentos eficazes para o órgão.
De acordo com a Dra. Jacqueline Sampaio S. Miranda, coordenadora da cardiologia do Hospital Copa Star Rede D’Or, para receber um transplante de coração é necessário que os outros órgãos e sistemas do corpo estejam em boas condições ou que possuam chance de melhorar após o transplante.
“Antes do procedimento, os pacientes estão muito frágeis e debilitados, nessa fase ficam bem restritos e limitados. A orientação é que tenham muito cuidado com infecções e adotem de forma muito rígida as medicações e dieta para não descompensarem e necessitar de internação”, aconselha a especialista.
O paciente que recebe o coração doado passa por uma cirurgia cardíaca, “de peito aberto”, sob anestesia geral, na qual o coração antigo é removido e o novo é implantado. Durante a troca do coração, o bombeamento do sangue é mantido por uma máquina especial, chamada de circulação extracorpórea.
Durante o procedimento os vasos sanguíneos do paciente são conectados aos vasos sanguíneos do novo coração, e os tecidos são suturados cuidadosamente para garantir uma conexão segura e eficaz. A cirurgia de transplante de coração é longa e dura em média de 6h a 8h.
Após a cirurgia, o paciente recebe medicamentos específicos para prevenir a rejeição do novo órgão pelo sistema imunológico e é monitorado de perto durante a recuperação inicial no hospital.
“O procedimento é de alto risco, mas com equipe especializada e bons cuidados no pós-operatório o paciente tem resultados excelentes”, destaca Dra. Jacqueline.
Após a alta médica, exames regulares, ajustes na medicação e reabilitação cardíaca ajudam a garantir uma recuperação bem-sucedida. “Após o transplante imediato existe um risco aumentado de contrair infecções e, portanto, é necessário o uso de máscaras e evitar aglomerações, bem como estar com as vacinas em dia”, orienta.
De acordo com a médica, o transplante de coração pode também ser contraindicado em algumas situações, tais como o paciente ser usuário de substâncias como fumo, drogas ilícitas ou abusar de álcool.
“Outra causa comum de contraindicação é idade avançada e doenças em outros órgãos, que juntas deixam o organismo frágil demais para passar pelo transplante”, explica.
Quando um paciente em condição crítica em decorrência de morte encefálica é considerado um potencial doador de órgãos, os profissionais de saúde avaliam minuciosamente o seu estado de saúde para determinar a viabilidade da doação.
Uma vez que a família do paciente concorde com a doação, testes de compatibilidade são realizados para garantir que o coração novo volte a bater no peito do paciente receptor, sem rejeição. Dados como tipo sanguíneo e tamanho do tórax são levados em consideração para essa escolha.
O doador deve ter o coração saudável e para tal deve ser jovem e sem outras doenças graves (comorbidades). Para avaliar o coração do doador são realizados exames de sangue e um ecocardiograma.
Idealmente, o tempo de retirada do coração do peito do doador até o final do implante no peito do receptor deve ser inferior a 4h (tempo de isquemia).
Muitos pacientes conseguem levar uma vida saudável e ativa após o transplante, desfrutando de atividades que antes eram impossíveis devido à doença cardíaca. “A expectativa de vida do transplante cardíaco é excelente, com taxas de sobrevida superiores a 82% em 10 anos nos melhores centros”, afirma Dra. Jacqueline.
Embora o transplante cardíaco possa oferecer uma segunda chance de vida, é importante compreender que existem desafios. Os pacientes devem estar cientes das possíveis complicações, como rejeição aguda ou crônica, infecções e efeitos colaterais dos medicamentos.
“A estimativa de sucesso da cirurgia vai depender de como o paciente chega para o transplante, por isso é importante o encaminhamento precoce para centros especializados, mas em geral é alta, algo em torno de 98% em centros especializados”, declara.
Consultar regularmente os profissionais de saúde, aderir às orientações médicas e adotar um estilo de vida saudável são passos cruciais para uma recuperação bem-sucedida e uma melhor qualidade de vida antes e após o transplante cardíaco.
Não se esqueça de avisar a sua família que você é um doador de órgãos.
LEIA MAIS: