O atual cenário de pandemia da COVID-19 traz incerteza e apreensão para muitas famílias. O diagnóstico da doença é um dos pontos que gera dúvidas. Afinal, os exames que existem hoje são seguros? Posso transmitir coronavírus mesmo que o meu exame tenha dado negativo?
Veja as respostas para essas e outras questões.
Quem responde às perguntas é o pesquisador Fernando Bozza, do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) e da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), e o infectologista Rodrigo Amancio, do Hospital dos Servidores do Estado (HSE). Eles trabalham juntos em estudos para prever o avanço do novo coronavírus no Brasil.
Quais os tipos de testes para COVID-19?
Existem dois tipos principais de exame. Um deles é o PCR e o outro é chamado de imunosorológico.
Como são feitos os testes?
Para fazer o exame de PCR, retira-se uma amostra da secreção do nariz e da garganta (o termo técnico é swabs nasal e da orofaringe) com uma espécie de cotonete longo. O procedimento é rápido e indolor. Em seguida, essa amostra vai para o laboratório, onde se verifica se há presença do código genético do vírus SARS-CoV-2. O resultado leva pelo menos 24 horas.
Os testes imunosorológicos podem ser feitos com uma retirada de sangue e análise no laboratório ou na forma de teste rápido, que fica pronto em 15 minutos. Os testes rápidos são realizados com uma amostra de sangue (uma gota através de um furo no dedo). Esse tipo de teste detecta a presença (ou não) de anticorpos contra o coronavírus. Ele é menos sensível do que o PCR, mas seu diagnóstico serve, especialmente, para monitorar o avanço da COVID-19 no país.
Os testes de coronavírus são confiáveis?
Sim, os testes são confiáveis. Mas, como todo teste, existe uma margem de erro – ou seja, eles não acertam 100% das vezes. Por isso, é sempre fundamental a avaliação do médico.
O teste PCR, quando positivo, é muito confiável. Ele acusa a presença do vírus com precisão de 90%. Mas, quando negativo, não exclui a possibilidade de o indivíduo ter tido contato com o vírus.
Os testes rápidos, por sua vez, são mais confiáveis quando realizados no mínimo 7 dias após o início dos sintomas, pois dependem da presença de anticorpos produzidos pelo organismo para combater o coronavírus. Antes desse período, se ainda não houver anticorpos suficientes no corpo, o resultado será impreciso.
Quais são os riscos de eu ter um falso negativo?
Um falso negativo acontece quando a pessoa teve contato com o novo coronavírus, mas o exame indica que não.
Para quem foi infectado, o maior risco é desenvolver a COVID-19 sem saber, pensando que é outra doença. Além disso, por achar que não tem o vírus, a pessoa deixa de tomar precauções e pode infectar outras pessoas.
Por esse motivo, é recomendável o uso de máscaras. Além de se proteger individualmente da contaminação, evita-se que portadores assintomáticos do vírus o disseminem na população.
Portadores assintomáticos podem contaminar quem está em casa sem saber?
Sim. Por não apresentarem sintomas, muitas pessoas acabam se descuidando e transmitem o vírus. Isso inclui a transmissão intradomiciliar.
Para diminuir o risco de que ocorra, adote medidas simples:
Devo usar máscara e adotar a “etiqueta respiratória” se não há infectados na minha família?
Ainda não existe uma vacina para prevenção ao novo coronavírus, e os tratamentos específicos contra a COVID-19 estão em teste.
Por isso, vale a pena usar máscara e adotar a etiqueta respiratória. Hoje essa é a forma mais eficiente de se proteger e cuidar também da sua família.
Onde fazer o teste?
Os testes são realizados em hospitais, laboratórios e clínicas da rede privada ou pública. É possível fazer a coleta das amostras em casa ou em esquemas de drive-thru.
Existem mais pessoas infectadas do que os dados mostram?
É possível que sim. Uma eventual falta de testes pode fazer com que haja subnotificação, ou seja, pessoas infectadas podem não entrar para as estatísticas como casos confirmados.
No entanto, com o avanço da epidemia e o aumento do diagnóstico, as possíveis subnotificações tendem a diminuir.
Vale lembrar que a notificação é feita mesmo antes de se ter o resultado dos exames de laboratório. Se alguém apresenta Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), o hospital ou clínica notifica as autoridades sanitárias como caso suspeito de COVID-19.
De acordo com uma pesquisa do Núcleo de Operações e Inteligência em Saúde (NOIS), que tem a participação do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), além da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), os registros oficiais de COVID-19 no Brasil representam apenas 8% do número real de casos até 20 de abril. Ou seja, ninguém deve relaxar nos cuidados que podem evitar o contágio: higiene das mãos, distância entre as pessoas, uso de máscaras, entre outros.