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A ciência já descobriu que fazer o bem faz bem. Estudo do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) mostra que quando são realizados gestos de empatia e solidariedade, ativamos no cérebro áreas de prazer – chamados de centros de recompensa – e também pontos que promovem laços familiares e de amizade, gerando uma sensação de pertencimento e essas sensações são tão fortes em quem recebe como em quem realiza essas boas ações. Apoiar e doar tempo e recursos a quem precisa se torna ainda mais essencial nesse momento de pandemia e pode ser extremamente gratificante tanto receber como ajudar.
Lideranças e organizações não governamentais (ONGS) do projeto AÇÃO IMPACTO, que o IDOR é parceiro, estão levando alimento, produtos de higiene e esperança a mais de 100 famílias em cada uma das comunidades impactadas em diversos bairros do Rio de Janeiro e Baixada Fluminense. E essa solidariedade depende de doações para se tornar realidade.
Fabiana Leonel, faz parte do projeto Acorda Capoeira, que atua na comunidade Rocinha. Ela dá aula de capoeira, samba, instrumentos da capoeira, roda de leitura, teatro, entre outros. Ela tem muito orgulho de fazer parte desse projeto que vê como um grito de socorro presente na vida de muitas famílias da comunidade. “Neste momento difícil que estamos passando nessa pandemia, receber o apoio da AÇÃO IMPACTO, tem sido de fundamental importância”. Ela completa que a solidariedade de cada um nessa campanha tem levado esperança de dias melhores.
Ela e Mestre Manoel Pereira Costa fazem um trabalho lindo na comunidade da Rocinha. E não se limitaram a ajudar apenas aqueles que estavam próximos. “Fiquei incomodada em ver tantas famílias com fome. Não conseguia dormir sabendo que tantos dormiam com fome e sem esperança. Então pedi ajuda para aliviar um pouco a dor dessas famílias que estão abandonadas e carentes de tudo. E quando consigo ajudar alguém fazendo o bem, faço o bem para mim mesma”, relata a Fabiana, que é ex menina de rua e ajudou a incluir no projeto as comunidades Muzema, Belford Roxo e Pingo D’água, que praticamente não estavam recebendo ajuda.
Após superar toda crueldade que passou quando vivia na rua, hoje ela se sente valorizada por ser útil a muitos que necessitam. “Sinto muita gratidão e felicidade por poder ajudar nesse momento difícil a todas essas famílias que sentem a dor mais forte, a da fome, do desprezo, do descaso e da cegueira da sociedade”, conta Fabiana.
Mas estar na linha de frente fazendo o bem também não é fácil. Hoje ela também se sacrifica ficando longe do seu filho para não correr o risco de contaminá-lo. “Exige muito de você, porém é muito gratificante, e você se sente útil em poder fazer a diferença onde a esperança já estava apagada. Ficar sem meu pequeno também me ajudou a cuidar dos outros pequenos que estão pedindo socorro”, continua Fabiana.
Fabiana também lança luz sobre outra questão muito importante nessa pandemia. Muitas mulheres estão atravessando situações ainda tão ou mais graves que a fome, por estarem sozinhas cuidando de seus filhos e também sofrendo violência doméstica. “Muitas mulheres estão em pânico por serem sozinhas sem ajuda de ninguém”.
Ela conta a realidade das comunidades as quais tem recebido a ajuda da AÇÃO IMPACTO nesse momento. “É de total miséria, as famílias não têm água, saneamento, saúde nem comida. Não têm como se manter, pois muitos estão desempregados há muito tempo. Tem algumas famílias que por não ter condições catam coisas no lixo para ter o que comer em casa. A situação é de muita tristeza”.
“A fome é uma dor terrível, amarga, obscura, destruidora, e que ninguém deveria sentir. É preciso que essa campanha AÇÃO IMPACTO se mantenha para que possa acender a chama da esperança na vida dessas famílias”, Fabiana.
Em um momento em que as únicas prevenções ao Coronavírus são, a primeira vista, simples: como ficar em casa e lavar as mãos, essas famílias muitas vezes não possuem condições de fazer nem essas atitudes básicas. “Muitos nem casa tem, moram em barracos de papelão, pedem para lavar as mãos e não têm nem água para beber, pedem para usar sabão e álcool em gel, mas não têm dinheiro nem para comer. Alguns entendem da gravidade do momento e buscam se proteger mesmo diante das dificuldades, outros nem entendem o que está acontecendo, é preciso explicar para que possam tentar se cuidar. Todos tentando sobreviver a esse inimigo invisível”.
Além das cestas básicas, que são imprescindíveis, muitas famílias estão precisando de apoio psicológico, atendimento médico, medicamentos, leite para as crianças e idosos, fraldas, máscaras, água, álcool em gel. “Eu agradeço imensamente a cada pessoa que neste momento está se doando e tendo compaixão pela vida dessas famílias”, reconhece Fabiana.