Sinais de AVC: o que fazer nos primeiros sintomas?
O método SAMU é uma técnica simples e eficaz para reconhecer rapidamente os sinais de um AVC e poder agir
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O Acidente Vascular Cerebral (AVC), também conhecido como derrame cerebral, ocorre quando o fluxo de sangue para o cérebro é interrompido, o que pode causar danos cerebrais permanentes.
Dados da Sociedade Brasileira de AVC revelam que o AVC é a segunda maior causa de morte no mundo, contribuindo para cerca de 11% dos óbitos globais. No Brasil, os registros de atestados de óbito indicam que, até o início de novembro deste ano, mais de 91 mil pessoas morreram devido a AVCs.
A Organização Mundial do AVC (World Stroke Organization) destaca que 90% dos derrames podem ser prevenidos, o que ressalta a importância de estratégias preventivas, como controle de fatores de risco e mudanças no estilo de vida.
Quando ocorre, o AVC é uma emergência médica que requer atenção imediata, pois cada minuto conta para reduzir o impacto de seus danos e salvar vidas. Por isso, reconhecer os primeiros sinais de um AVC e saber o que fazer é fundamental. Continue lendo e saiba mais.
O que é o AVC?
O Acidente Vascular Cerebral (AVC), também chamado de derrame, acontece quando o sangue não consegue chegar corretamente a uma parte do cérebro. Isso faz com que as células do cérebro não recebam oxigênio e nutrientes, o que pode causar danos permanentes na região afetada e alterar funções como fala, movimento ou memória, dependendo da parte atingida.
Existem dois principais tipos de AVC:
- AVC Isquêmico:
O AVC Isquêmico é causado pelo bloqueio de um vaso sanguíneo, geralmente devido a um coágulo ou uma placa de gordura (arterosclerose), e representa cerca de 85% dos casos;
- AVC Hemorrágico:
Resulta do rompimento de um vaso sanguíneo, levando a sangramento no cérebro. Apesar de ser menos frequente, o AVC Hemorrágico tende a ser mais letal do que o AVC isquêmico.
Sinais de AVC
Os sinais de um AVC (Acidente Vascular Cerebral) geralmente aparecem de forma súbita e requerem atenção imediata, pois a rapidez no diagnóstico e tratamento podem ser determinantes para reduzir danos e salvar vidas.
De acordo com a Dra. Márcia S. Santos Neiva, coordenadora do Serviço de Neurologia da Rede D’Or Regional DF, os principais sinais de alerta de AVC incluem:
- Boca torta;
- Alteração na fala;
- Dormência ou perda de força nos braços e pernas;
- Perda súbita de visão.
“As dormências leves e muitas vezes quadros de tontura ou vertigem súbitas são ignorados e podem representar um AVC. As alterações visuais súbitas também são fruto de confusão e levam o paciente a procurar um oftalmologista na maioria das vezes, o que atrasa o diagnóstico”, alerta a especialista.
Ao identificar qualquer um desses sinais, é fundamental buscar atendimento médico de emergência imediatamente, pois cada minuto é importante para preservar as funções cerebrais e minimizar os riscos de complicações.
Além do AVC, existe também uma condição chamada Acidente Isquêmico Transitório (AIT). A Dra. Marcia explica que nessa condição o paciente apresenta um déficit qualquer, e este regride espontaneamente em até 24 horas.”Isso pode ocorrer em quem já teve e em quem nunca teve um AVC”, complementa.
O AIT indica que há algum problema nas artérias que levam sangue ao cérebro e funciona como um “aviso” ao paciente, que deve procurar atendimento médico e iniciar tratamento para não ter um AVC com sequelas permanentes.
O que fazer nos primeiros sintomas de AVC?
Tanto em casos de AVC isquêmico (causado por um bloqueio em um vaso sanguíneo), quanto em casos de AVC hemorrágico (causado pela ruptura de um vaso), um rápido atendimento médico pode minimizar os danos cerebrais.
O método SAMU é uma técnica simples e eficaz para reconhecer rapidamente os sinais de um Acidente Vascular Cerebral (AVC), ajudando a identificar a emergência e agir rapidamente para salvar vidas. O SAMU orienta a avaliação dos principais sintomas do AVC:
- Sorriso:
Peça para a pessoa sorrir. Se o sorriso estiver assimétrico, com um dos lados do rosto torto, isso pode ser um sinal claro de AVC.
- Abraço:
Solicite que a pessoa levante ambos os braços. Caso um dos braços caia ou não consiga ser levantado completamente, pode indicar fraqueza muscular, comum em casos de AVC.
- Música:
Peça para a pessoa falar uma frase simples. Se houver dificuldade para falar ou a fala estiver arrastada, pode ser um indicativo de AVC.
- Urgente:
Caso qualquer um desses sinais seja identificado, é imprescindível chamar imediatamente o SAMU ou outros serviços de emergência para que o paciente receba atendimento médico o mais rápido possível.
Essa técnica, que prioriza a rapidez na identificação de sintomas, é essencial para aumentar as chances de um tratamento eficaz e minimizar os danos ao cérebro. Quanto mais rápido o atendimento, maior a probabilidade de recuperação e menor o risco de sequelas permanentes.
De acordo com o Ministério da Saúde, o protocolo de tratamento com o uso de medicamentos trombolíticos (para AVC isquêmico) deve ser administrado em uma janela de até 4 horas e 30 minutos do início dos sintomas do AVC para ser mais eficaz.
“A medicação trombolítica para o tratamento do AVC que ‘dissolve o coágulo’ em casos de AVC isquêmico só pode ser aplicada em até 4h e meia do início dos sintomas, portanto, o deslocamento a um hospital deve ser imediato”, explica a neurologista, que aconselha a não fazer uso de nenhuma medicação por conta própria até a chegada ao hospital.
Enquanto se aguarda ajuda médica após os primeiros sintomas de AVC, também deve ser evitada a oferta de líquidos e alimentação, a fim de evitar aspiração e engasgos.
Fatores de risco para AVC
Os fatores de risco para o Acidente Vascular Cerebral (AVC) incluem uma combinação de fatores genéticos e de estilo de vida que podem aumentar significativamente as chances de ocorrer um AVC.
A cartilha “Qual é o seu motivo para prevenir um AVC?“, produzida pela Organização Mundial do AVC, destaca alguns fatores de riscos que contribuem para o AVC:
- Pressão alta;
- Falta de atividade física;
- Má alimentação;
- Colesterol alto;
- Obesidade;
- Tabagismo ou exposição ao fumo passivo;
- Ingesta de bebida alcoólica;
- Arritmias cardíacas (especialmente a fibrilação atrial);
- Diabetes.
A cartilha também aponta que baixos níveis de renda e educação também estão ligados ao AVC. “A prevenção ao AVC se dá com o controle e tratamento dos fatores de risco”, destaca a Dra. Márcia S. Santos Neiva.
Além da gestão dos fatores de risco, as mudanças no estilo de vida, como alimentação saudável, exercícios regulares e acompanhamento médico adequado são essenciais. Agende sua consulta com um cardiologista da Rede D’Or.
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