Publicado em:
Agradeço à Folha de S.Paulo pelo convite para escrever neste espaço. Espero poder contribuir para o debate de ideias sobre o setor de saúde. Venho de uma família de médicos e empreendedores que fundaram há 40 anos a Rede D’Or São Luiz, hoje a maior rede privada de assistência à saúde e a quinta maior empregadora do país.
Vivemos um momento difícil na nossa sociedade, em que já perdemos centenas de milhares de pessoas para a Covid-19. Ao mesmo tempo em que nos solidarizamos com todas as vítimas e famílias, lembramos das milhões de pessoas que puderam ser salvas graças à capacidade e à coragem dos profissionais da saúde e aos recursos assistenciais duramente construídos ao longo de décadas pelos setores público e privado.
Praticamos em nosso país uma medicina que não deve nada à dos melhores centros existentes em países mais desenvolvidos. No entanto, temos ainda importantes limitações de acesso, resultantes de grandes desigualdades socioeconômicas que precisam ser superadas.
Acredito que somente com pesados investimentos governamentais e do setor privado no complexo industrial e de serviços da saúde poderemos não só resolver essas limitações mas também gerar grandes oportunidades em áreas estratégicas, desenvolvendo todos os elos da cadeia produtiva. Além disso, no âmbito do setor privado, a união de esforços entre profissionais da saúde, prestadores de serviços e operadoras de saúde permitirá maior crescimento e sustentabilidade a longo prazo.
A saúde gera não apenas qualidade de vida e bem-estar. Ela também promove o desenvolvimento em diferentes áreas e em todas as regiões, dos pequenos aos grandes municípios. Ela é geradora de conhecimento, de empregos qualificados e diversificados, de tecnologia de ponta e de formação profissional.
Conforme artigo publicado na revista Environment, Development and Sustainability em novembro de 2020 (de autoria de Irfan Ullah e colaboradores), ao analisar 33 países da OCDE, no período de 2006 a 2016, verificou-se uma relação de causalidade entre gastos em saúde de um país e seu índice de desenvolvimento humano, o que gera um círculo virtuoso entre investimento e IDH.
O investimento em saúde traduz-se em resultados palpáveis e crescentes e está, sem dúvida, ao alcance de um país que é uma das maiores economias do mundo e que já dispõe de uma infraestrutura médica extremamente desenvolvida, apoiada em grandes centros de excelência, e operada por milhares de empresas de diferentes tipos e tamanhos.
Os desafios de expandir a assistência e de acompanhar o desenvolvimento tecnológico na área da saúde são gigantescos. Os investimentos, por isso mesmo, devem ser crescentes. Da nossa parte, investimos R$ 11 bilhões entre 2016 e 2020 e, além dos investimentos futuros já programados pelo grupo, estamos destinando R$ 1 bilhão nos próximos dez anos ao Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino em busca de novas descobertas científicas.
Investimentos em saúde nos colocarão na rota do desenvolvimento econômico com bem-estar social, contribuindo para levar os brasileiros ao futuro que merecem.
Fonte: Folha de São Paulo