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A união da qualidade com uma boa gestão dos números levou à escolha da Rede D’Or, maior grupo de hospitais do Brasil, como empresa do ano em MELHORES E MAIORES 2019. A revelação foi feita na noite desta segunda-feira, durante cerimônia realizada na Sala São Paulo, na capital paulista. EXAME premia a empresa do ano desde 1974, na mais tradicional premiação do capitalismo brasileiro. A Rede D’Or levou o prêmio pela primeira vez.
Nascida no Rio de Janeiro, em um contexto de falta de opções de atendimento para o público da zona sul carioca, a Rede D’Or tem hoje 45 hospitais e mais de 40 clínicas oncológicas. A companhia viu a receita crescer de 126,5 milhões de dólares, em 2009, para 1,96 bilhão, em 2018 (no consolidado o grupo faturou 2,9 bilhões de dólares). No mesmo período, o lucro líquido da controladora foi de 6,7 milhões de dólares para 308 milhões, com aumento de 20% no ano passado.
O crescimento vigoroso está baseado na ideia de atender bem para atender sempre. Nas unidades da bandeira Star, a mais sofisticada e cara da rede, há um enfermeiro para cada dois pacientes na unidade de tratamento intensivo. O objetivo é fazer com que pacientes e médicos prefiram os hospitais da Rede D’Or aos concorrentes.
Para isso, 30% da remuneração dos diretores dos hospitais está atrelada a metas de qualidade. Como a parte administrativa é centralizada, esses executivos ganham mais tempo para focar o atendimento. O resultado é que o índice de satisfação dos clientes nas unidades da bandeira Star é de 9,5 (de zero a 10). Na Rede toda, o índice, medido pela própria empresa, fica em 8.
Enquanto em hospitais que não atuam em Rede o gasto com administração pode chegar a 15% da receita, nos hospitais da Rede D’Or esse custo representa 4%. Por causa do volume de compras, a companhia consegue negociar bons descontos com fornecedores, e os preços chegam a ficar 20% abaixo da média do mercado.
O grupo guarda o luxo para os hospitais da bandeira Star. Na parte administrativa, as estruturas são simples e funcionais.
Por trás desse sucesso está a família Moll. O cardiologista Jorge Moll, que fundou a empresa em 1977 junto com a mulher, Alice, hoje preside o conselho de administração. Dos cinco filhos do casal, três fazem parte do conselho, um preside o Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (Idor) e uma atua como médica. O caçula, Paulo Moll, de 38 anos, é o vice-presidente e acompanha o dia a dia do negócio ao lado do presidente, Heráclito Brito. Em janeiro, Paulo vai assumir a presidência e Brito passará a presidir uma holding com os negócios da Rede.
A Rede D’Or aproveitou um momento único do mercado de saúde brasileiro. Até 2015, a participação de capital estrangeiro no setor era proibida, limitando a concorrência aos grupos nacionais. Nesse contexto, a companhia cresceu e comprou hospitais regionais importantes. Naquele ano, o governo derrubou a barreira aos estrangeiros no mercado de hospitais. A Rede D’Or ,que já tinha saído na frente, capitalizou-se para crescer ainda mais.
Na época, o fundo americano de participações Carlyle pagou 1,8 bilhão de reais por uma fatia da companhia e o GIC, Fundo Soberano de Singapura, pagou 2,4 bilhões de reais por outra parte do negócio. Hoje, o controle da empresa é dividido em 57,4% da família Moll, 25,9% do GIC, 11,9% do Carlyle e o restante de sócios minoritários.
Recentemente, a companhia anunciou investimento de 8 bilhões de reais até 2023 em crescimento orgânico, com a construção de mais dez hospitais. Contra a verticalização da concorrência, a Rede D’Or também tem desenhado um modelo em que o atendimento fica centrado nos hospitais de sua rede. O objetivo é reduzir a proporção de leitos vazios em seu parque hospitalar, ainda que isso signifique perder margem por paciente.
Como parte desse plano, a companhia comprou no início de agosto 10% das ações da operadora de planos de saúde por adesão Qualicorp, a maior do setor, com cerca de 2,4 milhões de pessoas em sua carteira. O futuro será mais complexo, mas a Rede D’Or investe para se antecipar aos problemas.
Fonte: Exame On Line