A trombose ocorre quando coágulos sanguíneos bloqueiam vasos, podendo levar a sérias consequências. Entenda se quem tem trombose pode infartar.
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Você também já se fez esta pergunta: a trombose pode levar a um infarto? Primeiro, é preciso entender que a trombose é caracterizada pela formação de coágulos sanguíneos dentro de um ou mais vasos, o que impede a passagem de sangue. Tanto a trombose quanto o infarto são complicações graves que merecem atendimento médico de urgência.
Em setembro é celebrado o Dia Nacional de Combate e Prevenção à Trombose (16), data instituída para aumentar o conhecimento sobre a doença e diminuir a incidência de casos não identificados chamando a atenção da população para os riscos e a prevenção da trombose.
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Trombose e Hemostasia (SBTH), mais de 200 mil cidadãos brasileiros são afetados por ocorrências de trombose anualmente, sendo que uma considerável parcela desses incidentes poderia ser evitada.
Neste artigo, vamos esclarecer se a presença de trombose aumenta a probabilidade de ocorrência de um infarto, quais são seus tipos, fatores de risco, sintomas e tratamentos.
Os coágulos na veia podem se desenvolver em razão de algumas condições médicas, como a trombofilia. De acordo com a Dra. Renata Mello, especialista em cirurgia vascular e integrante de uma das equipes do sobreaviso do Hospital Niterói D’Or, as principais condições que causam a formação de coágulos nos vasos são comumente conhecidas como a Tríade de Virchow:
Mudanças nos componentes do sangue que afetam a coagulação podem levar à formação de coágulos. Isso inclui desequilíbrios em substâncias como plaquetas, fibrinogênio e outros fatores de coagulação.
Danos na parede interna dos vasos sanguíneos podem criar um ambiente propício para a adesão de plaquetas e início da coagulação. A aterosclerose, por exemplo, é um processo que pode contribuir para lesões nas paredes vasculares.
As mudanças no fluxo normal do sangue, como turbulências ou fluxo lento, podem permitir que as células sanguíneas se acumulem e formem coágulos. Áreas de estagnação ou fluxo irregular são locais propensos à formação de trombos.
Esses três fatores, quando combinados, podem criar um ambiente favorável para a formação de coágulos nos vasos sanguíneos, aumentando o risco de trombose.
Existem 3 tipos de trombose que podem afetar a saúde cardiovascular:
Dra. Renata explica que esse tipo ocorre quando os trombos se desenvolvem nas veias responsáveis por levar o sangue dos tecidos de volta ao coração. “Ela pode evoluir com embolia pulmonar, quando algum desses coágulos se desprende, levando ao aumento da pressão pulmonar e, consequentemente, sobrecarga e disfunção do ventrículo direito”, detalha.
A trombose ocorre quando há formação de coágulos nas artérias que transportam o sangue do coração para os tecidos e órgãos. “A interrupção desse fluxo sanguíneo resulta no infarto desses tecidos”, explica.
“É quando o sangue coagula dentro de uma das câmaras do coração (ventrículos ou átrios), causadas por alguma doença cardíaca pré-existente como arritmias, valvulopatias, insuficiência cardíaca congestiva avançada e infarto agudo do miocárdio”, destaca.
Diversos fatores podem aumentar o risco de desenvolver trombose, entre eles:
Alguns desses fatores são modificáveis, o que significa que o paciente pode adotar medidas para reduzir o risco.
Os sintomas de trombose podem variar dependendo do tipo e da localização da trombose. Dra. Renata explica que na trombose venosa, por exemplo, os sintomas mais comuns são dor, edema e aumento da temperatura nos membros inferiores.
Já na trombose arterial são dor súbita no membro, diminuição da temperatura, palidez ou cianose (coloração azulada) e alteração da sensibilidade na região.
Enquanto na trombose intracardíaca alguns dos possíveis sinais incluem dor no peito, falta de ar, palpitações, inchaço e dor nas pernas, fadiga, desmaio ou tontura, cianose e complicações cardíacas.
Nem sempre a trombose apresenta sintomas óbvios, especialmente nos estágios iniciais. É importante estar ciente dos sinais de alerta, especialmente se o paciente possuir algum fator de risco.
A trombose pode ocorrer em qualquer pessoa, mesmo na ausência desses fatores. Por esse motivo, Dra. Renata Mello destaca algumas formas de prevenção:
Além disso, é essencial manter um estilo de vida saudável e buscar orientação médica se apresentar qualquer sintoma.
De forma preventiva, o paciente pode realizar uma consulta com um dos especialistas da Rede D’Or que, identificando os fatores de risco, poderá solicitar a realização de exames específicos para o diagnóstico precoce e tratamento da trombose.
“O Doppler é o exame que pode detectar tanto trombose venosa quanto arterial”, aponta a cirurgiã vascular.
A trombose pode ter graves consequências para a saúde e requer atenção médica imediata. “A trombose pode desencadear um infarto caso o coágulo sanguíneo acometa as artérias coronárias”, alerta a médica.
As artérias coronárias são responsáveis por fornecer sangue oxigenado e nutrientes ao músculo cardíaco. Quando um coágulo bloqueia parcial ou totalmente uma dessas artérias, isso pode resultar em uma diminuição significativa do fluxo sanguíneo para o coração.
Se o fluxo sanguíneo for comprometido, pode ocorrer uma lesão ou morte das células musculares cardíacas devido à falta de oxigênio e nutrientes ocasionando um ataque cardíaco ou infarto do miocárdio. Quanto mais tempo a artéria permanecer obstruída maiores serão os danos ao músculo cardíaco.
O tratamento da trombose também depende do tipo e da gravidade da condição. Geralmente, o objetivo é prevenir o crescimento do coágulo, evitar complicações e reduzir o risco de recorrência. A médica destaca que na trombose arterial, o diagnóstico deve ser precoce e o tratamento é cirúrgico para remoção dos coágulos.
De acordo com a Dra. Renata Mello, o tratamento mais adequado para a trombose venosa é através do uso de anticoagulantes. “Em caso de contraindicação do uso de anticoagulantes, estaria indicado o implante de filtro de veia cava inferior para prevenção de tromboembolismo pulmonar (TEP) maciço”, explica.
Já na trombose intracardíaca o tratamento para minimizar os riscos associados pode ser realizado através do uso de anticoagulantes, medicamentos trombolíticos para dissolver o coágulo, o uso de embolização para bloquear o fluxo sanguíneo para o coágulo, cirurgia para remoção do coágulo e acompanhamento médico regular para avaliar a resposta ao tratamento, monitorar a evolução do coágulo e ajustar as terapias conforme necessário.
Após o tratamento adequado o paciente pode levar uma vida normal.
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