Quais os impactos das ondas de calor no coração?
Descubra os potenciais impactos das ondas de calor na saúde cardiovascular. Conheça dicas para proteger seu coração durante períodos de calor intenso
Publicado em:
Com o aquecimento global, fenômenos climáticos extremos, como as ondas de calor, estão cada vez mais comuns. Elas não são apenas desafios para o conforto térmico, as ondas de calor também podem ter impactos significativos na saúde cardiovascular.
Quando a temperatura ambiente está muito alta, o funcionamento do nosso corpo fica alterado, e há sérios riscos para a saúde. De acordo com o Dr. Ronaldo Gismondi, coordenador da Cardiologia do Hospital Niterói D’Or, a temperatura normal do organismo humano é em torno de 37º C, o que ele descreve como “temperatura central”, que é medida dentro do organismo.
“Como no Brasil medimos a temperatura na região axilar, os valores podem oscilar de 36,0 a 37,2º C. Quando o ambiente externo está acima dessas medidas, alguns mecanismos ajudam a compensar o calor. No ser humano, os principais mecanismos são a respiração e a sudorese”, explica.
Compreender os impactos das ondas de calor no coração é muito importante para adotar medidas preventivas e proteger o órgão durante períodos de calor intenso. Neste texto, explicaremos como as altas temperaturas podem afetar em especial o coração e o sistema circulatório e destacaremos medidas preventivas para diminuir esses impactos.
Como as altas temperaturas afetam a saúde cardiovascular
“No calor, o coração bate mais rápido e mais forte, para aumentar a circulação de sangue para a pele. Os vasos da pele se dilatam, de modo a permitir maior passagem de sangue. Com isso, as glândulas sudoríparas conseguem aumentar a produção de suor, e o corpo perde calor para o ambiente”, explica Dr. Gismondi, que orienta a ingestão de água e a exposição ao vento como ferramentas que aumentem a evaporação para que esse mecanismo funcione melhor.
O especialista argumenta que em algumas situações a perda de calor pode ficar prejudicada. “Em dias de alta umidade, por exemplo, perdemos menos calor. Além disso, existe o fenômeno da aclimatação: quanto mais aguda for nossa exposição ao calor, menos adaptados e menos aptos estamos às altas temperaturas. Nesses cenários, pode haver sérios riscos à saúde.”
A condição na qual o nosso organismo fica excessivamente quente por fatores externos é chamada de hipertermia. Dr. Ronaldo Gismondi destaca alguns fatores de risco para a hipertermia:
- Obesidade;
- Extremos de idade;
- Sedentarismo;
- Consumo de álcool;
- Baixa ingestão de líquidos;
- Infecção viral ou bacteriana em atividade;
- Uso de estimulantes e pré-treino.
LEIA TAMBÉM: Exercícios para fortalecer o coração
É importante estar atento aos sinais de hipertermia. Sobre os sintomas mais comuns, Dr. Gismondi aponta:
- Palpitações (coração acelerado);
- Câimbras e boca seca;
- Dor no peito;
- Cansaço e falta de ar;
- Desmaio;
- Tontura;
- Tremores;
- Dor de cabeça.
“Em casos graves, pode haver perda da consciência, convulsões e até parada cardíaca”, alerta.
A hipertermia pode afetar o coração causando os principais riscos:
- Descompensação de um problema cardíaco que a pessoa já possui;
- Oscilação excessiva na frequência cardíaca e na pressão arterial;
- Arritmias;
- Infarto agudo do miocárdio (“ataque cardíaco”);
- Acidente vascular cerebral (“AVC ou derrame”).
Manter um equilíbrio térmico adequado, especialmente para grupos de risco, é fundamental para preservar a saúde do coração em condições climáticas adversas. Junto ao calor, o organismo perde água, e pode haver desidratação. Com menos líquido no sangue, ele fica viscoso, o que aumenta o risco de formação de coágulos (trombose).
VEJA MAIS: Diferenças entre ataque cardíaco e angina e como agir em cada um deles
Quem tem trombose pode infartar?
Prejuízos das ondas de calor para quem tem doenças no coração
Indivíduos com histórico de condições cardíacas podem experimentar agravamento dos sintomas durante as ondas de calor. Quando o coração acelera, pessoas com problemas cardíacos podem “descompensar” da sua doença, havendo sintomas como:
- Dor no peito;
- Falta de ar e sensação de desmaio.
“No suor, além de água, perdemos íons importantes, chamados eletrólitos, com sódio e potássio, o que pode desencadear arritmias graves”, aponta.
De acordo com o Dr. Gismondi, pacientes com insuficiência cardíaca, mais conhecida como coração fraco, e/ou aqueles com angina e/ou passado de infarto são os que possuem maior risco de ter complicações durante altas temperaturas.
Essa população deve evitar esforços físicos intensos, especialmente ao ar livre, e buscar ambientes mais frescos.
Como proteger o coração durante as ondas de calor
“Em dias de muito calor, procure ambientes arejados e frescos, ventiladores e, claro, um bom ar-condicionado”, orienta o cardiologista.
O médico recomenda ainda que nesses dias, exercícios em áreas externas, principalmente entre 10 e 16h, quando o calor é mais intenso, sejam evitados.
Veja abaixo outras medidas para proteger o coração durante as ondas de calor:
Beba bastante líquido: beba água regularmente ao longo do dia, de modo que sua urina esteja sempre clara. O calor aumenta a transpiração, o que pode levar à desidratação. A desidratação pode aumentar o risco de complicações cardiovasculares.
Faça alimentação leve: opte por refeições leves e balanceadas. Evite alimentos pesados e ricos em gorduras, pois podem aumentar o desconforto durante o calor.
Vista-se adequadamente: use roupas leves e de cores claras para refletir a luz solar e ajudar a manter o corpo mais fresco.
Conscientização dos sintomas: esteja ciente dos sinais de exaustão pelo calor, como tonturas, náuseas, pulso rápido e pele vermelha e quente. Se esses sintomas ocorrerem, procure um local mais fresco, hidrate-se e procure ajuda médica, se necessário.
“A atividade física deve ser feita sob orientação profissional e, se você tem problemas de coração, procure uma clínica de reabilitação cardíaca. O treino deve ser gradual – não tente compensar tudo no primeiro dia de exercícios e respeite seus limites”, alerta o médico.
O cardiologista orienta que se você tiver problemas no coração, é necessário manter o uso regular de suas medicações e a realização de consultas periódicas com seu médico para garantir que a saúde esteja estável e em boas condições para o verão.
Agende sua consulta com um dos cardiologistas D’Or.
LEIA MAIS: Riscos da automedicação para o coração