Prisão de ventre pode aumentar risco cardiovascular, sabia?
Meta Description: Fazer esforço para evacuar pode ser uma das principais causas do aumento do risco cardiovascular associado à prisão de ventre
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A prisão de ventre, também conhecida como constipação intestinal, é um problema que afeta cerca de 14% da população mundial. Embora muitas vezes vista apenas como um incômodo gastrointestinal, estudos recentes têm apontado que ela pode ter um impacto significativo na saúde cardiovascular.
Uma pesquisa publicada no American Physiological Society Journals mostrou que indivíduos hipertensos que também apresentavam constipação demonstraram um risco 34% maior de desenvolver eventos cardíacos subsequentes em comparação àqueles com hipertensão isolada.
Mas como a saúde cardiovascular e a prisão de ventre estão relacionadas? Vamos explorar mais sobre o tema neste texto. Continue lendo e entenda.
O que é prisão de ventre?
A prisão de ventre, também chamada de constipação intestinal ou obstipação, é uma condição caracterizada pela dificuldade ou infrequência na evacuação. Considera-se prisão de ventre quando há menos de três evacuações por semana, fezes endurecidas ou sensação de evacuação incompleta.
Embora não seja uma doença, a prisão de ventre pode causar grande desconforto e, em casos crônicos, impactar significativamente a qualidade de vida. A médica cardiologista assistente no Hospital São Luiz Morumbi e do Hospital Santa Isabel Dra. Alana Osterno destaca que fatores intrínsecos, como idade avançada e gênero feminino, aumentam a predisposição à prisão de ventre.
“A idade de forma isolada já acarreta algumas condições que aumentam o risco de desenvolver doenças cardiovasculares. Além disso, já é conhecido que idosos têm alteração no centro da sede, tendendo a ter uma ingestão de água menor, o que pode contribuir para a constipação”, ressalta.
Além da falta de água, hábitos de vida como baixa ingestão de fibras, inatividade física e obesidade também contribuem para o problema. “Tais condições, além de aumentar o risco de constipação, são também fatores de risco isolados para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares”, explica.
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Os sintomas típicos da prisão de ventre incluem:
- Esforço excessivo para evacuar;
- Fezes duras e secas;
- Sensação de obstrução ou bloqueio no reto;
- Desconforto ou dor abdominal.
Em casos mais graves, pode haver sensação de inchaço e até perda de apetite. Sintomas como dor intensa ou sangue nas fezes exigem avaliação especializada.
Dra. Alana Osterno explica que a constipação crônica pode levar a acometimentos locais, como hemorroidas, fístulas e fissuras anais, mas também pode gerar influência no risco de doenças mais graves como AVC, infarto e insuficiência cardíaca.
O tratamento dessa condição envolve aumentar o consumo de fibras e líquidos, praticar atividades físicas e criar uma rotina intestinal. Em casos graves, laxantes podem ser necessários, sempre com orientação médica.
A relação entre prisão de ventre e saúde cardiovascular
A relação entre prisão de ventre e saúde cardiovascular tem sido objeto de crescente atenção em estudos médicos. A constipação vem sendo cada vez mais associada ao aumento do risco de hipertensão arterial, infarto do miocárdio e outras condições cardiovasculares. “Atualmente, há estudos que mostram que a constipação pode impactar na saúde cardiovascular de várias formas, sugerindo aumento do risco de acidente vascular cerebral (AVC), infarto agudo do miocárdio (IAM), tromboses venosas e arritmias”, aponta a Dra. Alana.
Uma das ligações principais é o aumento do esforço necessário para evacuar, especialmente em casos de fezes endurecidas. Esse esforço pode causar elevações temporárias da pressão arterial e da frequência cardíaca, sobrecarregando o coração. “O esforço excessivo para evacuar submete a pessoa a níveis pressóricos mais elevados de forma recorrente, aumentando a chance de desenvolver pressão alta e outras doenças como arritmias e infarto”, complementa.
A cardiologista relata que o esforço evacuatório pode estar associado a alterações na microbiota intestinal, contribuindo para o desenvolvimento de placas de gordura nas artérias. Em indivíduos com doenças cardiovasculares pré-existentes, esses esforços podem elevar o risco de eventos como arritmias, ataques cardíacos ou derrames.
Pessoas com prisão de ventre crônica têm maior propensão a desenvolver doenças cardíacas, principalmente se a constipação for associada a outros fatores de risco. “Foram feitas correlações genéticas entre a constipação e várias formas de doenças cardíacas graves, levantando a hipótese de que fatores genéticos comuns podem estar relacionados a ambas as condições”, complementa a especialista.
O mau funcionamento do intestino pode levar a desequilíbrios no microbioma, aumentando a inflamação e afetando negativamente o metabolismo e a circulação sanguínea.
Como prevenir a prisão de ventre e proteger o coração
Prevenir a prisão de ventre é fundamental, não apenas para garantir o bem-estar intestinal, mas também para proteger a saúde cardiovascular. Os hábitos que promovem um intestino saudável, como uma dieta equilibrada, boa hidratação e atividade física, também desempenham um papel importante na manutenção da saúde do coração.
A alimentação tem um papel fundamental tanto na prisão de ventre quanto na saúde do coração. Para a constipação, a Dra. Alana orienta a ingestão adequada de fibras. “Fibras insolúveis estão presentes em alimentos como grãos integrais, nozes e sementes e aceleram o trânsito intestinal, promovendo a regularidade. Já fibras solúveis, encontradas em frutas, vegetais, aveia e cevada, podem ajudar a reduzir os níveis de colesterol no sangue, contribuindo para a saúde cardíaca”, explica.
Considerando uma alimentação adequada do ponto de vista cardiovascular, a especialista orienta a redução de alimentos processados, com excesso de sódio, gordura e carboidratos refinados; e estimula a ingestão de vegetais, frutas, legumes e peixes.
O tratamento da prisão de ventre também pode contribuir para a redução dos riscos cardiovasculares. A ingestão de fibras solúveis, por exemplo, favorece a digestão e ajuda a controlar os níveis de colesterol.
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Quando procurar ajuda médica?
Nos casos em que a constipação se torna crônica, é essencial buscar orientação médica. A Dra. Alana Osterno destaca que o ideal é realizar uma avaliação com um gastroenterologista para identificar possíveis alterações na microbiota intestinal, que podem requerer cuidados adicionais.
A cardiologista também ressalta a importância de agir após o diagnóstico. Mesmo em situações crônicas, reforçar a ingestão de fibras, aumentar o consumo de água e praticar exercícios físicos regularmente são medidas indispensáveis para aliviar os sintomas, prevenir complicações da prisão de ventre e proteger o coração.
O cuidado integrado reforça a necessidade de enxergar o organismo como um todo, em que o equilíbrio intestinal e cardiovascular andam de mãos dadas. A prevenção e o tratamento adequado não só promovem maior qualidade de vida, mas também reduzem o risco de complicações futuras.
É importante sempre estar atento a sintomas como: dor no peito, palpitação, falta de ar, e aos valores de pressão arterial quando medidos. Com a constipação sendo negligenciada por muitos, vale alertar que ela pode ser um fator de risco adicional para doenças cardiovasculares.
“Quem tem histórico de prisão de ventre e problemas cardíacos deve ser submetido a avaliações de rotina a fim de verificar o controle das doenças que o paciente possui, bem como a influência da constipação sobre tais condições, como o controle da pressão em pacientes hipertensos”, destaca Dra. Alana Osterno.
Se você sofre de prisão de ventre frequente ou percebe sinais como esforço excessivo, dor abdominal constante ou presença de sangue nas fezes, é importante consultar um médico. Esses sintomas podem indicar condições mais graves que requerem tratamento antes que o problema afete o coração, agende uma consulta com um especialista D’Or.