Prejuízos do cigarro e vaping ao coração

Já é sabido que cigarro e vaping causam grandes problemas aos pulmões, porém ambos possuem substâncias tóxicas que também atacam diretamente o coração. Esses elementos químicos provocam aumento da pressão arterial, do mau colesterol e dos triglicerídeos, estimulam a formação de placas de gordura nas artérias e geram um ambiente inflamatório.

No Brasil, o Dia Mundial Sem Tabaco, celebrado no dia 31 de maio, é promovido pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) para alertar a população sobre as doenças e mortes evitáveis relacionadas ao tabagismo.

Nesse texto vamos abordar os prejuízos do cigarro e do vaping ao coração e alertar sobre quais as doenças cardíacas que podem ser desencadeadas com o uso do cigarro e vaping.

E para você que deseja parar de fumar, ainda neste artigo, confira dicas do Dr. Bruno Cruz, coordenador Médico da Cardiologia do Hospital Caxias D’Or, para deixar de lado esse hábito e melhorar a sua saúde.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabaco e o cigarro são responsáveis por mais de 8 milhões de mortes por ano. Os dados apontam que mais de 7 milhões dessas mortes são resultantes do uso direto do tabaco! Já as mortes das pessoas expostas ao fumo passivo chegam a mais de 1,2 milhão. Ainda de acordo com a OMS, 20% das mortes por doenças cardíacas são causadas pelo tabaco.

De acordo com o Inca, os fumantes possuem uma expectativa de vida em média 10 anos menor. O instituto ainda aponta que aproximadamente 170 mil mortes anuais causadas pelos prejuízos do cigarro poderiam ser evitadas.

O cigarro e outros tipos de fumo e tabagismo aumentam o risco de câncer, enfisema e bronquite pulmonar, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), doença circulatória nas pernas (com risco amputação), derrame cerebral (AVC) e de doenças cardiovasculares.

No Brasil, cerca de 33 mil mortes por ano são relacionadas a doenças cardíacas resultantes do tabagismo.

Quando uma pessoa fuma, as substâncias tóxicas entram na corrente sanguínea e afetam diretamente o sistema circulatório: há formação de placas de gordura e aumento no risco de “entupimento” pela formação de coágulos. Ambos causam o estreitamento dos vasos sanguíneos, aumentando a pressão arterial e dificultando o fluxo de sangue para o coração e outros órgãos.

O cigarro possui mais de 4.700 substâncias tóxicas, incluindo nicotina, monóxido de carbono, alcatrão, cianeto e amônia, que são altamente prejudiciais ao coração.

Dr. Bruno Cruz aponta que diversos mecanismos associados ao tabagismo afetam o sistema cardiovascular, entre eles, o médico cita:

• Aumento do estímulo ao sistema nervoso simpático, com consequente elevação da frequência cardíaca e pressão arterial.
• Favorecimento de um ambiente pró-inflamatório e pró-coagulante.
• Interação com as gorduras presentes no sangue, aumentando o LDL (mau colesterol) e os triglicerídeos e reduzindo o HDL (bom colesterol).

Leia também: Quando preocupar-se com colesterol alto

• Favorecimento e estímulo da formação e acúmulo de placas de gorduras nas paredes das artérias, especialmente das coronárias, do cérebro e dos membros inferiores.
• Alteração da função endotelial e das plaquetas, mecanismos que protegem os vasos sanguíneos e garantem a boa circulação do sangue; quando funcionam mal, dificultam a dilatação dos vasos em situações de necessidade, aumentam a viscosidade do sangue e o risco de formação de trombos (coágulos).

Essas substâncias podem ainda reduzir a quantidade de oxigênio que pode ser transportada pelo corpo, causando uma sobrecarga ao coração, o que pode levar a danos como enfraquecimento do músculo cardíaco (insuficiência cardíaca).

De acordo com o cardiologista, o tabagismo é um dos maiores fatores de risco mais importantes para doença aterosclerótica cardiovascular, formação de placas de aterosclerose (gordura) nas artérias do corpo. Ele aponta que nas artérias do coração essas placas causam:

• angina (dor no peito);
• infarto do coração;
• derrame cerebral (AVC);
• morte súbita;
• isquemia(“falta de sangue”) em outras regiões, como as artérias do intestino, dos rins e membros inferiores.

“No sistema nervoso central, o tabagismo é responsável pelo acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico, que representa 85% do total de AVCs, e é importante causa de mortalidade e incapacidade permanente, quando o óbito não é o desfecho”, destaca o especialista.

“Produtos de tabaco aquecidos expõem seus usuários a emissões tóxicas, muitas das quais podem causar câncer, além de serem fatores de risco para doenças cardiovasculares. Mudar de produtos de tabaco convencionais para eletrônicos não significa deixar de estar exposto a essas substâncias tóxicas”, destaca Dr. Cruz.

O médico cita um estudo recente, publicado pela revista científica World Journal of Oncology, que evidenciou que os usuários de vape foram diagnosticados com câncer quase 20 anos antes de um fumante convencional.

Ele aponta que não há provas suficientes para apoiar a alegação de que os produtos de tabaco aquecidos são menos prejudiciais em comparação aos cigarros convencionais.

“Pelo contrário, há várias outras substâncias que são aquecidas a temperaturas elevadas e com geração de outras tantas que são inaladas e que podem trazer os mesmos riscos cardiovasculares ou maiores, parte deles ainda desconhecidos em longo prazo”, alerta Dr. Cruz.

Alguns fumantes optam pela substituição do cigarro convencional pelo vape acreditando que irá diminuir os efeitos do tabaco em seu organismo, mas, de acordo com o médico, os cigarros eletrônicos também possuem nicotina, o que leva à dependência e aumenta risco de aterosclerose (placas de gordura), trombose (coágulos), hipertensão arterial sistêmica (pressão alta), AVC (derrame) e infarto.

Então a única maneira de reduzir os prejuízos do cigarro e vaping ao coração é parando de fumar. Um ponto importante é que só depende de você: vamos parar de fumar! A Rede D’Or tem médicos especializados para lhe ajudar. Agende agora mesmo a sua consulta!

O médico destaca que parar de fumar não é uma tarefa simples e não se deve minimizar o esforço, porém é possível e é fundamental tentar.

“Hoje em dia, temos várias opções para ajudar quem tem esse objetivo. Temos tanto suporte psicológico, comportamental e algumas combinações de medicações que podem e devem ser utilizadas de forma individualizada, para cada caso, lembrando que não há ‘fórmula de bolo’”, enfatiza. Segundo o especialista, as drogas utilizadas têm mecanismos de ação diferentes que são levados em consideração para o tratamento de cada paciente.

Como dica principal, Dr. Cruz ressalta que, principalmente no começo da cessação do hábito, o paciente deve evitar as situações e gatilhos que o levam ao desejo de fumar, particularmente.

“Aos poucos vamos nos expondo a essas situações já com a interrupção mais consolidada, lembrando que temos mecanismos de dependência física e psicológica envolvidos e atuando em conjunto”, explica.

O Inca, através do Programa Nacional de Controle do Tabagismo, reuniu mais de 100 razões para parar de fumar, no qual aponta como o tabagismo afeta a aparência, as pessoas não fumantes, a saúde, os órgãos e o meio ambiente e as consequências sociais e econômicas, na intenção de conscientizar quem deseja parar de fumar.

Leia ainda: É possível largar o cigarro

Dr. Cruz aponta que os benefícios da cessação do tabagismo são muito bem estabelecidos, embora nem sempre sejam tão divulgados. São eles:

• efeitos imediatos como redução da frequência cardíaca em minutos;
• redução da quantidade de gás carbônico no sangue em horas;
• redução da tosse e melhora da capacidade respiratória geral em semanas;
• em 10 anos, a taxa de mortalidade por câncer de pulmão é cerca de metade da de um fumante;
• em cerca de 15 anos o risco de AVC e doença cardíaca se assemelha muito ao de uma não fumante.

A OMS disponibiliza também um material elencando alguns benefícios trazidos à saúde ao parar de fumar incluindo benefícios imediatos e a longo prazo.

As reações de abstinência do cigarro são diferentes para cada pessoa e estão relacionadas ao nível de dependência ao tabaco. Geralmente, esses sintomas são temporários e desaparecem em algumas semanas.

De acordo com o cardiologista, os sintomas mais comuns são:

• agitação;
• irritabilidade;
• dor de cabeça;
• tremores;
• dificuldade de concentração;
• alteração do padrão de sono;
• angústia;
• e muitas vezes “fissura” (grande e quase incontrolável vontade de fumar).

Como já apontado pelo Dr. Cruz, não há receita de bolo para parar de fumar, mas alguns hábitos podem levar ao consumo de cigarro e devemos evitá-los. A dica é buscar por substitutos saudáveis e procurar ajuda profissional, que podem contribuir para superar o tabagismo.

Segundo recomendações do Inca, o paciente pode optar por parar de fumar de duas formas:

• súbita e imediatamente: escolha um dia, jogue tudo que lembre o cigarro fora, e adeus tabagismo. Ou
• faça uma redução gradual: um cigarro a menos por dia, até parar.

O Instituto ainda disponibiliza um guia com 10 passos para pagar de fumar.

Em alguns casos, o ex-fumante pode precisar do uso de medicamentos para ajudar no processo. Nenhuma medicação deve ser usada sem orientação médica.

Como o tabagismo também afeta significantemente o coração, o ex-fumante precisará de um suporte cardiológico para tratar os prejuízos causados pelo cigarro e vaping ao coração.

Agende uma consulta com um cardiologista na Rede D’Or para iniciar seu processo de cessação do fumo.

A Rede D’Or conta com unidades nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco, Maranhão, Sergipe, Bahia e no Distrito Federal.