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Uma pesquisa acaba de revelar que nos últimos anos houve uma redução efetiva na mortalidade de pacientes com câncer na UTI. Para chegar a essa conclusão, o estudo multi-institucional contou com a participação de centros de pesquisa e universidades de diversos países, possibilitando uma meta-análise dos dados individuais desses pacientes. Essa técnica permite combinar resultados provenientes de diversos estudos anteriores para alcançar uma estimativa significativa, que afirmou que a taxa de óbito nas UTIs foi efetivamente reduzida em um período de dez anos. O estudo foi publicado na Intensive Care Medicine, uma das principais revistas na área de medicina intensiva, em maio deste ano.
Na pesquisa, foram selecionados no intervalo entre 2005 e 2015 mais de 100 estudos referentes ao tema. Dentre estes, autores de 30 publicações aceitaram participar da meta-análise final, oferecendo dados de um total de 7.354 pacientes. Dr. Márcio Soares, médico pesquisador do Instituto D’Or (IDOR) e um dos autores do estudo, atenta para o fato de que não apenas houve redução global da mortalidade em pacientes com câncer nas UTIs, como também em subgrupos específicos, como no caso de pacientes com câncer hematológico, neutropênicos e em uso de ventilação mecânica. “Há pouco tempo, esses subgrupos tinham um mau prognóstico, mas essa pesquisa revela que as mudanças no cuidado das UTIs refletem um resultado muito positivo para os pacientes”, afirma o médico.
Considerando a relevância do estudo para a prática dos profissionais das UTIs, é importante ressaltar que os avanços nos processos de cuidados na medicina intensiva estão entre as principais justificativas para essa queda de mortalidade, assumindo que o melhor entendimento dos pacientes graves e de suas respectivas disfunções tem trazido progressos visíveis ao tratamento dessas pessoas. “A partir desse estudo, ficamos com a mensagem de que a percepção clínica em relação a admissão e condução de pacientes com câncer em UTI não deve carregar a estereotipia de outros tempos, do doente oncológico criticamente enfermo”, afirma o Dr. Thiago Romano, coordenador médico da UTI do Hospital Vila Nova Star e da UTI oncológica do Hospital São Luiz Itaim. Dr. Romano afirma que análises como esta fazem a diferença e trazem grandes reflexões para quem atua na área de cuidado intensivo de pacientes com câncer.