O câncer de mama e a saúde do coração compartilham fatores de risco que podem aumentar a incidência de doenças cardíacas em pacientes com câncer de mama. O tratamento dessa condição também pode influenciar. Entenda essa relação.
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O Outubro Rosa é uma campanha mundialmente conhecida pela conscientização sobre o câncer de mama. No entanto, pouco se fala sobre a relação entre essa doença e a saúde do coração.
Embora o foco principal do Outubro Rosa seja a detecção precoce e o tratamento do câncer de mama, é importante considerar como esse tratamento pode impactar o coração. Estudos têm mostrado que algumas terapias para o câncer de mama, como a quimioterapia e a radioterapia, podem aumentar o risco de doenças cardíacas.
Entender essa conexão é fundamental para promover uma abordagem mais completa na prevenção e tratamento do câncer de mama, garantindo também a saúde cardiovascular das pacientes. Continue lendo e entenda qual a relação entre o câncer de mama e o coração.
No Outubro Rosa, é fundamental expandir a discussão sobre o câncer de mama para incluir a saúde do coração. O cardiologista Dr. Flávio Cure, médico especializado em cardio-oncologia e coordenador do Centro de Estudos do Hospital CopaStar (RJ), aponta que o câncer de mama e a saúde do coração compartilham vários fatores de risco, o que pode aumentar a incidência de doenças cardíacas em pacientes com o tumor.
Os fatores de risco compartilhados entre o câncer de mama e as doenças cardíacas são:
– Idade avançada;
– Obesidade;
– Sedentarismo;
– Tabagismo;
– Histórico familiar.
Esses fatores de riscos são comuns tanto para a Doença Arterial Coronariana quanto para o câncer de mama e podem contribuir para o desenvolvimento de ambas as condições.
Por esse motivo, a relação entre esses dois aspectos não pode ser ignorada, pois o tratamento eficaz do câncer de mama deve ser acompanhado de cuidados preventivos com o coração.
Os tratamentos para o câncer de mama, como a quimioterapia e a radioterapia, podem ter implicações significativas para a saúde cardiovascular. O cardiologista Dr. Flávio Cure destaca que algumas dessas terapias não apenas combatem o câncer, mas também podem ter efeitos adversos no coração, aumentando o risco de doenças cardíacas como insuficiência cardíaca e cardiomiopatias.
Quimioterapia:Medicamentos quimioterápicos, como as antraciclinas, são conhecidos por sua eficácia no combate ao câncer, mas também podem causar danos ao músculo cardíaco, levando à insuficiência cardíaca em alguns casos.
Terapia com trastuzumabe (Herceptin):Esse medicamento é amplamente utilizado no tratamento do câncer de mama HER2-positivo, mas pode enfraquecer o músculo cardíaco, especialmente em pacientes com fatores de risco pré-existentes para doenças cardíacas.
“Drogas como os antracíclicos e os inibidores HER-2 podem dilatar o coração, mas os efeitos deletérios dos antracíclicos costumam ser irreversíveis”, aponta Dr. Flávio Cure.
Radioterapia: Quando aplicada na região do tórax, a radioterapia pode afetar o coração e os vasos sanguíneos próximos, aumentando o risco de doenças cardíacas em longo prazo.
Hormonioterapia: Algumas terapias hormonais usadas para tratar o câncer de mama podem aumentar o risco de trombose (formação de coágulos sanguíneos), o que pode levar a eventos cardíacos como infarto do miocárdio.
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Diante desses riscos, é fundamental adotar uma abordagem integrada que leve em consideração tanto a saúde cardíaca quanto o tratamento oncológico. Isso garante que o tratamento do câncer de mama não comprometa a saúde do coração, permitindo uma abordagem mais abrangente e segura para a recuperação completa da paciente.
Dado o impacto potencial dos tratamentos de câncer de mama no coração, é essencial que as pacientes sejam acompanhadas por uma equipe multidisciplinar, incluindo oncologistas e cardiologistas. Essa colaboração permite que se decida por uma abordagem mais equilibrada, protegendo o coração enquanto o câncer é tratado.
Os cardiologistas especializados em cardio-oncologia desempenham um papel vital na avaliação e gestão do risco cardiovascular durante todo o tratamento do câncer de mama. Eles são responsáveis por recomendar mudanças no estilo de vida, prescrever medicamentos preventivos e monitorar regularmente a função cardíaca para minimizar os riscos. “O básico é o controle dos fatores de risco para doença coronariana como hipertensão, diabetes, dislipidemia, sedentarismo e tabagismo”, destaca Dr. Cure.
Para garantir a saúde cardíaca antes, durante e após o tratamento do câncer de mama, os exames cardíacos recomendados incluem ecocardiograma, eletrocardiograma e exames de sangue. “O diagnóstico precoce da descompensação cardíaca por meio de exames, a troca do esquema terapêutico e o uso de drogas cardioprotetoras estão mitigando os efeitos indesejáveis do tratamento”, enfatiza.
A abordagem multidisciplinar assegura que a saúde do coração seja monitorada e protegida, proporcionando uma estratégia abrangente para o cuidado das pacientes com câncer de mama. Esse acompanhamento cardíaco deverá permanecer mesmo após o tratamento oncológico.
Você está tratando um câncer de mama? Consulte um dos nossos cardiologistas.