O marca-passo é um dispositivo eletrônico que ajuda a regular os batimentos cardíacos. Entenda o que é um marca-passo, suas indicações e para que serve esse dispositivo
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Com certeza você já ouviu falar sobre o marca-passo, mas sabe exatamente o que é, para que serve e quando ele é indicado? Esse dispositivo é essencial para muitas pessoas que enfrentam problemas cardíacos, ajudando a regular o ritmo do coração e melhorando significativamente a qualidade de vida.
Segundo o Censo Mundial de Marcapassos e Desfibriladores, no Brasil, mais de 300 mil pessoas utilizam marca-passos, com cerca de 49 mil novos dispositivos sendo implantados anualmente. Um estudo publicado no Brazilian Journal of Health Review indicou que o uso de marca-passos é predominante em homens com idade média de 70 anos. As comorbidades mais frequentemente encontradas nesses pacientes incluem hipertensão, diabetes mellitus e dislipidemia.
Neste texto vamos explorar tudo o que você precisa saber sobre o marca-passo: o que ele faz, quais são as indicações para o seu uso, como é o procedimento de implantação e como viver bem com ele. Continue lendo para entender como o marca-passo pode ser a solução para manter o coração e batendo no ritmo certo.
O marca-passo é um pequeno dispositivo médico eletrônico implantável que ajuda a regular os batimentos cardíacos. Ele emite impulsos elétricos que fazem o coração bater em um ritmo normal, especialmente quando o ritmo natural do coração está lento demais (bradicardia) ou irregular.
De acordo com o Dr. Rodrigo Minati, cirurgião cardiovascular, membro da equipe de Arritmias da Rede D’Or, o aparelho de marca-passo é composto por duas partes principais: o gerador de pulsos, que contém a bateria e os circuitos eletrônicos, e 1, 2 ou 3 cabos-eletrodos, que transmitem os impulsos elétricos do gerador para o coração.
“Esta energia é transmitida para o músculo cardíaco que consegue, então, regularizar a parte elétrica daquele órgão, recuperando o ritmo adequado para que o coração consiga ejetar sangue para si próprio e para os outros órgãos”, explica o especialista, que também é responsável pelo Serviço de Estimulação Cardíaca Artificial do Instituto Nacional de Cardiologia.
De acordo com o Dr. Minati, a principal indicação para o uso de um marca-passo é a presença de bloqueios na transmissão dos impulsos elétricos naturais do coração, o que resulta em bradicardia (frequência cardíaca baixa).
“Estes bloqueios podem ser mais avançados ou menos avançados. Nos mais avançados indicamos o implante”, atesta o cardiologista.
Os sintomas mais comuns associados à bradicardia incluem tontura, cansaço durante pequenos esforços e síncopes (desmaios), que podem levar a complicações em outros órgãos, como ocorre em desmaios acompanhados de traumatismos cranianos.
O especialista explica que, além dos marca-passos voltados para tratar bradicardia, existem outros tipos, como os cardiodesfibriladores, que são indicados para tratar ritmos cardíacos muito rápidos e potencialmente fatais. Também há os marca-passos ressincronizadores, destinados ao tratamento de doenças do músculo cardíaco, como a insuficiência cardíaca.
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“O marca-passo serve para regularizar o ritmo cardíaco. Batimento a batimento, o aparelho interpreta a capacidade do coração de naturalmente originar (nos átrios) o impulso elétrico ou de transmitir estes impulsos para os ventrículos”, explica o cardiologista.
Em outras palavras, o marca-passo monitora continuamente o coração, detectando a capacidade do órgão de gerar impulsos elétricos de forma natural nos átrios (as câmaras superiores do coração) ou de transmitir esses impulsos para os ventrículos (as câmaras inferiores).
Quando o coração não consegue, por conta própria, criar ou transmitir esses impulsos elétricos, o marca-passo envia um sinal elétrico ao coração, fazendo com que o músculo cardíaco se contraia e mantenha um batimento adequado. Dessa forma, ele garante que o coração funcione corretamente, mesmo quando há problemas na sua atividade elétrica natural.
Com o auxílio do marca-passo, o coração mantém um ritmo regular, garantindo o fluxo de sangue necessário para o corpo.
O procedimento de implantação de um marca-passo é minimamente invasivo. O médico insere o dispositivo e posiciona os eletrodos dentro do coração através de um cateter inserido em uma veia.
“É uma cirurgia de baixa complexidade, feita através de punções da veia abaixo da clavícula ou por dissecção da mesma. Os cabos eletrodos são levados até as cavidades cardíacas (normalmente átrio e ventrículo direito), são posicionados com ajuda do raio-X na melhor posição anatômica e elétrica possível. É feita, então, uma incisão na região torácica próxima ao ombro, os cabos são conectados ao gerador e a ferida é fechada”, explica Dr. Rodrigo Minati.
Geralmente, o procedimento é feito com anestesia local e sedação. As restrições são mínimas, principalmente nos primeiros 15 dias (como evitar levantar muito o braço), e depois o paciente pode retomar uma rotina bastante próxima do normal. A cirurgia é relativamente rápida, e a maioria dos pacientes recebem alta no mesmo dia ou no dia seguinte.
“A imensa maioria dos pacientes não tem restrições no dia a dia. Certas situações demandam programações pontuais (por exemplo cirurgias e ressonâncias)”, afirma Minati.
A vida com um marca-passo pode ser bastante normal. A maioria das pessoas consegue retornar às suas atividades diárias habituais, incluindo exercícios leves e moderados, após o período de recuperação. No entanto, é fundamental seguir as orientações do médico e realizar check-ups periódicos para garantir que o dispositivo esteja funcionando corretamente.
“O paciente precisa fazer consultas periódicas, normalmente a cada 6 meses, para acompanhamento do aparelho e da duração da bateria (em geral de 8 a 10 anos)”, ressalta o cardiologista.
Se você ou alguém que você conhece está considerando a implantação de um marca-passo, consulte um dos nossos cardiologistas para entender melhor como ele pode ajudar na sua condição específica.
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