Embora seja uma doença neurodegenerativa (ou seja, provoca a morte progressiva de um tipo de célula do sistema nervoso) ainda sem cura, as cirurgias para controlar sua evolução mostram-se cada vez mais seguras e eficazes, contribuindo significativamente para a qualidade de vida do paciente.
Tremores, lentidão de movimentos, rigidez muscular, dificuldades para caminhar e falar são alguns sintomas do Mal de Parkinson.
Embora seja uma doença neurodegenerativa (ou seja, provoca a morte progressiva de um tipo de célula do sistema nervoso) ainda sem cura, as cirurgias para controlar sua evolução mostram-se cada vez mais seguras e eficazes, contribuindo significativamente para a qualidade de vida do paciente.
“A melhora ocorre em 95% dos casos”, afirma Antônio De Salles, neurocirurgião do Hospital Vila Nova Star. “Mais de 70% das pessoas reduzem o uso de medicação após a cirurgia e cerca de 25% param com os remédios diários.”
A dificuldade dos medicamentos, que são principalmente à base de levodopa, é que, conforme a doença progride, deixam de funcionar adequadamente e podem causar efeitos colaterais agudos como espasmos musculares e alucinações.
Por isso, as cirurgias se tornam uma alternativa ao tratamento apenas com remédios. “Elas atuam na melhora dos sintomas e cortam os efeitos colaterais das medicações”, explica Alessandra Gorgulho, neurocirurgiã dedicada ao tratamento do Mal de Parkinson na Rede D’Or, junto a De Salles.
Marca-passo cerebral
De maneira geral, as intervenções cirúrgicas para o Mal de Parkinson são chamadas de neuromoduladoras. “Modulam a atividade cerebral, isto é, equilibram os impulsos nervosos”, explica De Salles. Durante mais de duas décadas, o médico morou no Estados Unidos, onde desenvolveu pesquisas sobre técnicas cirúrgicas minimamente invasivas e dispositivos cerebrais.
A técnica mais avançada consiste na realização de cirurgia com equipamentos robóticos não invasivos, como o Gamma Knife e o Cyberknife. Os robôs emitem feixes submilimétricos de radiação para determinadas regiões do cérebro do paciente. O uso desses aparelhos de última geração, existentes na Rede D’Or, promove alto grau de segurança e precisão.
Outro tipo de tratamento cirúrgico para minimizar ou até frear os sintomas do Parkinson é a cirurgia de estimulação cerebral profunda, que consiste em implantar um eletrodo no cérebro por meio de um orifício no crânio. Essa abertura é menor do que a ponta de uma caneta. O eletrodo fica conectado a um marca-passo colocado sob a pele, no tórax. Esse conjunto vai ajustar os pulsos elétricos do cérebro a fim de normalizar os sintomas.
Quando operar?
A indicação de procedimentos cirúrgicos depende de diversas análises dos especialistas. “Cada caso tem de ser avaliado individualmente”, diz Alessandra Gorgulho.
Antes costumava-se aguardar entre 8 a 12 anos para indicar cirurgia. Atualmente, a recomendação é operar antes que a capacidade funcional do paciente se deteriore.
“Quando o tratamento medicamentoso e fisioterápico não consegue manter a qualidade de vida do paciente, está na hora de considerar a cirurgia”, explica Gorgulho. Dessa forma, busca-se também evitar o aparecimento de sintomas secundários ao Parkinson, como a depressão decorrente da perda de autonomia e da capacidade de trabalho.
“Estudos apontam que a ocasião mais propícia da neuroestimulação é cerca de quatro a sete anos após o diagnóstico de Parkinson”, esclarece De Salles. “Está comprovado cientificamente que a cirurgia realizada precocemente traz benefícios ao permitir que o paciente mantenha suas atividades diárias e desfrute de sua autonomia.”
Tremor essencial
Essas técnicas cirúrgicas também podem trazer mais qualidade de vida para pessoas com tremor essencial, também conhecido como tremor benigno ou tremor hereditário.
O tremor essencial é uma desordem neurológica frequentemente confundida com a doença de Parkinson. É bastante comum na população – atinge uma a cada 20 pessoas com mais de 40 anos, mas pode aparecer em qualquer idade.
O tremor revela-se principalmente nas mãos, mas pode afetar a cabeça, voz, pernas e tronco.
Se o uso de fármacos não amenizar satisfatoriamente os sintomas, os procedimentos cirúrgicos podem ser uma opção. “Medicamentos trazem alívio parcial para aproximadamente 50% das pessoas”, explica Alessandra Gorgulho.
O implante do marca-passo cerebral, cirurgia semelhante à do Mal de Parkinson, é o procedimento indicado quando o tremor afeta os dois lados do corpo, além da cabeça e da voz.
Em outros casos, pode ser indicada a radiocirurgia, com o Cyberknife e o Gamma Knife. “As tecnologias robóticas não invasivas também beneficiam o paciente acometido por tremor essencial”, enfatiza o neurocirurgião De Salles.