A fibrilação atrial é o tipo mais comum de arritmia cardíaca e tende a ser mais frequente em idosos
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A fibrilação atrial (FA) é o tipo mais comum de arritmia cardíaca, caracterizada por batimentos irregulares e rápidos no coração. Embora possa ocorrer em pessoas saudáveis, essa condição tende a ser mais frequente em idosos e em pessoas com problemas cardíacos ou outras condições crônicas.
De acordo com um estudo publicado no Brazilian Journal of Health Review, a incidência da fibrilação atrial aumenta consideravelmente com o avanço da idade, atingindo cerca de 10 a 12% de pessoas com 80 anos ou mais.
Uma pesquisa publicada nos Arquivos Brasileiros de Cardiologia, da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), também confirma que a incidência de fibrilação atrial cresce exponencialmente com o envelhecimento, aumentando 5 vezes a partir dos 60 a 69 anos, 7 vezes entre 70 e 79 anos e 9 vezes acima dos 80 anos.
Neste texto vamos entender o que é a fibrilação atrial, os riscos associados e quais são os tratamentos disponíveis para essa condição. Continue lendo e confira.
A Dra. Patricia Rueda, arritmologista do Hospital do Coração e DF Star, ambos da Rede D’Or no Distrito Federal, descreve a fibrilação atrial como uma alteração no ritmo cardíaco, caracterizada por batimentos irregulares e, na maioria dos casos, acelerados.
A fibrilação atrial ocorre quando há uma desorganização na atividade elétrica dos átrios, as câmaras superiores do coração. Em vez de contraírem de maneira coordenada para enviar o sangue aos ventrículos, os átrios “fibrilam”, ou seja, tremem de forma rápida e irregular. Isso faz com que o coração bata de maneira irregular, dificultando o bombeamento eficiente de sangue.
O ritmo normal do coração é controlado por um marca-passo natural que regula os impulsos elétricos que fazem o coração bater. Na FA, esses impulsos se tornam desordenados, resultando em uma frequência cardíaca irregular, que pode ser muito rápida (taquicardia) ou, em alguns casos, mais lenta.
A fibrilação atrial pode trazer diversos riscos à saúde, sendo o mais grave o acidente vascular cerebral (AVC).
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Segundo a Dra. Patrícia, algumas consequências da fibrilação atrial são:
Risco de eventos embólicos (especialmente o AVC):
Como os átrios, onde essa arritmia se origina, estão fibrilando, não ocorre uma contração eficaz, o que compromete o fluxo sanguíneo nessa região do coração. “Essa condição pode levar à formação de coágulos dentro do coração e esses coágulos podem se desprender e obstruir artérias em todo o corpo; o local mais frequentemente afetado e com maior repercussão é justamente o cérebro, causando um AVC”, explica a cardiologista.
Risco de insuficiência cardíaca:
“Se a fibrilação atrial não for controlada, o coração pode se dilatar e ficar insuficiente, ocasionando falta de ar, inchaço nas pernas e risco de arritmias mais graves”, alerta.
Piora da qualidade de vida:
“A ocorrência de fibrilação atrial está muito ligada à piora de performance pelo paciente”, ressalta.
Associação com declínio cognitivo:
“Há uma associação da fibrilação atrial com o risco de demência“, aponta.
O envelhecimento é o principal fator de risco para o desenvolvimento de fibrilação atrial. Além disso, de acordo com a Dra. Patrícia, doenças cardíacas, como valvulopatias, doença de Chagas e infarto, assim como hipertensão arterial, diabetes, obesidade, sedentarismo e apneia do sono, também estão fortemente associadas ao aumento do risco dessa arritmia.
De acordo com a Dra. Patrícia, que atua com foco no atendimento de cardiopatias genéticas e disautonomias, nem todos os pacientes com fibrilação atrial apresentam sintomas. “Por isso é importante pesquisar ativamente com exames, nas pessoas com fatores de risco”, alerta.
Quando a fibrilação atrial cursa com sintomas, os mais frequentes são:
O diagnóstico da fibrilação atrial geralmente é realizado através do registro dos batimentos cardíacos durante o episódio de arritmia.
“Também é possível documentar a arritmia e monitores implantados, em pacientes portadores de marca-passo ou ainda em smartwatches mais modernos”, ressalta,
O tratamento da fibrilação atrial tem como objetivo controlar o ritmo cardíaco, prevenir a formação de coágulos e tratar as causas subjacentes da arritmia.
De acordo com a Dra. Patrícia, o tratamento da fibrilação atrial é dividido em duas frentes:
“Em pacientes com maior risco de AVC e eventos embólicos, devemos considerar o uso de anticoagulantes preventivamente”, destaca.
Dra. Patrícia Rueda explica que o objetivo é sempre restaurar o ritmo normal do coração, seja por meio de medicamentos ou através da ablação, um procedimento invasivo que utiliza ondas de radiofrequência aplicadas no coração para controlar a arritmia.
“Quando nos deparamos com a impossibilidade de manter o paciente no ritmo normal, devemos controlar ao menos a frequência cardíaca, evitando que o coração fique acelerado demais. Esse controle fazemos com medicações. Em alguns casos selecionados, o marca-passo entra como uma abordagem específica para tratamento”, complementa.
A fibrilação atrial é uma condição séria que pode aumentar o risco de complicações graves, como AVC e insuficiência cardíaca. No entanto, com diagnóstico precoce e tratamento adequado, é possível controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida.
Se você sente palpitações ou outros sintomas relacionados ao coração, agende uma consulta com um de nossos cardiologistas para avaliação e tratamento.