Estudo eletrofisiológico: o que é, para que serve e quando fazer?
O estudo eletrofisiológico é um procedimento que utiliza cateteres introduzidos por uma veia na perna para avaliar o funcionamento da condução elétrica do coração.
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O estudo eletrofisiológico é um procedimento que utiliza cateteres introduzidos por uma veia na perna para avaliar o funcionamento da condução elétrica do coração. É um exame muito realizado na rotina cardiológica com o objetivo de diagnosticar e orientar o médico na escolha do melhor tratamento das alterações do ritmo cardíaco.
Costuma ser indicado na dúvida diagnóstica, ou seja, quando o paciente tem sintomas que o holter, o eletrocardiograma ou o monitor de eventos sintomáticos looper não conseguiram esclarecer.
O estudo eletrofisiológico também pode ser indicado quando o médico tem o objetivo de realizar uma ablação em sequência, que é uma das opções de tratamento das arritmias.
Neste artigo, vamos explicar como funciona o coração, como é realizado o estudo eletrofisiológico, quais riscos e quais cuidados o paciente deve ter antes e após o procedimento. Continue lendo e confira.
Leia também: O que é cateterismo?
Como funciona o coração?
O sistema elétrico do coração funciona como um marca-passo natural, ou seja, o coração só bate quando ele é avisado para bater. Existe um núcleo nesse sistema elétrico, o chamado nodo sinusal, que em situações normais coordena os impulsos elétricos de forma regular e sincrônica. Quando este sistema não funciona bem, temos as arritmias, nas quais os impulsos e batimentos podem ficar muito rápidos (taquicardia), muito lentos (bradicardia) ou irregulares e descoordenados.
“Esse aviso elétrico é como se fosse um sino, um alarme que faz com que o músculo contraia, isso faz com que o coração bata de forma regular, ritmada e que cada batimento na parte de cima, que são os átrios, seja acompanhado até a parte de baixo, nos ventrículos”, explica o Dr. Bruno Valdigem, cardiologista e eletrofisiologista da Cardiologia D’Or.
Quando a função desse marca-passo natural é comprometida, a implantação de um dispositivo marca-passo atua com o objetivo de monitorar e controlar os batimentos cardíacos, principalmente quando eles estão mais lentos do que o normal.
De acordo com consulta feita em abril de 2023 à base de dados da Associação Brasileira de Arritmia, Eletrofisiologia e Estimulação Cardíaca Artificial (previamente conhecida como Departamento de Estimulação Cardíaca Artificial da SBCCV), órgão responsável pelo Registro Brasileiro de Dispositivos Implantáveis, nos últimos 10 anos, o Brasil realizou aproximadamente 150 mil implantes.
Estudo eletrofisiológico: como é realizado?
O estudo eletrofisiológico é realizado com o paciente em sedação e com anestesia local. É inserido um cateter através da veia da perna.
“A pessoa vai para uma sala preparada com raios X, são feitos dois furinhos de agulha na perna, geralmente na perna direita, e introduzimos um fio que sobe pela veia, sem causar dor, porque é por onde o sangue passa e vai no mesmo sentido do fluxo sanguíneo até o coração. Já no coração ele mede como está a condução elétrica”, diz.
De acordo com o especialista, se no estudo for encontrada alguma arritmia grave, ela pode ser tratada na mesma hora em alguns casos.
“Em outros casos, a conduta é discutida com o médico do paciente que tem maior conhecimento da vida da pessoa e em conjunto se decide a implantação de marca-passo, implantação de desfibrilador, ou mesmo ablação, após um preparo adequado do paciente”, esclarece.
Enquanto o estudo eletrofisiológico é um exame diagnóstico, a ablação já é o tratamento. “Esse exame tem uma resolubilidade muito boa no tratamento da pessoa e eventualmente pode ser até curativo”, aponta o médico.
Leia também: Mitos e verdades sobre marca-passo.
Preparo para o exame
Segundo Dr. Valdigem, o preparo para realização do estudo eletrofisiológico é simples: basta estar em jejum. “O jejum costuma ser em torno de 8h. Ele é necessário para qualquer sedação, algumas equipes têm estratégias para abreviar esse tempo de jejum para o conforto do paciente”, destaca.
O paciente deve chegar ao hospital um pouco antes do horário previsto para ser admitido, preparado e levado para a sala onde o procedimento será realizado. Caso haja muitos pelos na região inguinal (virilha), a equipe do hospital pode precisar raspá-los para facilitar a identificação correta do local de punção e anestesia.
O cardiologista recomenda que o paciente leve todos seus exames no dia do procedimento. “Mesmo que o médico já conheça o caso, é sempre bom uma revisão de última hora. Todo cuidado é pouco”.
É também importante levar um acompanhante que conheça as medicações e o quadro clínico do paciente.
O estudo eletrofisiológico tem uma duração média de 40 minutos. “Após o procedimento, o paciente vai para o quarto, repousa de 4h a 6h para uma boa cicatrização da perna e depois já pode ir para casa”, diz o médico.
Quem não pode fazer
Para realizar o estudo eletrofisiológico, o paciente não pode estar com nenhum tipo de infecção em atividade, se estiver fazendo uso de remédios anticoagulante ou remédios que alterem a coagulação, deve informar o especialista.
Gestantes precisam de uma abordagem especial para evitar a exposição do bebê durante o exame.
Riscos do estudo eletrofisiológico
De acordo com Dr. Valdigem, os riscos desse procedimento geralmente estão relacionados às intervenções na perna. Ele destaca que pode acontecer algum tipo de sangramento e eventualmente precisar de um pequeno ponto para estancar o sangramento na região.
“Complicações mais graves como, por exemplo, extravasamento de sangue para fora do coração, que necessita de drenagem, também conhecida como tamponamento pericárdico ou tamponamento cardíaco, são muito raras”, enfatiza.
Cuidados após o procedimento
Após a alta, o paciente deve:
- evitar dirigir por sete dias;
- evitar fazer qualquer tipo de esporte por cerca de um mês.
O médico destaca que é muito importante buscar uma boa cicatrização da perna, por isso manter esses cuidados é essencial para evitar eventuais sangramentos.
Precisa realizar um estudo eletrofisiológico? Agende uma consulta com um dos cardiologistas da Rede D’Or nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco, Maranhão, Sergipe, Bahia e no Distrito Federal.