Entenda como o estresse pode levar ao infarto, saiba quais os impactos do estresse no coração e como gerenciá-lo para preservar sua saúde cardiovascular
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O estresse é um mecanismo de defesa do nosso corpo no qual há a liberação de hormônios como adrenalina, noradrenalina e cortisol, que preparam nosso corpo para situações de luta ou fuga. O problema está quando ele é ativado por preocupações e problemas no dia a dia. Em níveis altos, estas substâncias reduzem o calibre dos vasos, aumentam a pressão arterial e a frequência cardíaca, o que aumenta os riscos de um infarto (IAM) ou de um derrame (AVC).
Um estresse prolongado pode contribuir também para o desenvolvimento de complicações cardíacas, como a insuficiência cardíaca, as arritmias e a formação de placas de gordura nas artérias coronárias (aterosclerose).
De acordo com o Ministério da Saúde, o estresse está entre os principais fatores de risco para a ocorrência do infarto. Estudos apontam que aproximadamente 15% dos casos de infarto podem ocorrer devido a situações de estresse repentino e intenso.
Por isso, neste dia 23 de setembro, Dia Mundial de Combate ao Estresse, trazemos maneiras de lidar com o estresse e controlá-lo para evitar problemas cardíacos.
O estresse desempenha um papel significativo no desenvolvimento de doenças cardiovasculares, incluindo o infarto. De acordo com o Dr. Antonio Aurélio Fagundes Jr., coordenador da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital DF-Star, da Rede D’Or, quando exposto ao estresse, o organismo libera substâncias vasoconstritoras.
“Essas substâncias podem levar à ruptura de uma placa de gordura nas artérias [ateroma ou aterosclerose]. Além de predispor à ruptura do ateroma, essas substâncias levam a constrição dos vasos e aumento da frequência cardíaca. Todos esses fatores podem levar ao infarto”, explica o especialista.
A ruptura de placas de gordura pode bloquear completamente uma artéria coronária. Quando isso acontece, ocorre um infarto do miocárdio, resultando em danos ao músculo cardíaco devido à falta de suprimento sanguíneo adequado.
A contração dos vasos sanguíneos, devido aos hormônios do estresse, resulta em um maior esforço cardíaco para bombear o sangue através deles. Além disso, o aumento da pressão arterial coloca uma carga adicional nos vasos e no próprio músculo cardíaco. Em longo prazo, essa sobrecarga contínua pode levar ao enfraquecimento do músculo cardíaco e ao desenvolvimento de insuficiência cardíaca.
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O cardiologista intensivista alerta que tanto um episódio de estresse repentino como o estresse contínuo podem levar ao infarto, mas o estresse contínuo é o principal motivo.
Se o estresse se torna crônico e persistente, os efeitos negativos ao sistema cardiovascular podem se acumular ao longo do tempo, aumentando ainda mais o risco de um evento cardíaco.
“Quando notamos que o estresse está interferindo em nossas atividades de vida diária, como capacidade de trabalhar, alimentação e sono, precisamos buscar ajuda, pois esse é o sinal de interferência no organismo”, explica o médico.
Dr. Antonio Aurélio Fagundes Jr. explica que, além do infarto, o estresse pode desempenhar um papel significativo no desenvolvimento de vários outros problemas cardíacos como:
– Hipertensão (pressão alta);
– Síndrome do coração partido.
“Nesta última, o estresse agudo leva a uma grande descarga de adrenalina, levando à morte aguda de células cardíacas”, descreve.
Na síndrome do coração partido, o paciente pode apresentar sintomas como dor no peito, falta de ar, palpitações ou desmaios. Em casos grave, há falta de força do coração para bombear o sangue – a insuficiência cardíaca.
O estresse crônico também pode se associar a outros comportamentos prejudiciais ao coração, como alimentação inadequada, sedentarismo, tabagismo e consumo excessivo de álcool, que são fatores de risco para problemas cardíacos.
O estresse também pode afetar negativamente os hábitos de vida saudáveis. Por exemplo, durante períodos de estresse, algumas pessoas podem ter dificuldade para dormir adequadamente e fazer exercícios regulares. Essas mudanças no estilo de vida podem contribuir para o desenvolvimento de doenças cardíacas.
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Segundo Dr. Antonio Aurélio Fagundes Jr., o infarto causado pelo estresse tem os mesmos sintomas de um infarto provocado por outros fatores. “A principal manifestação é dor no peito, sentido como uma sensação de peso ou aperto no peito. Algumas vezes, o sintoma pode acontecer com uma sensação de queimação na região do tórax”, descreve.
Ele atesta que em pessoas idosas, diabéticos, pacientes com demência ou portadores de muitas doenças associadas, os sinais de infarto podem ser diferentes, com a possibilidade de serem os únicos sintomas nestes casos, tais como:
– Dor de estômago;
– Falta de ar;
– Sonolência.
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Todos os dias somos submetidos a momentos e situações de estresse. O cardiologista destaca que o estresse é necessário para a nossa sobrevivência, uma vez que nos mantém alertas e reativos a situações ameaçadoras. O problema está no excesso do estresse. Saber lidar com situações estressantes de forma serena e eficaz é fundamental para proteger a saúde e bem-estar.
Ao reconhecer a influência do estresse no desenvolvimento de doenças cardiovasculares, é possível adotar medidas eficientes para reduzir e gerenciar o estresse protegendo, assim, a saúde do coração e prevenindo eventos cardiovasculares graves.
– Praticar atividades físicas regulares;
– Ter um sono adequado em quantidade e em qualidade;
– Priorizar os momentos de lazer e interações sociais com família e amigos.
“Essas são as principais medidas para lidar com o estresse. Além disso, meditação e técnicas de mindfulnesssão excelentes formas adicionais para abordagem do estresse”, conclui o médico.
É sempre recomendado consultar um profissional de saúde para orientações personalizadas sobre como lidar com o estresse e promover a saúde do coração.
Conte com os especialistas em Cardiologia da Rede D’Or.
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