Efeitos das drogas e do álcool no coração

O abuso de drogas e álcool causa impactos negativos em todo o organismo, mas seus efeitos sobre o coração são particularmente preocupantes. Substâncias como cocaína, anfetaminas, maconha e bebidas alcoólicas podem desencadear desde alterações na pressão arterial até doenças cardiovasculares graves, como infarto e insuficiência cardíaca.

Um estudo realizado com mais de 23 milhões de adultos, publicado no European Heart Journal, revelou que o uso de metanfetaminas, cocaína, opiáceos e cannabis aumenta o risco de fibrilação atrial, um distúrbio comum do ritmo cardíaco que pode levar a AVC e morte prematura.

Já dados publicados pela Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo apontam que o uso da cocaína é responsável por 20% a 35% dos infartos em jovens. E as bebidas alcoólicas estão longe de ser inofensivas. O relatório Álcool e a Saúde dos Brasileiros – Panorama 2024, produzido pelo Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA), mostra que o consumo nocivo de álcool está ligado a mais de 200 doenças e lesões, além de representar cerca de 5% da carga global de enfermidades.

No dia 20 de fevereiro, celebra-se o Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo, uma data importante para conscientizar a população sobre os riscos dessas substâncias e incentivar a prevenção e o tratamento da dependência. Continue lendo e entenda os efeitos das drogas e do álcool no coração.

As drogas ilícitas podem causar sérios danos ao coração, aumentando o risco de arritmias, infartos e outras complicações cardiovasculares. Essas drogas podem também elevar a pressão arterial, provocar inflamações nos vasos sanguíneos e comprometer o funcionamento do músculo cardíaco.

O impacto varia de acordo com a substância, a frequência e o tempo de uso, mas todas representam um risco significativo para a saúde cardiovascular.

Dr. Tito Paladino, Doutor em Ciência pela USP e médico da Imagem Cardíaca da Rede D’Or, explica, de forma geral, como a cocaína pode comprometer a saúde cardiovascular. Ele destaca que, por ser uma droga basicamente estimulante do sistema simpático, a cocaína (benzoilmetilecgonina) causa aumento da pressão arterial, frequência cardíaca e arritmias.

“Com o uso crônico, os pacientes tendem a apresentar arritmias, aumento e disfunção das cavidades cardíacas, além do alto risco para doença coronária, podendo levar ao infarto do miocárdio, muitas vezes secundário a vasoconstricção, formação de trombos e aterosclerose acelerada”, salienta Dr. Tito Paladino, que atua nos hospitais Vila Nova Star, São Luiz Itaim e São Luiz Morumbi.

Já a maconha (Cannabis sativa), através de receptores endocanabinoides (CB1 e CB2), também tem efeito nocivo no sistema cardiovascular, de acordo com o especialista. “Diferentemente do que pode parecer pelo estado letárgico em que o indivíduo se encontra durante o uso, ela está relacionada a taquicardias, hipertensão arterial e um risco aumentado também de infarto miocárdico”, alerta.

Dr. Paladino afirma que há algumas raras exceções em que a maconha é prescrita para tratamentos específicos. No entanto, essas indicações são restritas, com formulações e doses significativamente diferentes das utilizadas pelo usuário recreativo.

“O álcool tem seu uso difundido mundialmente. Basicamente os efeitos dependem não só da quantidade ingerida, como também, do padrão de consumo, variando de indivíduo para indivíduo de acordo com outros fatores constitucionais ou comportamentais”, explica Dr. Tito Paladino.

O consumo excessivo de álcool também representa uma grande ameaça para o coração. Entre os efeitos maléficos do álcool os mais importantes são:

• Hipertensão arterial;

• Arritmias cardíacas (fibrilação atrial);

• Cardiomiopatia alcoólica (insuficiência cardíaca);

• Acidente vascular encefálico;

• Doença arterial coronária (placas ateromatosas).

O médico enfatiza que durante anos acreditava-se que o consumo regular de pequenas doses de álcool, a famosa “tacinha”, trazia benefícios à saúde, incluindo o aumento da longevidade. “Tal posicionamento caiu por terra, inclusive sendo publicado em 2018 na revista especializada The Lancet um trabalho mostrando que não existe dose segura e saudável de ingesta alcoólica”, complementa.

O consumo excessivo de álcool pode afetar a saúde do coração, com alterações como batimentos cardíacos irregulares, falta de ar, inchaço nas pernas, cansaço extremo, dor no peito, tonturas e dificuldade de concentração.

Ainda mais prejudicial pode ser o uso concomitante de álcool e cocaína por exemplo. “Essa associação forma um metabólito chamado cocaetileno, com maior risco de toxicidade cardiovascular e danos ao fígado. A maconha também, apesar de não ter seu uso comumente associado à cocaína, potencializa seu efeito por aumento da sua absorção”, discorre Dr. Paladino.

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A prevenção e a conscientização sobre os danos causados pelo uso contínuo de substâncias como álcool, cocaína e maconha são essenciais para reduzir o impacto na saúde pública e individual. Além disso, o tratamento do abuso dessas substâncias desempenha um papel muito importante na prevenção de complicações cardiovasculares.

Para avaliar os danos causados pelo uso prolongado dessas substâncias, é necessário realizar um exame clínico detalhado, associado a exames complementares como Eletrocardiograma, Ecocardiograma, Angiotomografia das artérias coronárias e Ressonância Cardíaca.

Esses testes permitem ao profissional avaliar o grau de dano cardíaco, se presente, e planejar o tratamento mais adequado para cada paciente, garantindo uma abordagem personalizada e eficaz.

A divulgação dos efeitos nocivos do álcool e das drogas, aliada ao apoio psicológico e à adoção de hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada, boa hidratação e exercícios regulares, desempenha um papel fundamental na recuperação dos pacientes, sempre com acompanhamento profissional.

O Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo é um lembrete da importância de cuidar da saúde e buscar ajuda quando necessário. Pequenas mudanças podem trazer grandes benefícios para o coração e para a qualidade de vida. “A melhor decisão é não fazer uso de drogas ilícitas e evitar ao máximo o uso do álcool, que, apesar da ‘propaganda’, traz malefícios à nossa saúde”, conclui Dr. Tito Paladino.

Aproveite para dar o primeiro passo rumo a uma vida mais saudável. Agende sua consulta com um especialista D’Or e conte com o apoio profissional para cuidar da sua saúde.