Entenda se a dieta vegetariana pode afetar a saúde do coração e tome decisões conscientes para alcançar um estilo de vida saudável
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Nos últimos anos, a popularidade da dieta vegetariana tem crescido consideravelmente, mas, junto com essa tendência, surgem questionamentos sobre possíveis impactos na saúde, inclusive cardiovascular. Será que a dieta vegetariana gera risco cardiovascular?
A dieta vegetariana é conhecida por seus benefícios para a saúde, como a redução do risco de obesidade, diabetes e pressão arterial elevada. Mas será que a falta de alguns nutrientes presentes nas carnes poderia colocar o coração e o funcionamento do nosso corpo em risco? Conversamos com o Dr. André Veinert, nutrólogo dos hospitais da Rede D´Or da região Leste de São Paulo, para investigar mais a fundo essa questão.
Neste artigo vamos explorar a dieta vegetariana de maneira abrangente para entender melhor a sua relação com os riscos para o coração.
Nem todas as dietas vegetarianas são iguais. Optar por alimentos integrais, grãos integrais, legumes, frutas e proteínas vegetais magras é fundamental. Evitar o consumo excessivo de alimentos processados e ricos em açúcares é muito importante para garantir os benefícios cardiovasculares da dieta vegetariana.
De acordo com o Dr. Veinert, em tese, a dieta vegetariana não gera risco cardiovascular desde que seja saudável. “Atualmente, ser vegetariano não significa ser saudável. Uma pessoa que resolve aderir a uma dieta vegetariana, ser mais restrito em relação à proteína animal, mas por exemplo, troca uma carne, um frango grelhado por batata frita, por alguma coisa com muito condimento, com muito tempero, com muito sódio, com muito corante, com algum tipo de processamento em excesso, então esses alimentos podem se tornar não tão saudáveis”, explica o médico.
O nutrólogo afirma que não é porque o indivíduo deixa de consumir carne vermelha ou qualquer outra proteína animal que automaticamente se traduz em um estado de saúde. “A dieta vegetariana, assim como qualquer outro tipo de dieta, é saudável e não traz riscos quando se tem o equilíbrio. Você pode ser um vegetariano equilibrado, fazer uma refeição com uma quantidade de proteína, gordura, carboidrato de qualidade, bastante fibra, ou você pode ser aquele vegetariano que consome tudo em fritura, tudo cheio de molho, cheio de condimento”, enfatiza.
Esses comportamentos podem representar um aspecto desfavorável para a dieta vegetariana, contribuindo para o desenvolvimento de condições em potencial para o aumento do risco cardiovascular como:
– Obesidade;
– Diabetes.
A dieta vegetariana pode apresentar tanto riscos quanto benefícios para a saúde cardiovascular, dependendo da conduta adotada. Por esse motivo é importante assumir uma abordagem equilibrada e planejada ao seguir uma dieta vegetariana, garantindo a obtenção de todos os nutrientes necessários para a saúde cardiovascular.
De acordo com o nutrólogo da Rede D’Or, uma dieta vegetariana equilibrada inclui:
– Consumo de fibras e em boa quantidade;
– Ingestão de proteínas de fonte vegetal;
– Uma boa hidratação;
“Se for realizada uma dieta rica em fibras, água, antioxidantes, você faz uma proteção cardiovascular muito boa”, diz o especialista.
De acordo com um estudo realizado pela Universidade de Sydney, Austrália, e publicado recentemente na revista científica JAMA Network Open, adotar uma dieta vegetariana pode resultar em benefícios significativos que incluem:
– Redução dos níveis de colesterol;
– Manutenção da glicose no sangue;
– Controle do peso corporal.
A dieta vegetariana pode ainda refletir em benefícios como:
– Menor ingestão de gorduras saturadas, que pode beneficiar a saúde do coração, reduzindo os níveis de colesterol;
– Maior ingestão de alimentos ricos em fibras e antioxidantes, que contribuem para a saúde cardiovascular e a redução do risco de doenças cardíacas;
– Redução do risco de obesidade e diabetes tipo 2;
– Menos inflamação, pois os alimentos vegetais têm propriedades anti-inflamatórias, que ajudam a reduzir a inflamação associada a doenças cardíacas;
– Melhor controle da pressão arterial.
Por outro lado, uma dieta vegetariana pobre nutricionalmente pode aumentar:
– o colesterol;
– o risco da presença de diabetes;
– o risco para obesidade;
– o risco cardiovascular.
A dieta vegetariana também pode trazer outros riscos como:
Se não for devidamente planejada, uma dieta vegetariana pode levar a deficiências de nutrientes essenciais, como vitamina B12, ferro, zinco, cálcio e ácidos graxos ômega-3.
Dependendo das escolhas alimentares, alguns vegetarianos podem recorrer a substitutos processados de carne, que podem ser ricos em sódio, gorduras saturadas e aditivos prejudiciais à saúde cardiovascular.
De acordo com os alimentos escolhidos, uma dieta vegetariana pode ser rica em carboidratos refinados, o que pode contribuir para problemas como resistência à insulina e ganho de peso.
“Geralmente as pessoas, principalmente as que não consomem proteína animal alguma, podem apresentar, com mais facilidade, deficiência principalmente de ferro e vitamina B12. Nesses casos é necessário realizar reposições dessas vitaminas, mas, em tese, até os onívoros, as pessoas que consomem carne, como são muito inflamadas, também podem apresentar essa deficiência”, descreve.
O especialista destaca que a carne tem um potencial inflamatório maior a depender do modo de preparo. Seu consumo exacerbado também reflete num excesso de gordura saturada. “A carne tem um processo de aumento do risco cardiovascular pelo excesso de gordura saturada, mas não quer dizer que quem come carne poucas vezes na semana não possa ter os benefícios dela. A carne traz benefícios, sim, mas como tudo na vida, em excesso, pode trazer um aumento das lipidemias, do colesterol, obesidade e também risco de infarto e derrame”, complementa.
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É sempre recomendável consultar um profissional de saúde ao fazer grandes mudanças na dieta. Eles podem oferecer orientações personalizadas para garantir que suas escolhas alimentares atendam às suas necessidades individuais e promovam uma saúde cardiovascular robusta.
Dr. Veinert elenca alguns alimentos que você pode consumir ao abrir mão da carne:
– Grãos (feijão, lentilha, grão-de-bico): “esses alimentos possuem uma quantidade de ferro interessante”, destaca.
– Linhaça: “ela tem uma boa quantidade de vitamina B12”, frisa o médico.
– Leites vegetais enriquecidos (soja, amêndoa, aveia).
– Brócolis e couve.
– Sementes de abóbora, nozes e leguminosas são boas fontes para substituir o zinco da carne.
– Frutas, verduras, legumes e grãos integrais para manter a saúde digestiva.
“É importante aproveitar também alguns alimentos com vitamina C para melhorar a absorção do ferro”, orienta.
A ida ao médico é essencial para buscar orientação profissional ao adotar qualquer dieta restritiva, garantindo que todas as necessidades nutricionais sejam atendidas. Agende uma consulta com um especialista D’Or.
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