Desde o começo da pandemia de coronavírus, uma série de dúvidas assombra pais e mães.
Antes, dizia-se que a COVID-19 não afetava os mais novos. Hoje já se sabe que um pequeno grupo de crianças pode desenvolver casos graves ou ter reações posteriores, como a Doença de Kawasaki.
Para esclarecer mais sobre a relação entre o novo coronavírus e crianças, conversamos com o pesquisador Fernando Bozza, do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) e o infectologista Rodrigo Amancio, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE).
A Síndrome de Kawasaki, como também é chamada, é a inflamação dos vasos sanguíneos, que acomete predominantemente crianças, menores de 5 anos, e do sexo masculino.
Geralmente ocorre como uma resposta tardia e exacerbada do organismo, desencadeada após um insulto infeccioso, podendo ser bacteriano ou viral.
Entre os sintomas da Doença de Kawasaki estão febre, língua inchada e vermelha e placas vermelhas na pele. A resposta inflamatória observada pode acometer vasos coronarianos, podendo cursar com quadros graves, com acometimento cardíaco, bem como outros órgãos.
Em países como Reino Unido, Itália e Holanda, médicos relataram que crianças infectadas pelo novo coronavírus apresentaram, semanas depois, inflamações nos vasos sanguíneos e sintomas semelhantes ao da Doença de Kawasaki.
Desde modo, acredita-se que a infecção viral, causada pelo SARS-CoV-2 é um possível desencadeador da Síndorme de Kawasaki.
Os sintomas são os mesmos que se apresentam em adultos: febre, tosse, dor de garganta, congestão nasal, mal-estar, dor muscular, diarreia, náuseas, vômitos ou dor de cabeça.
Em casos moderados, a criança tem dificuldade respiratória ou respiração acelerada (taquipneia).
Em quadros graves, pode apresentar incapacidade de mamar ou ingerir líquidos, letargia, convulsões ou inconsciência.
Fique atento aos sinais de alerta e procure um médico.
Têm maior risco de desenvolver quadros graves as crianças menores de 2 anos ou com doenças pulmonares crônicas, como asma não controlada e fibrose cística, doenças cardíacas, diabetes, insuficiência renal e também qualquer patologia que curse com imunodepressão.
Entre as crianças, os bebês de até 2 anos são os mais vulneráveis e, por isso, estão incluídos no chamado “grupo de risco”.
Quando seu filho tiver febre alta por mais de três dias, falta de ar, tosse seca, desânimo ou alterações gastrointestinais, é um indicativo que merece ser avaliado por um profissional de saúde. Converse com o seu pediatra e ele avaliará a necessidade de ir ao hospital.
Em bebês, é importante estar ainda mais atento aos sinais. Se ficarem prostrados, ou seja, mais cansados que o habitual, ou apresentarem pele e lábios arroxeados, recomenda-se ir ao hospital imediatamente.
Garanta que o seu filho esteja com o calendário vacinal em dia, principalmente em relação às vacinas contra gripe e pneumonia.
Medidas de higiene devem também ser seguidas pelas crianças. Se já tiverem idade para fazer isso sozinhas, ensine-as a lavar as mãos e usar máscaras, por exemplo. Lembre-se de que crianças menores de dois anos não devem usar máscaras.
O isolamento social também deve ser seguido pelos seus filhos. Isso vale para o contato com amigos e parentes que moram em outras residências.