Sentir o coração acelerado em determinadas situações é normal, mas quando ele acelera de repente pode indicar algum problema. Saiba o que pode ser e o que fazer.
Publicado em:
Sentir o coração acelerado em determinadas situações é normal. Mas quando isso ocorre com frequência ou sem um motivo aparente, estando em repouso, é necessário avaliar as possíveis causas.
Segundo a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (Sobrac), o ritmo cardíaco adequado está entre 50bpm e 100bpm. As arritmias cardíacas atingem mais de 20 milhões de brasileiros e são responsáveis por mais de 320 mil mortes súbitas no ano.
Para saber mais sobre o que pode afetar a frequência cardíaca, conversamos com o Dr. Bruno Valdigem, cardiologista e eletrofisiologista da Rede D’Or. Ele nos explica o que pode deixar o coração acelerado e o que deve ser feito durante um episódio de arritmia cardíaca.
Leia também: Quer saber o que é arritmia cardíaca? Será que você tem? É perigoso?
Você vai saber ainda como diferenciar uma arritmia cardíaca de uma crise de ansiedade e quais hábitos ajudam a evitar palpitações e manter o batimento do coração dentro da média.
O coração pode acelerar em várias situações cotidianas, mas a alteração da frequência cardíaca recorrente pode ser devido a:
“Na verdade, tudo que envolve luta e fuga, ou seja, todo estado quente, de febre, tudo que gera uma necessidade de maior gasto calórico aumenta a frequência cardíaca, todo exercício aumenta a frequência cardíaca”, afirma Dr. Valdigem.
Frequências cardíacas abaixo de 50bpm ou acima de 100bpm em repouso sugerem um comportamento anormal do coração, mas isso não necessariamente indica uma doença.
O médico exemplifica que atletas geralmente possuem uma frequência cardíaca abaixo de 50bpm em razão do condicionamento físico adquirido com o treinamento excessivo, mas quando começam a fazer atividade a frequência cardíaca sobe naturalmente.
Já o ritmo cardíaco acima de 100bpm em repouso não é algo habitual. Mas pessoas com uma necessidade muito alta de metabolismo, como por exemplo, bebês recém-nascidos, fetos na barriga da mãe, pessoas que fazem uso de termogênicos, ou que estão em um estado de catabolismo intenso a exemplo dos que trabalham fazendo atividade física, a frequência cardíaca é naturalmente mais elevada.
Já a arritmia cardíaca é caracterizada por um ritmo irregular, com batimentos mais rápidos ou mais lentos. É algo frequente, mas que pode ser percebido ou não.
O especialista considera difícil diferenciar a arritmia de uma crise de ansiedade. “A crise de ansiedade geralmente começa com o medo, angústia, e dura cerca de 20 minutos ou menos. A arritmia não tem um número máximo de duração, não tem um teto, e geralmente o primeiro sintoma tem a ver com a frequência cardíaca alta”, explica.
Assim, alguns sinais para facilitar a diferenciação das duas condições, segundo o médico:
Ansiedade:
Arritmia:
Ainda sobre a dificuldade de diferenciar as duas situações, o médico menciona que não são raras as vezes que a pessoa chega ao pronto-socorro e o eletrocardiograma não detecta mais nada.
“A arritmia passou sozinha ou a arritmia naquele momento que faz o eletrocardiograma não estava muito evidente, e daí a pessoa é mal classificada como ansiosa ou com síndrome do pânico e às vezes perde a oportunidade de fazer um diagnóstico mais preciso”, pontua.
Quando a aceleração cardíaca ocorre, o médico orienta em primeiro lugar a manter-se calmo. “É importante manter a tranquilidade e chamar uma pessoa próxima e pedir ajuda. Informar exatamente o que está acontecendo. Se for possível, vá até um pronto-socorro próximo para identificar o que é.”
O médico destaca ainda que na emergência o paciente deve informar de maneira clara:
Se não for possível ir até um hospital por meios próprios, o cardiologista orienta que o paciente peça ajuda a uma pessoa que estiver próxima para que chame um serviço de emergência, o SAMU, um transporte, ou alguma ambulância do convênio para seguir para o hospital mais próximo.
“Enquanto aguarda, seja atendimento ou esperando o serviço de emergência, fique deitado ou sentado num lugar confortável, no em um ambiente que lhe dê tranquilidade”, completa.
Segundo Dr. Bruno Valdigem, os exames mais indicados para diagnosticar alterações decorrentes da taquicardia geralmente são os que conseguem identificar qual o ritmo do coração no momento em que a arritmia acontece.
“Hoje, o melhor definidor de presença de alteração elétrica ainda é o eletrocardiograma ou as variações do eletrocardiograma. Ele foi desenvolvido há mais de um século e consegue identificar a condução elétrica dentro dos átrios e ventrículos com muita precisão”, ressalta Dr. Valdigem.
Os principais exames para diagnóstico da arritmia cardíaca são:
“O estudo eletrofisiológico é realizado numa sala de cateterismo, o cateter vai até o coração e tenta ‘enxergar’ a parte elétrica de dentro para fora, ou seja, é um exame invasivo, mas que tem uma resolubilidade muito boa no tratamento da pessoa e eventualmente pode ser até curativo”, descreve o médico.
Manter hábitos saudáveis é uma das formas de se prevenir o coração acelerado. Assim, é importante:
Se você tem um sono incômodo ou um sono não reparador, o especialista orienta procurar um médico especialista para rastrear a apneia do sono.
“Em caso da presença de qualquer doença estrutural no coração, como por exemplo infarto prévio, doença de chagas, cardiopatia dilatada, cardiopatia hipertrófica, é importante manter um acompanhamento muito próximo com algum médico para identificar as arritmias em momentos que elas são benignas ou antes mesmo de aparecerem e com isso receber um tratamento com tranquilidade”, enfatiza.
O cardiologista, que atua com tratamento clínico e cirúrgico de arritmias cardíacas, aponta 3 pilares da estratificação de risco: saber se há uma arritmia; detectar qual o risco de se ter uma morte súbita; diagnosticar o risco de uma morbidade ou uma qualidade de vida piorada.
“A fibrilação atrial, por exemplo, é uma arritmia que por si só não traz muito mal ao coração nem para a pessoa que a possui, inclusive, uma parte dos pacientes são assintomáticos, porém, essa fibrilação atrial pode causar coágulos que vão para o cérebro e ocasionar uma complicação grave que é o AVC”, destaca o especialista.
Os tratamentos da arritmia cardíaca incluem:
“Não fique na dúvida de consultar o seu cardiologista e, se achar necessário, faça também uma avaliação em conjunto com o arritmologista para ampliar os horizontes de todos e conseguir melhorar a sua qualidade de vida com uma vida longa e próspera”, finaliza Dr. Valdigem.
Se você sente o seu coração acelerar repentinamente, agende uma consulta com um dos especialistas da Rede D’Or nos estados de Rio de Janeiro, São Paulo, Distrito Federal, Pernambuco, Maranhão, Sergipe e Bahia.
Leia também: Sinto meu coração acelerar, é perigoso?