O diabetes aumenta o risco de doenças cardiovasculares. Entenda como ele afeta o seu coração e quais medidas preventivas podem contribuir para a sua saúde cardiovascular.
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O diabetes melito é uma doença crônica que está entre as 10 principais causas de morte no mundo, de acordo com dados da OMS. Além dos desafios associados ao controle do nível de açúcar no sangue, o diabetes também tem um impacto significativo na saúde cardiovascular.
Segundo o Ministério da Saúde, os pacientes acometidos pelo diabetes possuem de 2 a 4 vezes mais chances de sofrer infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC) e outras doenças cardiovasculares.
A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) aponta que aproximadamente 16 milhões de pessoas sofrem com diabetes no Brasil e cerca de 46% desses indivíduos não têm conhecimento de sua condição.
No dia 26 de junho é celebrado o Dia Nacional do Diabetes, data criada com o objetivo de aumentar a conscientização sobre os fatores de risco, diagnóstico e prevenção da doença.
Neste artigo, abordaremos como o diabetes afeta o seu coração, destacando os riscos e os cuidados necessários para proteger o seu sistema cardiovascular. Continue lendo e confira.
“O coração de uma pessoa com diabetes funciona de forma semelhante ao de uma pessoa sem diabetes. No entanto, as pessoas com diabetes têm um risco aumentado de desenvolver doenças cardíacas, devido aos efeitos da própria doença no sistema cardiovascular”, descreve Dr. André Feldman, coordenador da Cardiologia nos Hospitais São Luiz, em São Paulo.
Pessoas com diabetes têm uma maior prevalência de doenças cardiovasculares em comparação com indivíduos sem esse diagnóstico. Segundo Dr. Feldman, o diabetes aumenta o risco de um paciente desenvolver aterosclerose, que é o acúmulo de placas de gorduras nas artérias, e também aumenta a propensão para a formação de coágulos sanguíneos, o que pode levar ao estreitamento das artérias e reduzir o fluxo sanguíneo para o coração.
“A combinação de acúmulo de gordura com coágulo sanguíneo leva à obstrução ao fluxo de sangue para o coração e consequente infarto. Além disso, o excesso de glicose no sangue é tóxico às células cardíacas e leva ao seu mau funcionamento ocasionando insuficiência cardíaca. O diabetes pode ainda afetar a regulação do coração, uma condição chamada de disautonomia, que pode resultar em problemas no ritmo cardíaco e na regulação da pressão arterial”, explica o especialista.
Ainda de acordo com o médico, o diabetes desencadeia uma elevação do nível de glicose no organismo, o que gera disfunções em vários órgãos. No coração, o excesso de glicose causa:
Diabéticos podem apresentar uma variedade de sintomas relacionados a doenças cardiovasculares, mas nem todos dessa população apresentarão sintomas óbvios dessas enfermidades. Em alguns casos, os sintomas podem ser leves ou até mesmo ausentes.
Dr. André Feldman afirma que os sintomas das doenças cardíacas em pacientes diabéticos podem ser diferentes, principalmente em pacientes acometidos pelo infarto. “O portador de diabetes pode ter comprometimento do sistema nervoso, o que pode levar a uma menor sensibilidade à dor”, descreve o cardiologista.
Segundo Feldman, a dor torácica é o sintoma mais comum do paciente com infarto, mas no diabético esse sintoma pode não ocorrer. “Em diabéticos, a dor do infarto pode ser mais leve ou mesmo estar ausente. Não é raro haver pacientes diabéticos que apresentam infarto e não sentem dor. Obviamente, estes tendem a ir menos ao pronto-socorro e acabam sendo subdiagnosticados e subtratados”, atesta.
Os pacientes com diabetes podem apresentar sintomas atípicos de um infarto, como um leve desconforto ou mal-estar geral. Dr. Feldman afirma que essa manifestação incomum pode dificultar o diagnóstico preciso por parte dos profissionais de saúde ao lidar com essa população.
De acordo com Dr. André Feldman, é fundamental enfatizar a importância da colaboração do paciente com a equipe de saúde, seguir as orientações médicas e tomar os medicamentos prescritos de acordo com as instruções. “O controle adequado do diabetes e o gerenciamento dos fatores de risco são fundamentais para prevenir o desenvolvimento de doenças cardíacas em pacientes diabéticos”, descreve.
Segundo o especialista, é possível que pacientes diabéticos consigam prevenir de forma eficaz o aparecimento das doenças cardíacas. Ele lista 7 recomendações fundamentais:
É crucial manter os níveis de glicose sanguínea dentro da faixa-alvo recomendada. “Para tal é primordial seguir o tratamento medicamentoso prescrito pelo médico, monitorar regularmente os níveis de açúcar no sangue e fazer ajustes na alimentação e na atividade física, se necessário”, destaca o médico.
O médico recomenda adotar uma alimentação equilibrada que inclua uma variedade de frutas, vegetais, grãos integrais, proteínas magras e gorduras saudáveis.
“Limitar o consumo de alimentos processados, gorduras saturadas, gorduras trans, sal e açúcares adicionados. Um nutricionista pode ajudar a elaborar um plano alimentar adequado às suas necessidades”, ressalta.
O exercício regular é benéfico para a saúde do coração. O especialista orienta que um médico seja consultado antes de iniciar um programa de exercícios para que o paciente siga as recomendações específicas para o seu caso.
“Faça atividades aeróbicas, como caminhadas, natação ou ciclismo, pelo menos 150 minutos por semana, além de exercícios de fortalecimento muscular. Para pessoas que atualmente são sedentárias recomenda-se iniciar com um tempo menor de duração com incrementos progressivos até atingir a meta de duração de, ao menos, 150 minutos por semana.”
É importante manter outros fatores de risco cardiovascular em níveis adequados. “Mantenha a pressão arterial sob controle, seguindo as orientações médicas. Isso pode incluir medicação, se necessário, além de adotar um estilo de vida saudável, como reduzir o consumo de sal, manter um peso saudável e praticar atividade física regularmente”, destaca.
Manter os níveis de colesterol dentro do recomendado é de extrema importância. De acordo com Dr. André Feldman, o médico será responsável por determinar a necessidade e indicar um tratamento específico para o controle adequado do colesterol.
“A pesquisa dos níveis de colesterol é recomendada em todos os pacientes diabéticos e seu tratamento é individualizado, pois o alvo dos níveis de colesterol em diabéticos é menor do que na população geral”, afirma o médico.
O tabagismo é extremamente prejudicial à saúde do coração. “Se você fuma, procure ajuda para parar de fumar. Evitar a exposição ao fumo passivo também é recomendado”, alerta.
Manter um peso adequado é importante para a saúde em geral. “Estar acima do peso acelera a evolução do diabetes e aumenta o risco cardiovascular. Quando indicada, a perda de peso é uma das medidas mais importantes na população diabética. Atualmente, novos tratamentos para obesidade foram incorporados à prática médica, otimizando o tratamento de pacientes com essa necessidade. O acompanhamento do médico no processo de perda de peso é fundamental para garantir não somente a redução inicial bem como sua manutenção”, finaliza.
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Cada paciente é único, e as medidas preventivas devem ser adaptadas de acordo com a condição de saúde e as orientações médicas. É crucial seguir as recomendações do médico e colaborar de perto com a equipe de saúde para prevenir doenças cardíacas e preservar uma boa qualidade de vida na pessoa diabética.
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