Carnaval: os efeitos do álcool no coração

Carnaval é sinônimo de festa e celebração, mas é importante estar ciente dos potenciais impactos do álcool no coração durante esse período. O consumo excessivo de álcool pode ter efeitos significativos no sistema cardiovascular.

O álcool, quando ingerido em quantidades excessivas, pode levar ao aumento da pressão arterial, arritmias cardíacas e até mesmo cardiomiopatia alcoólica, uma condição em que o músculo cardíaco é enfraquecido devido ao abuso crônico da substância. Além disso, o álcool pode contribuir para o aumento dos níveis de triglicerídeos, favorecendo o desenvolvimento de doenças cardíacas.

Durante o carnaval, é comum que as pessoas participem de festividades prolongadas, muitas vezes envolvendo o consumo excessivo de bebidas alcoólicas. Para proteger a saúde do coração, é fundamental adotar práticas conscientes e moderadas.

Neste texto abordaremos os efeitos do álcool no coração, oferecendo dicas para reduzir consequências adversas durante o carnaval. Saiba como aproveitar as festividades de forma consciente e cuidar da saúde cardiovascular.

Como o álcool age no organismo

O álcool é uma substância psicoativa, e seu consumo excessivo pode levar a danos na saúde, inclusive no fígado, aumento da pressão arterial, risco de dependência, e problemas sociais e ocupacionais.

De acordo com o Dr. Leonardo De Luca, médico cardiologista e supervisor médico da Unidade Cardiointensiva do Hospital Quinta D´Or (RJ), o consumo excessivo de bebidas alcoólicas está associado ao aumento da incidência de hipertensão arterial, das arritmias cardíacas, como a fibrilação atrial⁵ e suas complicações.

“A mais grave dessas complicações é o acidente vascular encefálico, popularmente conhecido como derrame cerebral, além de infarto agudo do miocárdio e ainda o desenvolvimento da cardiomiopatia alcoólica, condição caracterizada pela dilatação e falha no bombeamento do coração, podendo levar à insuficiência cardíaca e à morte”, explica o especialista.

Quais os efeitos do álcool no coração

Os efeitos do álcool no coração podem variar de pessoa para pessoa, dependendo de fatores como a quantidade de álcool consumida, a frequência do consumo, a genética e a presença de outras condições de saúde.

Sobre os efeitos do álcool no coração, Dr. De Luca explica que imediatamente após ser ingerido, o álcool aumenta a liberação de substâncias no sangue como as catecolaminas, sendo a principal delas a adrenalina, resultando em uma elevação temporária da frequência cardíaca.

“Também ocorre uma dilatação das artérias, levando a uma redução temporária da pressão arterial”, aponta.

O médico destaca que em longo prazo o consumo excessivo de álcool está associado a condições crônicas como:

Hipertensão arterial;

Danos progressivos às artérias coronárias;

Aumento da carga de trabalho do coração;

Maior propensão a eventos cardiovasculares;

Arritmias;

Infarto agudo do miocárdio;

Insuficiência cardíaca.

“Os efeitos imediatos e em longo prazo do álcool no coração são complexos e interligados, influenciando na função cardíaca de maneiras distintas”, afirma.

Para o médico, além dos malefícios do consumo exagerado de álcool propriamente dito, a ressaca, resultante desse ato, pode afetar o coração de diversas maneiras.

“A desidratação, comum durante a ressaca, pode levar a uma diminuição do volume sanguíneo, aumentando temporariamente a carga sobre o coração para manter uma circulação sanguínea adequada”, explica.

A ressaca também pode causar alterações nos eletrólitos do sangue, como potássio e sódio, influenciando na condução elétrica no coração, potencialmente desencadeando arritmias.

“É muito importante abordar a ressaca com hidratação adequada e cuidados médicos, especialmente para aqueles com condições cardíacas preexistentes, a fim de minimizar os potenciais impactos no sistema cardiovascular”, alerta o cardiologista.

O uso abusivo e crônico de bebidas alcoólicas está também associado ao aumento da incidência de doenças cardiovasculares, como:

• Hipertensão arterial;
• Elevação dos níveis de colesterol e triglicerídeos;
• Aterosclerose;
• Miocardite;
• Arritmias cardíacas;
• Cardiomiopatia alcoólica.

O vinho faz bem para o coração?

Em alguns casos, o consumo moderado de álcool pode não ter impactos significativos, pelo contrário, pode até ter efeitos benéficos, especialmente com relação ao consumo de vinho tinto.

Dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) apontam indícios de que o consumo leve ou moderado de álcool pode oferecer proteção às artérias do coração, reduzindo em cerca de 30% a 50% a ocorrência de obstruções coronarianas, especialmente entre homens adultos de meia idade.

Outros estudos recentes indicam que especialmente o vinho tinto, quando consumido com moderação, pode oferecer benefícios devido à presença de compostos como o resveratrol, uma substância encontrada nas uvas tintas e que possui propriedades antioxidantes.

“A quantidade segura geralmente é definida como até uma a duas taças por dia para homens (300 ml) e até uma taça por dia para mulheres (150 ml). Consumir além dessas quantidades pode reverter os benefícios potenciais para a saúde cardiovascular, aumentando os potenciais riscos associados ao álcool”, alerta o especialista.

Dr. Leonardo De Luca ressalta ainda que essas doses devem ser individualizadas, respeitando sempre as condições clínicas existentes, podendo ser modificadas sob orientação médica.

Álcool e energético pode?

“A combinação de bebidas alcoólicas com energéticos é particularmente perigosa devido à interação entre a cafeína, contida em grande quantidade nos energéticos, e o álcool. Enquanto a cafeína pode mascarar a sensação de embriaguez, o álcool, por sua vez, atua como um depressor do sistema nervoso central”, descreve o especialista.

Dr. De Luca explica que essa combinação pode levar a um estado de alerta enganoso, resultando em um consumo de álcool ainda maior. A cafeína do energético pode ainda aumentar a frequência cardíaca e a pressão arterial, agravando os efeitos cardiovasculares negativos associados ao álcool, incluindo o desenvolvimento de arritmias cardíacas e hipertensão arterial.

De acordo com o Dr. Leonardo De Luca, quando consumido em excesso, mesmo que sozinho, o energético pode trazer riscos ao coração devido aos efeitos nocivos da cafeína, presente em grande quantidade nessas bebidas.

“A cafeína é um estimulante do sistema nervoso central e seu consumo excessivo pode desencadear arritmias cardíacas e contribuir para a elevação da pressão arterial, aumentando o risco de eventos cardiovasculares”, alerta.

O especialista garante que seja importante moderar o consumo de energéticos, especialmente para aqueles com predisposição a condições cardíacas, para evitar potenciais impactos adversos no sistema cardiovascular.

Quem tem problemas cardiovasculares pode beber?

O álcool pode ter diversos impactos na saúde cardiovascular. Esses impactos podem depender da natureza específica do problema cardíaco e das condições médicas de pessoa para pessoa.

A decisão de consumir álcool dependerá da condição específica de cada paciente e das interações potenciais com a medicação prescrita. “Em geral, não é aconselhável suspender a medicação antes ou depois do consumo de álcool sem a orientação direta do profissional de saúde, uma vez que isso pode impactar negativamente no controle da condição cardíaca”, alerta.

Indivíduos com problemas cardíacos devem adotar um diálogo aberto com o médico para tomar decisões sobre o consumo de álcool.

Em alguns casos, especialmente quando se trata de problemas cardíacos graves, os médicos podem recomendar a abstinência total de álcool.

Como curtir o carnaval de forma segura para o coração

“Para desfrutar do carnaval mantendo a saúde do coração, é essencial estabelecer limites claros para o consumo de álcool, intercalando com ingestão de água para garantir uma hidratação adequada”, orienta o Dr. Leonardo De Luca.

Conhecer os próprios limites individuais, assim como explorar alternativas de diversão que não dependam exclusivamente do álcool, é fundamental.

Para aqueles com condições cardíacas, o especialista recomenda se consultar com um cardiologista antes do evento para obter orientações individuais. A moderação e a consciência dos efeitos do álcool no corpo contribuirão para um carnaval mais seguro e saudável.

Quer curtir o carnaval de forma segura? Agende sua consulta com um de nossos especialistas e faça seu check-up cardiológico.

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