A cardite reumática é a inflamação do coração devido à evolução da febre reumática. O diagnóstico precoce é fundamental.
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A cardite reumática é a inflamação do coração. Essa condição ocorre devido a uma complicação da febre reumática, que, por sua vez, é uma doença inflamatória autoimune que pode ocorrer após uma infecção de garganta, causada pela bactéria conhecida como Streptococcus pyogenes. Além do coração, a febre reumática pode afetar vários outros órgãos do corpo.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que aproximadamente 2% das mortes decorrentes de doenças cardiovasculares em todo o mundo estão associadas à cardite reumática. De acordo com dados dos Arquivos Brasileiros de Cardiologia, o ABC Cardiol, da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), no Brasil, são registrados cerca de 30.000 casos de febre reumática aguda anualmente.
Neste artigo, vamos abordar o que é a cardite reumática, seus sintomas característicos e como é feito o seu diagnóstico. Confira.
“A cardite reumática é a inflamação de uma ou mais válvulas do coração, que pode evoluir para insuficiência cardíaca”, define o Dr. Manuel Felipe Santos, supervisor cardiologista do Pronto Atendimento do Hospital DF Star em Brasília (DF).
O cardiologista destaca que a febre reumática pode acometer as articulações, a pele, o sistema nervoso central e o coração, que representa sua manifestação mais grave e é conhecida como cardite reumática.
“É uma doença que atinge em torno de 30.000 pessoas por ano aqui no Brasil e 470.000 casos no mundo todo – em sua maioria em países em desenvolvimento. Vale lembrar que nem todo paciente que tem febre reumática vai evoluir com cardite reumática”, aponta.
Dr. Manuel Felipe Santos, que atua há pelo menos 10 anos na Rede D’Or, ressalta que por se tratar de um quadro inflamatório e autoimune, os principais sintomas da cardite reumática são:
“Os sintomas podem ainda incluir dor nas articulações associados aos sintomas cardiológicos de dispneia (falta de ar), com ou sem congestão pulmonar (água nos pulmões), quando o acometimento valvar for grave, com sopro cardíaco e insuficiência cardíaca”, complementa.
O especialista explica que a cardite reumática aguda com a presença de um sopro cardíaco pode desaparecer com a resolução do processo inflamatório. “Com o passar dos anos, se o paciente tiver novos episódios de febre reumática por múltiplas exposições ao estreptococo após infecções de garganta de repetição, a doença cardíaca pode se tornar crônica e esse ‘sopro’ ficar permanente, podendo inclusive precisar de cirurgia cardíaca para troca da válvula cardíaca”, destaca.
“O diagnóstico da cardite reumática é realizado através da história clínica de infecção de garganta que evoluiu para sintomas de dores articulares, eritema (manchas vermelhas na pele), nódulos no corpo ou presença de sopro cardíaco sem outras doenças cardiológicas que justifiquem”, explica.
O diagnóstico da cardite reumática geralmente envolve uma combinação de exame físico, história clínica e exames complementares. Dr. Manuel Felipe Santos destaca que exames laboratoriais, radiografia de tórax, eletrocardiograma e ecocardiograma são essenciais para confirmar o diagnóstico.
Dr. Manuel Felipe Santos ressalta que o tratamento da cardite reumática tem dois objetivos:
1. Controlar o processo inflamatório, de modo a minimizar as repercussões clínicas cardíacas, articulares e neurológicas.
2. Eliminar completamente o Estreptococo beta-hemolítico do grupo A (EBGA) da região da garganta e promover uma melhora dos sintomas associados.
O cardiologista aponta que para pacientes com cardite de moderada ou grave, é recomendada hospitalização e repouso por um período de 2 a 4 semanas. Durante esse período, o tratamento com o uso de corticoides é recomendado, especialmente quando há pericardite associada, visando melhora sintomática e redução do tempo de recuperação.
Em situações em que houver pericardite associada, o uso de corticoides pode proporcionar alívio sintomático e redução do tempo de recuperação. Nos casos em que os sintomas persistem apesar do tratamento inicial, pode-se considerar a pulsoterapia endovenosa, que consiste na administração de doses elevadas de medicamentos durante períodos relativamente curtos.
O cardiologista faz um alerta sobre a prevenção da cardite reumática. “Como não sabemos o que predispõe o desenvolvimento da infecção no paciente, então fica o alerta: ao sinal de qualquer infecção na garganta, crianças e adolescente devem se consultar com um médico, que avaliará a situação e indicará o melhor tratamento, em geral com o antibiótico, podendo evitar que a febre reumática evolua”, destaca.
Ele ainda ressalta que os pacientes reincidentes, com presença de cardite reumática, devem manter o tratamento com a medicação prescrita pelo médico. “No caso do desenvolvimento da cardiopatia reumática crônica, identificada a partir da presença de um ‘sopro’ no coração, é necessário buscar avaliação cardiológica para a melhor conduta em cada caso”, complementa.
O diagnóstico precoce e o tratamento adequado da cardite reumática são essenciais para prevenir complicações graves, como danos permanentes no coração.
Se você ou o seu filho apresenta sintomas sugestivos de cardite reumática como descritos neste artigo, agende uma consulta com um dos cardiologistas da Rede D’Or.
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