A cardiopatia congênita é uma anomalia no coração presente desde a vida fetal. Confira os sinais mais comuns, a importância do diagnóstico precoce e formas de tratamento.
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A cardiopatia congênita é um conjunto de anormalidades na estrutura ou função do coração que surge ainda durante a vida fetal e pode sofrer modificações ao longo do desenvolvimento pós-natal. Os sinais e sintomas da cardiopatia congênita vão desde cansaço até coloração arroxeada nos lábios (cianose) e podem variar de acordo com a gravidade e o tipo específico da anomalia cardíaca.
A cardiopatia congênita é uma das malformações fetais mais comuns, e pode afetar o músculo, as válvulas, os vasos sanguíneos ou outras partes do coração. Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil a doença afeta cerca de 30 mil crianças por ano.
A cardiopatia congênita está entre as malformações que mais matam na infância. Dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) apontam que 6% das crianças acometidas com essa anomalia morrem antes de completar um ano de vida.
As anomalias no coração do bebê podem ser identificadas ainda na gestação durante os exames de pré-natal. Quando diagnosticado com a doença, o bebê deve ser consultado por um cardiologista pediátrico e um obstetra especializado em medicina fetal, pois às vezes é possível iniciar o tratamento ainda na gestação.
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No dia 12 de junho é celebrado o Dia da Conscientização da Cardiopatia Congênita. Leia este artigo e confira os sinais mais comuns, os tipos e as formas de tratamento dessa doença.
Segundo a Dr. Ieda Jatene, cardiologista do Hospital Brasil – Unidade Mauá, em Santo André, São Paulo, as cardiopatias congênitas podem ser divididas em 2 grupos: acianogênicas e cianogênicas. Essa definição é baseada na presença ou ausência de cianose, que é a coloração azulada da pele e das mucosas devido à baixa oxigenação do sangue.
A anomalia cardíaca atrapalha o bombeamento e a passagem do sangue, causando sintomas como retenção de líquidos nos pulmões (edema pulmonar), cansaço e/ou falta de ar, inchaço nas pernas e pressão baixa. Todavia, neste grupo de cardiopatias o sangue é oxigenado normalmente nos pulmões. Não há mistura com o sangue que vem desoxigenado do corpo – o qual, por ter pouco oxigênio, tem cor azul escura ou arroxeada. Desse modo, não há cianose, quando a concentração do oxigênio no sangue que sai para o corpo está normal, e o aspecto do sangue nestes casos é mais vermelho.
Os principais sinais da cardiopatia congênita acianogênica são:
Nesses casos ocorre cianose devido à mistura de sangue oxigenado e desoxigenado. O sangue com baixa oxigenação é desviado para o corpo, resultando em uma menor oxigenação dos tecidos. “Elas são caracterizadas pela presença de cianose, ou seja, coloração arroxeada dos lábios e extremidades, podendo ou não apresentar cansaço e falta de ar de acordo com os defeitos associados”, descreve a médica.
Pacientes com cardiopatia congênita cianogênicas podem apresentar sinais como:
A cardiopatia congênita pode variar em gravidade, desde casos leves e assintomáticos até condições mais complexas e potencialmente fatais.
O diagnóstico e o tratamento adequados devem ser realizados por um médico especialista em cardiopatias congênitas e cardiologia pediátrica.
Durante o pré-natal, é possível identificar anomalias no coração do bebê por meio de exames específicos. “Algumas cardiopatias congênitas podem ser diagnosticadas ao ecocardiograma fetal, e a maioria delas pode ser suspeitada ou mesmo confirmada durante a vida fetal, especialmente quando o exame é realizado por profissional treinado e experiente em cardiopatias congênitas”, alerta a especialista.
O diagnóstico precoce é crucial para um tratamento adequado. Quanto mais cedo a condição for identificada maiores são as chances de intervenções médicas adequadas e planejamento do tratamento necessário.
Um diagnóstico precoce permite que a equipe médica inicie o acompanhamento adequado desde a gestação, se a condição for detectada durante o período pré-natal. Isso possibilita um planejamento cuidadoso e a implementação de medidas para garantir a melhor qualidade de vida possível para o paciente.
Além disso, um diagnóstico precoce também proporciona o envolvimento de uma equipe multidisciplinar, que pode incluir cardiologistas pediátricos, especialistas em exames de imagem cardíaca, especialistas em cateterismo cardíaco e em cuidados intensivos neonatais, além de cirurgiões cardíacos, entre outros profissionais de saúde, para garantir um tratamento completo e personalizado para cada caso.
Depende do tipo e da gravidade da cardiopatia congênita. Alguns casos leves podem ser resolvidos de forma espontânea ao longo do crescimento da criança, fazendo com que sua vida seja normal. Já nas cardiopatias moderadas a graves, o tratamento pode variar desde intervenções medicamentosas até procedimentos cirúrgicos corretivos ainda no primeiro ano de vida.
A médica aponta que os cuidados ao longo da vida devem ser individualizados e iniciados o mais precocemente possível. “Os cuidados devem ser baseados no diagnóstico correto da cardiopatia e no momento ideal para que se obtenha o melhor resultado com o tratamento por cateterismo (percutâneo) ou cirúrgico de acordo com a cardiopatia. Além disso devemos considerar o tratamento clínico (com remédios) sempre que indicado”, alerta.
Sem tratamento adequado, segundo Dra. Ieda, as consequências a longo prazo estão relacionadas ao tipo de cardiopatia apresentada. Ela aponta que no grupo com cardiopatia congênita acianogênica, por exemplo, o paciente pode evoluir com piora do quadro de:
No grupo das cardiopatias cianogênicasnão tratadas, de acordo com a cardiologista, é possível observar:
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Os sinais e sintomas da cardiopatia congênita podem variar amplamente de acordo com a gravidade e o tipo específico da anomalia cardíaca. Por esse motivo é fundamental que qualquer suspeita de cardiopatia congênita seja avaliada por um médico especialista.
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