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No momento em que a economia brasileira ainda é obrigada a conviver com altas taxas de desemprego, provocadas entre outras coisas pela combinação de uma recessão prolongada com a pandemia da Covid-19, é digno de destaque o desempenho que o setor de saúde tem apresentado. De janeiro a agosto deste ano, segundo dados compilados pela CNSaúde (Confederação Nacional da Saúde), o saldo de contratações do setor foi positivo em 173,8 mil vagas. Os números confirmam a posição do setor como um dos principais geradores de emprego na economia, com um contingente de 2,6 milhões de trabalhadores contratados, magnitude equivalente à de outros grandes setores empregadores, como a construção civil.
São vários os fatores que impulsionam o crescimento do emprego nessa área. Essa evolução corresponde à demanda crescente pelo bem-estar em uma sociedade com um número relativamente maior de idosos e superidosos. A longevidade requer do sistema de saúde o empenho de mais profissionais e mais recursos para o cuidado frequente das doenças crônicas próprias das idades mais avançadas. A expectativa de vida aumentada, por sua vez, estimula a população de outras faixas etárias a buscar mais os serviços de assistência para prevenir-se ou mitigar os problemas que podem vir com a idade.
Além de fatores de ordem demográfica e epidemiológica, contribui para a geração de emprego o fato de que a complexidade do trabalho na saúde aumentou, com a evolução dos tratamentos e das tecnologias empregadas. Um hospital de grande porte para funcionar exige a presença de uma multiplicidade de profissões, além das figuras centrais do médico e do enfermeiro. A lista inclui farmacêuticos, fonoaudiólogos, nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas, laboratoristas, assistentes sociais, técnicos em biossegurança, profissionais de tecnologia da informação, motoristas de ambulância, socorristas, bombeiros, passando por profissionais de administração, recepção e triagem, cozinha, manutenção e limpeza, entre outros.
Ao mesmo tempo em que as inovações criam novas demandas profissionais, também exigem crescente qualificação. Dos contratados entre janeiro e agosto, 71,5% completaram o ensino médio, 3,6% têm formação superior incompleta e 21,9%, formação superior completa. Interessante notar também que 80% das vagas foram ocupadas por profissionais mulheres.
A experiência da Rede D’Or reflete essa realidade de expansão do trabalho. A organização situa-se hoje entre os cinco maiores empregadores do país, com 58 mil colaboradores e 87 mil médicos parceiros, e tem 43 projetos em curso que vão gerar mais 60 mil empregos em cinco anos em São Paulo, no Distrito Federal e em outros nove estados. Da mesma forma, observa-se que todo o setor de saúde está contratando, confirmando-se um grande círculo virtuoso de investimentos, atração de divisas, geração de empregos e impostos.
O forte crescimento da demanda profissional no setor traz desafios para as áreas de formação superior e de nível técnico, o que merece esforço conjunto e uma atenção redobrada das instituições acadêmicas, do Estado e da iniciativa privada. Para que o processo de expansão da assistência médico-hospitalar possa realizar todo o seu potencial, o setor precisará cada vez mais de profissionais que cheguem ao mercado preparados para atender às necessidades da sociedade por uma medicina acessível e de qualidade.
Fonte: Folha de São Paulo