A qualidade do sono é fundamental para a saúde cardiovascular. Confira 6 benefícios do sono para a saúde cardiovascular e saiba como melhorar sua rotina de sono
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A qualidade do sono desempenha um papel fundamental na regulação de todas as nossas funções orgânicas, influenciando positivamente na saúde cognitiva, mental, nos ciclos hormonais e na saúde cardiovascular.
Recentemente, o item “dormir bem” foi adicionado à lista da Associação Americana do Coração que reúne 8 hábitos essenciais para melhorar e manter a saúde cardiovascular. Garantir uma boa noite de sono é essencial para promover um bem-estar integral e alcançar um estilo de vida saudável.
De acordo com estudos realizados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a incidência de doenças relacionadas ao sono, como a insônia, afeta cerca de 72% da população brasileira. A Associação Brasileira do Sono (ABS) aponta que 1 a cada 3 brasileiros sofre de insônia.
Dr. Rafael Domiciano, coordenador da Cardiologia São Luiz unidade Anália Franco (SP), destaca que atualmente enfrentar desafios para obter um sono adequado é comum, mas é possível adotar medidas para melhorá-lo.
Confira como a rotina de sono influencia na saúde do coração e o que você pode fazer para melhorá-la.
Dr. Rafael Domiciano destaca que a falta de uma rotina regular de sono pode perturbar os sistemas neuro-hormonais e afetar negativamente várias funções fisiológicas. Isso pode levar o paciente a apresentar os seguintes impactos decorrentes do mau funcionamento desse sistema:
“O desequilíbrio da melatonina (hormônio do sono) e cortisol (hormônio que atua no metabolismo) pode levar a elevação da pressão arterial, aumento da frequência cardíaca, elevação dos níveis de colesterol ruim, ansiedade, distúrbios do humor e do apetite”, explica o médico.
Durante o sono, o sistema neurológico passa por uma série de processos importantes para o funcionamento adequado do cérebro. Nas fases do sono, ocorrem atividades que são fundamentais para o reforço do aprendizado, consolidação da memória e regulação do sistema de estresse.
“Se não há um período de sono adequado, essas funções são perdidas, podendo levar a distúrbios cognitivos, perda de memória e quadros de ansiedade e depressão. Além disso, uma noite mal dormida pode resultar em fadiga e sonolência durante o dia, afetando assim as tarefas diárias e atrapalhando até mesmo a vida social e a saúde sexual dessas pessoas”, destaca o especialista.
O especialista explica que o sono irregular está associado a alterações na regulação do metabolismo e saciedade com maior risco de ganho de peso, obesidade, diabetes e colesterol alto.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica as doenças cardiovasculares como as principais causas de morte no Brasil e no mundo. Essas doenças englobam uma variedade de condições relacionadas ao sistema cardiovascular, incluindo as doenças do coração como a doença arterial coronariana, que pode levar a ataques cardíacos (infartos), bem como o acidente vascular cerebral (AVC).
Dr. Domiciano enfatiza que um sono irregular está associado a um aumento na incidência de doenças cardiovasculares devido ao descontrole dos fatores de risco e ao desenvolvimento de condições como:
Ele explica que durante o sono há redução da pressão arterial gerando descanso ao sistema cardiovascular. “Quando o sono é irregular, há aumento do cortisol, que é o hormônio relacionado ao estresse, aumentando a pressão arterial e a frequência cardíaca”. O especialista destaca que a hipertensão arterial é um fator de risco significativo para doenças cardíacas, como a doença coronariana, insuficiência cardíaca e AVC.
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O sono irregular está associado a alterações na regulação do metabolismo e saciedade. “Pode levar a desejos por alimentos menos saudáveis, aumento do consumo calórico e maior risco de ganho de peso e obesidade”, destaca o médico, que aponta que uma má qualidade de sono também está relacionada ao diabetes através da desregulação hormonal e resistência insulínica associada ao ganho de peso.
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A privação crônica do sono pode estar associada ao aumento dos níveis de colesterol LDL (o ruim) e triglicerídeos, além de uma redução nos níveis de colesterol HDL (bom). “Isso acontece em decorrência de alterações do equilíbrio hormonal e da falta de estímulo para realizar atividades físicas em decorrência da fadiga causada pela insônia”, explica.
Durante o sono, ocorre um descanso e uma recuperação do sistema neurológico. Quando esse descanso não ocorre adequadamente, pode haver um aumento da incidência de ansiedade. “Apesar de não ser um fator de risco cardiovascular clássico, a ansiedade pode aumentar a liberação de mediadores inflamatórios, elevar a pressão arterial e por consequência aumentar o risco de doenças cardiovasculares”, atesta o especialista.
O sono insuficiente associado ao aumento da inflamação e ao desequilíbrio metabólico pode contribuir para o desenvolvimento da aterosclerose, que é o acúmulo de placas nas artérias. “Esse acúmulo pode levar a obstrução e endurecimento dos vasos sanguíneos, aumentando o risco de doença coronariana e AVC”, destaca o médico.
A falta de sono adequado pode levar ao aumento do estresse oxidativo no organismo. “O estresse oxidativo está associado à inflamação crônica, danos nas células e tecidos e pode contribuir para o desenvolvimento de doenças cardíacas”, enfatiza.
Dormir bem desempenha um papel muito importante para a saúde do coração. A relação entre a qualidade do sono e o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares tem sido destacada em diversos aspectos.
Durante o sono, o corpo realiza processos de reparação e regulação que são essenciais para a saúde do coração e dos vasos sanguíneos reduzindo a frequência cardíaca e a pressão arterial, por exemplo.
Dr. Rafael Domiciano destaca que quando não temos uma noite de sono adequada e, principalmente, quando a falta de sono adequado é recorrente, há uma desregulação dos fatores de risco cardiovasculares como:
– Hipertensão;
– Dislipidemia (colesterol alto);
– Obesidade.
“Esses fatores impactam diretamente na saúde cardiovascular; considerando que as doenças cardiovasculares são as principais causas de morte no Brasil e no mundo, a qualidade do sono é um tema que se torna extremamente importante”, enfatiza o médico.
A duração e a qualidade do sono são fatores igualmente importantes. Mesmo que alguém durma uma quantidade adequada de horas, se o sono for interrompido, fragmentado ou de má qualidade, ainda pode haver impacto na regulação dos fatores de risco cardiovasculares.
O sono adequado e de qualidade oferece uma série de benefícios para o coração. Apesar de dormir mal estar se tornando um problema cada vez mais frequente, a boa noite de sono pode trazer benefícios como:
1 – Reduz o risco de doenças cardiovasculares: a boa noite de sono contribui para o controle dos fatores de risco das doenças que afetam o coração.
2 – Melhora o peso corporal: dormindo bem é possível atingir o controle do apetite e a regulação hormonal, que garantem que o indivíduo não sofra com ganho de peso e com as doenças decorrentes disso.
3 – Ajuda no controle da pressão arterial: garantindo um sono ideal o paciente contribui para o descanso do sistema cardiovascular e controle hormonal, que ajudam no controle da pressão arterial.
4 – Fortalece o sistema imune: por meio do sono regular é possível também alcançar a regulação hormonal de modo que o sistema imune esteja devidamente fortalecido.
5 – Repara e cura células, tecidos e vasos sanguíneos: o sono de qualidade ajuda também na reparação e cura das células, uma vez que em repouso dos sistemas orgânicos se alcança também a regulação hormonal.
6 – Diminui o risco de doenças crônicas como o diabetes: dormir bem auxilia no controle do apetite, na regulação hormonal, na redução obesidade e auxilia para a disposição, para a prática de atividade física influenciando, assim, na diminuição dos riscos de desenvolvimento de doenças crônicas.
Melhorar a rotina do sono pode fazer uma grande diferença na qualidade do seu descanso e na sua saúde geral. Dr. Rafael Domiciano aponta algumas dicas para ajudá-lo:
“É importante ter uma rotina de sono com horários bem estabelecidos para dormir e acordar, desta forma nosso corpo cria o hábito de se preparar para o sono”, descreve.
O especialista afirma que no escuro há uma maior liberação de melatonina (hormônio do sono). Ele orienta que o uso de telas e aparelhos eletrônicos sejam evitados pois esses tipos de estímulos mantêm os sistemas em alerta, causando dificuldade de iniciar o sono. “Opte por estímulos relaxantes como ler um bom livro ou ouvir uma música calma”, orienta.
O médico alerta que o consumo de cafeína, energéticos e nicotina pode trazer dificuldade para dormir.
“Pessoas com uma dieta saudável e que praticam atividade física com frequência tendem a dormir melhor, visto que o organismo se encontra equilibrado e com suas funções otimizadas”, afirma o médico.
Cada pessoa é única, portanto, é importante experimentar e descobrir quais estratégias funcionam melhor para você. Se os problemas de sono persistirem, é necessário buscar a orientação de um profissional de saúde para uma avaliação mais aprofundada, inclusive para preservar a saúde cardiovascular.
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