Fevereiro é o mês de atenção à prevenção ao câncer hematológico

Os cânceres hematológicos são doenças que surgem da transformação maligna de progenitores situados na medula óssea (tecido no interior dos ósseos e responsável pela formação do sangue) ou no sistema linfoide (que inclui os linfonodos, baço e agregados linfoides existentes no trato digestivo ou respiratório). As células desses sistemas circulam pelo organismo através do sangue e da linfa principalmente, e por isso ao contrário do câncer de mama, intestino e pulmão, não utilizamos o termo metástase para a maioria dos cânceres hematológicos.

É na medula óssea que são produzidas as células de sangue, como os glóbulos brancos (combate infecções), os glóbulos vermelhos (oxigenação do organismo) e as plaquetas (coagulação do sangue). Já o sistema imunológico é responsável pela defesa do organismo.

As leucemias compreendem um conjunto de cânceres hematológicos. Elas podem ser agudas (onde as células da leucemia são muito imaturas e disfuncionais) ou crônicas (onde as células são mais maduras e conseguem exercer parte das funções normais). Além disso, tantos as leucemias agudas como as crônicas podem ser subdivididas em mieloides ou linfoides de acordo com o tipo de célula de origem. A Leucemia mieloide aguda tem frequência que aumenta com a idade, sendo a idade mediana ao diagnóstico maior que 60 anos. A leucemia linfoide aguda é o câncer mais comum da infância e tem um pico entre 2 e 6 anos de idade. Poucos fatores ambientais foram associados como de risco para as leucemias, entre eles a radiação, a exposição a alguns derivados do petróleo e o tabagismo. Infelizmente, não sabemos como evitar a doença. Apesar disso, alguns estudos indicam a ligação entre o tabagismo e a leucemia mieloide aguda, o que significa que, se manter longe dos cigarros, é uma excelente medida para manter a saúde em dia.

Os sintomas mais comuns das leucemias agudas são: cansaço excessivo, aumento dos gânglios, infecções recorrentes, hematomas e sangramentos sem explicação. Já as leucemias crônicas apresentam poucos sintomas, geralmente apresentam aumento dos gânglios, surgimento de massas ou desconforto no abdome, febre ou emagrecimento sem causas identificáveis.

Linfoma é o termo utilizado para abranger os cânceres que têm origem no sistema linfático, podendo também acometer a medula óssea. Seus subtipos principais são o linfoma de Hodgkin e o linfoma não Hodgkin.. Esse tipo de câncer costuma apresentar sintomas como: aumento de gânglios linfáticos (que permanecem assim durante algum tempo), perda de peso excessiva, sudorese noturna e febre persistente. Assim, é importante procurar o médico para investigar aumento de gânglios superiores a 1 – 1,5 cm que não têm causa aparente e persistem por mais de 6 semanas.

Assim como a leucemia, o mieloma também tem origem nos glóbulos brancos, porém a célula transformada são os precursores dos plasmócitos, os quais são responsáveis pela produção de anticorpos nos indivíduos saudáveis. Quando sintomático os sintomas mais comuns são as dores ósseas acompanhada de fragilidade, anemia, disfunção da função renal e aumento dos níveis de cálcio no sangue . A anemia manifesta-se por cansaço, fraqueza, palidez e falta de ar aos esforços. Além disso, infecções, fraturas, urina excessivamente espumosa (refletindo a perda de proteínas na urina) também são comuns em indivíduos que têm mieloma. Uma série de exames pode ser realizada para chegar ao diagnóstico da doença, como exames de sangue específicos e de urina, além de dosagem de cálcio e avaliação da função renal. É importante apontar que a doença se desenvolve em etapas, e que as etapas iniciais muitas vezes são diagnosticadas a partir de exames de rotina. O tratamento do mieloma vai depender do estado geral do paciente. Quimioterapia, radioterapia e transplante de células-tronco hematopoiéticas são algumas opções.

A campanha Fevereiro Laranja surge, então, como uma forma de alerta sobre os sinais e os sintomas dessas doenças. Quando precocemente diagnosticados, os cânceres hematológicos possuem maiores chances de cura. Por isso, é importante dar atenção ao seu corpo e ter acompanhamento médico de rotina.  Além disso, auxilia na conscientização da população sobre a importância da doação de medula óssea, uma alternativa importante para vários pacientes com câncer hematológico.

Fevereiro laranja Oncologia D’Or: O futuro está no cuidado. No cuidado com você!

Escrito pelo Dr. Eduardo Magalhães Rego

Onco-Hematologista – Coordenador da Hematologia da Oncologia D’Or – CRM 63577